sexta-feira, 13 de abril de 2012

Crítica: The Hunger Games - Os Jogos da Fome (2012)

"Katniss Everdeen, the girl on fire! "

Jovens e crianças dispostos a tudo para sobreviver perante um mundo que se regala com as suas mortes. The Hunger Games - Os Jogos da Fome chegou aos cinemas para voltar a dar dignidade aos filmes baseados em livros de grande sucesso, que reúnem milhões de fãs por todo o mundo. Quando se trata de adaptações de grandes bestsellers mundiais ao cinema, prefiro sempre ler o livro antes de ver o filme, mas como muitas vezes tal não é possível, fui (finalmente) assistir a The Hunger Games - Os Jogos da Fome, desconhecendo tudo para além do trailer e sinopse. O filme de Gary Ross é, antes de mais, um filme para os fãs dos livros de Suzanne Collins, cuja qualidade, contudo, consegue também conquistar o mais leigo sobre a trilogia.

Que fiquem bem longe as comparações à saga Twilight, por favor. The Hunger Games está léguas à sua frente. Uma história contada de forma envolvente, com uma protagonista apaixonante. Num futuro não muito distante, secas, guerras, fogos e fome, transformaram os Estados Unidos da América numa nova nação: Panem - dividido em 12 distritos, onde o totalitarismo do seu governo domina. Depois de uma guerra fracassada dos distritos contra o Capitólio, um 13º foi exterminado, e os restantes renderam-se. Para relembrar esses tempos e para entretenimento da população, todos os anos são organizados os Jogos da Fome, onde cada distrito é obrigado a enviar dois jovens entre os 12 e os 18 anos para combater até à morte - 23 terão de morrer para, apenas um, se sagrar vencedor. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) tem 16 anos e tornou-se no único sustento da família, depois da morte do pai. Quando a sua irmã de 12 anos, Primrose (Willow Shields), é seleccionada para os jogos pelo 12º distrito, Katniss voluntaria-se para ir no seu lugar. Ela terá agora de lutar pela vida, para poder voltar para a sua família.
O primeiro livro da trilogia proporcionou uma excelente premissa para este filme. A história violenta e, ao mesmo tempo, cheia de magia, apresenta-nos um mundo que nos é estranho, mas em que entramos cheios de curiosidade e, por que não dizer, receio. Para quem não leu o livro, há momentos que poderão ser difíceis de compreender ou parecer totalmente inverosímeis. O próprio surgimento dos Jogos da Fome, advindo da guerra que aconteceu, fica um pouco mal explicado. Toda a fantasia que percorre o filme pode também ser mal interpretada pelos espectadores que possam não se conseguir inserir no ambiente de The Hunger Games por desconhecimento da história. E o truque é esse: assistir a este filme de espírito aberto, entrando naquele mundo como um visitante curioso. É importante tentar compreender-lo, os seus excessos e exageros, o fanatismo e o objectivo (muito pouco claro) do jogo, e tudo fará sentido neste local onde a fantasia impera. 

O "abuso" pela parte do Capitólio, com as suas excentricidades e manias, que vibra com os Jogos da Fome, encarando-os como uma espécie de Big Brother para a morte, com os 24 tributos a entrar numa floresta para lutar pela sobrevivência, e onde estão, constantemente, a ser filmados e vistos nos ecrãs do Capitólio e dos 12 distritos; bem como as diferenças entre eles e, mais ainda, a pobreza extrema que se vive na sua maioria ao lado do esbanjamento e luxo do Capitólio são questões que nos fazem reflectir.

O mesmo no que respeita às personagens, onde encontramos adolescentes capazes de matar, sem qualquer dó, e outros que prezam a lealdade acima de tudo. A violência está no centro de The Hunger Games - Os Jogos da Fome, onde encontramos nessas crianças e jovens sede de violência. Esta não é tão explícita como talvez eu gostasse, mas resulta muito bem, deixando qualquer um arrepiado. Uma mensagem "anti-violência" está muito presente, onde os valores se colocam acima de qualquer coisa. Para passar essa ideia, muito contribui a protagonista Katniss Everdeen desde o início construída para ser a heroína da história, começando por se voluntariar como tributo num jogo para a morte, tudo para salvaguardar a sua irmã. A sua destreza, coragem e garra não deixam ninguém indiferente, e as mudanças a que se vê obrigada a sofrer para agradar e se tornar uma das favoritas da competição tornam-na ainda mais interessante. Tudo para tentar sair viva daquele jogo, cumprindo a promessa que fez à pequena Primrose.
O elenco, na sua maioria muito jovem, não desilude, com óbvio destaque para Jennifer Lawrence, como Katniss Everdeen, que prova mais uma vez, depois de Despojos de Inverno, a excelente actriz que é. Destaque ainda para Amandla Stenbergque, que interpreta a pequena e doce Rhu; para o mentor do distrito 12, Haymitch Abernathy, muito bem representado por Woody Harrelson; e para a participação do músico Lenny Kravitz no papel de Cinna. Wes Bentley como Seneca CraneDonald Sutherland na pele do President Snow, têm também boas prestações e muito contribuem para todo o entendimento da história, o primeiro, apesar de duro, é condescendente, ao contrário do segundo, implacável.

Nada deixa a desejar em termos técnicos, com uma câmara que nunca está estática. Sentimos o movimento e  acompanhamos as personagens pelo meio da floresta ou das multidões, como se estivéssemos ao seu lado. A direcção de fotografia faz também um excelente trabalho e os efeitos especiais são muito interessantes. A própria banda sonora é muito adequada e confere um ambiente ainda mais envolvente a estes jogos.

Apesar de, em muitos momentos, ser previsível, The Hunger Games - Os Jogos da Fome é muito original, e é principalmente uma lufada de ar fresco entre os filmes do género, revelando grande superioridade sobre muitos deles. Desta vez, a legião de fãs à sua volta é justificada pela inegável qualidade a que se assiste.
*8/10*

3 comentários:

Sam disse...

É um filme cujo interesse pessoal tem crescido ao longo das últimas semanas. A tua crítica ainda o fez aumentar mais :)

Tentarei ver o mais depressa possível.

Parabéns pelo texto!

Cumps cinéfilos.

mi mendes disse...

Grande filme e grande saga.Que venham os proximos.

Inês Moreira Santos disse...

Sam: Acredito que vás gostar, nem que seja pela Jennifer. :P

Milton: Espero que os próximos sejam tão bons como este.

Obrigada pelos comentários,
Cumprimentos cinéfilos.