terça-feira, 27 de março de 2012

MONSTRA em Português

O Festival de Animação de Lisboa - MONSTRA acabou Domingo e, apesar de já ter escrito sobre ele no Espalha-Factos, não queria deixar de fazer uma análise mais pormenorizada às curtas portuguesas em competição pelo Prémio SPA | Vasco Granja.

Os Milionários, de Mário Gajo de Carvalho
Já tinha tido a oportunidade de ver esta curta no IndieLisboa 2011, e gostei mais dela nesta segunda visualização. O ambiente mais "negro" de Os Milionários (e que explica a sua presença na competição portuguesa do MOTELx 2011) fez deste um dos filmes portugueses que mais se destacou, para mim, no MONSTRA. A música perturbadora que acompanha toda a curta encaixa na perfeição no meio desta história cíclica, com um argumento que nos deixará presos aos ecrã durante os seus mais de 14 minutos de duração. Tudo gira em volta de uma mala de dinheiro e da ganância daqueles cinco personagens que, ao longo de Os Milionários, vão sendo os seus donos.
8/10

Noall & Curios in Torchdog, de Rik Goddard
Para um público mais novo, Noall & Curios in Torchdog apresenta-se como uma divertida proposta. Cheia de cor e com dois simpáticos protagonistas, e tendo por base a frase de Einstein "A imaginação é mais importante do que o conhecimento", esta curta-metragem gira em torno de uma lanterna (ou será que é um cão?), que é entendida de forma diferente para Noall e para Curios.
6.5/10

Bruxas, de Francisco Lança
Bruxas foi, a meu ver, uma das desilusões desta competição. Uma história de aventuras claramente dirigida aos mais novos, mas com uma narrativa um tanto complexa, não pela dificuldade de "apanhar" a mensagem, mas pela quantidade de acontecimentos que têm lugar. Outro ponto negativo é a narração que é feita ao longo de toda a curta, por vezes desnecessária e que tira muita dinâmica ao filme. Bruxas conta a história de um rapaz que, sedento de aventuras, embarca às escondidas numa caravela.
5/10

Ginjas episódio 14, de Zepe, Humberto Santana
Da série infantil Ginjas, foi-nos apresentado o divertido episódio 14, onde as atenções se focam numa máquina fotográfica e na dificuldade que o seu protagonista tem para conseguir tirar uma fotografia.
6.5/10

My Music, de Tiago Albuquerque, João Braz
Lisboa, mais exactamente o Terreiro do Paço, surge-nos logo nas primeiras imagens de My Music, onde o protagonista se vê com muita dificuldade em encontrar um local silencioso onde possa ouvir a sua música, numa cidade bela mas barulhenta. A imaginação não falta nesta curta-metragem, que parece ter muito para dar inicialmente, mas que se perde no seu decorrer.
7/10

O Sapateiro, de David Doutel, Vasco Sá
O vencedor do Prémio SPA | Vasco Granja foi o mais que merecido O Sapateiro. Com uma animação muito interessante, e sempre em tons de castanho, é-nos mostrado um importante dia na vida de um sapateiro. Com uma profissão em vias de extinção, o protagonista poucos clientes tem, e vive numa visível tristeza. Até que, ao tropeçar em memórias do passado, parece descobrir um novo rumo para a sua vida. Nos momentos em que recupera os momentos passados, a imagem, sempre em tons escuros, aclara, sendo como um sinónimo de felicidade. Um filme emotivo, onde o passado, o presente e o futuro de um homem se misturam.
9/10

Quem é este Chapéu?, de Joana Toste
A partir de um chapéu perdido, Quem é este Chapéu? pretende desconstruir as várias "pessoas" escondidas por detrás de quem o encontra, as diferentes "caras" que assumimos consoante a situação em que estamos. Uma história curiosa, para todas as idades.
7/10

Mulher Sombra, de Joana Imaginário
A original Mulher Sombra conta-nos a história de uma mulher a quem o vento lançou um feitiço. Esta curta-metragem junta animação e imagem real, à qual a primeira se sobrepõe.
7/10

O Dilúvio, de André Ruivo
Com uma animação muito simples, O Dilúvio traz igualmente um argumento simples e pouco entusiasmante.
5/10

A Independência de Espírito, de Marta Monteiro
Uma boa surpresa foi o vencedor do prémio do público, A Independência de Espírito. A história de uma mulher que, farta dos seus amigos que apenas lhe telefonam com conversas fúteis, dá por si, certo dia, a falar com as suas plantas. E é através da sua vizinha do lado, que fala com tachos, que vai perceber a razão para esta atitude, quase involuntária.
8/10

Sem Querer?, de João Fazenda
Mais um dos meus favoritos da competição, em Sem Querer? tudo começa a partir de um postal. Há recordações que são reavivadas através dele, que representa um quadro que marcou várias fases da vida da protagonista desta curta-metragem. Desde que o postal chega, ela passa a ir todos os dias ao museu, contemplar a pintura, até ao dia em que algo acontece. Cor e imaginação é o que não falta a esta curta-metragem portuguesa.
8.5/10

2 comentários:

Sam disse...

De todas as curtas aqui analisadas, apenhas conheço a Sem Querer?, e recordo-me de ter gostado bastante quando a vi numa mostra de animação em Ponta Delgada.

Fiquei particularmente curioso em relação Os Milionários, My Music e O Sapateiro.

Parabéns pelo post, é revigorante, para a blogosfera, a existência de destaque a curtas-metragens :)

Cumps cinéfilos.

Inês Moreira Santos disse...

Aconselho vivamente o visionamento. Também gostei imenso da Sem Querer?. :)

Muito obrigada, Sam.
Cumprimentos cinéfilos,

Inês