segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crítica: Prometheus (2012)

"Big things have small beginnings" 
David
"How far would you go to get your answers? "
David  

A expectativa para Prometheus, o filme que surge como prequela do tão aclamado Alien - O 8.º Passageiro, era muito elevada. Ridley Scott prometia muito, e ninguém poderia esperar menos que isso do cineasta. A excelente campanha de marketing pôs toda a gente a falar do filme e, após a estreia, as opiniões têm sido as mais diversas. Certo é que o realizador se muniu de um elenco com nomes com provas dadas e apresenta-nos um Prometheus visualmente assombroso. Peca pelo argumento, que merecia muito maior atenção e parece ter sido deixado para último plano.

Corre o ano de 2093 e após as recentes descobertas de um casal de arqueólogos, Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) e Elizabeth Shaw (Noomi Rapace), uma expedição espacial parte em busca do maior de todos os segredos, onde se acredita estar a resposta para a origem do ser humano. Todavia, a perseverança e sobrevivência da tripulação fica em risco quando confrontada com um pesadelo como a humanidade nunca viu.

Há quem não queira classificar o novo filme de Ridley Scott como prequela mas as semelhanças estão lá e há clara relação entre os dois filmes. Em termos temporais tudo bate certo. Prometheus passa-se em 2093, alguns anos antes de Alien - O 8.º Passageiro; temos uma vez mais uma protagonista feminina cheia de power e um robô a bordo; a nave Nostromos de Alien viaja até um planeta distante em resposta a um pedido de ajuda, deparando-se com o ser que dá nome ao filme, e Prometheus faz-nos crer que o local é comum aos dois filmes; há também momentos que se assemelham bastante em ambos, como, perto do fim, o momento em que Elisabeth regressa à nave e descobre não estar sozinha, tal como acontece no final de Alien com Ripley, e observam-se ainda objectos comuns a Prometheus e Alien.


Visualmente não há nada de negativo a apontar a Prometheus. Os planos, os cenários, a fotografia, os efeitos especiais... tudo se revela excelente, mesmo sem o 3D (que não posso avaliar pois a versão que vi foi em 2D). É no argumento que estão as grandes falhas desta prequela. Há muitas pontas soltas, porquês que não são respondidos e ficam perdidos literalmente no espaço. Há uma (ou duas) boa razão para fazer a expedição espacial de Prometheus - a descoberta dos arqueólogos (ou o verdadeiro motivo de Peter Weyland) - é certo. Contudo, há acontecimentos não justificados, momentos da acção que se perdem no filme e aos quais simplesmente não se regressa. Se houver uma sequela (o final de Prometheus leva-nos a aumentar essa possibilidade), talvez algumas dessas questões sejam respondidas, mas nunca irá justificar as fraquezas deste argumento.

No elenco, quatro eram os nomes que se destacavam logo à partida: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron e Guy Pearce. É Fassbender quem se distancia de longe dos restantes actores e surge como a estrela do filme. Uma interpretação extraordinária do robô David que consegue transportar em si uma frieza e uma simpatia singulares, que se conjugam da forma mais perfeita, em conjunto com os tiques e manias que se descobrem na personagem ao longo do filme. Noomi Rapace tem um desempenho razoável como protagonista, a heroína desta trama, uma mulher cheia de garra e capaz de enfrentar todos os medos. A Charlize Theron calhou uma personagem pouco interessante, mas a actriz encarnou-a com a elegância que lhe é característica. Já o protagonista de Memento, Guy Pearce, surge irreconhecível como o idoso Peter Weyland, que apesar do pouco tempo de antena é um elemento importante na acção.


O tão esperado Prometheus surge assim como uma interessante prequela, que nos deixa sedentos por mais. A culpa por este filme não se revelar um marco na ficção científica deve-se exclusivamente à enorme despreocupação que se sente no que toca ao argumento, que deita muito a perder. A sugestão de uma continuação em que muitas questões possam ser esclarecidas faz nascer a esperança de um argumento ao nível do de Alien. Aí sim, tudo seria perfeito.

*7/10*

2 comentários:

Sam disse...

Subscrevo.

O visual do filme está irrepreensível, e é, de facto, uma pena que o argumento não seja tão robusto quanto a direcção artística.

Agora... é esperar pela sequela. Certo? :P

Cumps cinéfilos :*

Inês Moreira Santos disse...

Certo. E que se capriche no argumento para todos ficarmos contentes. :)
Obrigada pelo comentário, Sam.

Cumprimentos cinéfilos :*