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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Oscars 2013: Melhor Filme

Depois da reflexão sobre as interpretações dos nomeados a Melhor Actor e Melhor Actriz, passemos à grande categoria desta noite de 24 de Fevereiro. São nove as longas-metragens na corrida para o Oscar de Melhor Filme. Entre as que merecem totalmente o prémio e as que nem deveriam constar da lista de nomeados, a escolha é muito diversificada e não se fica pelas produções norte-americanas.

1. Django Libertado (Django Unchained)

O meu grande favorito está longe de ser o mais acarinhado pela Academia, mas conta, ainda assim com cinco nomeações (entre as quais Melhor Argumento Original ou Melhor Actor Secundário, categorias com grande possibilidade de triunfar). Django Libertado é o mais recente e sangrento filme do grande Quentin Tarantino, onde se contam homenagens ao cinema quase a cada fotograma. O elenco é de luxo e está recheado de boas interpretações - Waltz, Jackson, Foxx e DiCaprio não deixam ficar mal a nenhum momento -, a banda sonora é viciante e Tarantino é fiel a si mesmo. Polémico ou não, Django Libertado é o melhor entre os nomeados.


2. Amor (Amour)

Uma surpresa entre os nomeados, o filme austríaco, falado em francês, conquistou lugar entre os nove magníficos e reúne, ao todo cinco nomeações (Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Realizador, Melhor Actriz e Melhor Argumento Original são as outras quatro). Michael Haneke mostra uma vez mais como sabe contar uma história e comover-nos com o que há de mais real e mais doloroso. Amor é um filme marcante e pesado, que mexe com que há de mais profundo no ser humano. A história de Anne e Georges seria também merecedora do Oscar na principal categoria da noite, mas provavelmente levará apenas o de Melhor Filme Estrangeiro (e, quem sabe, o de Melhor Actriz Principal).


3. Bestas do Sul Selvagem (Beasts of the Southern Wild)

Mais um nomeado que me conquistou verdadeiramente. Bestas do Sul Selvagem tem quatro nomeações e, provavelmente, não conquistará nenhum prémio (apesar do de Melhor Argumento Adaptado lhe assentar tão bem). O filme do jovem realizador Benh Zeitlin transpira harmonia e significância, apelando à nossa reflexão, descoberta e imaginação enquanto espectadores. A protagonista Hushpuppy, brilhantemente interpretada por Quvenzhané Wallis, é a nossa guia nesta viagem à vida naquela comunidade esquecida que é a Banheira.


4. Lincoln

Steven Spielberg lidera as nomeações com o seu Lincoln, indicado para 12 categorias. O filme que se debruça sobre os últimos quatro meses de vida do Presidente norte-americano, tendo como foco toda a sua luta pela abolição da escravatura nos EUA, apesar do seu teor extremamente político, demonstrou ser muito para além disso. Envolvente, sempre construído de forma a chamar a atenção mesmo para o menos cativante dos diálogos, Lincoln quer chegar até ao que meno conhecer acerca da história norte-americana, e fá-lo sem tabus. Com um protagonista de peso - Daniel Day-Lewis - e secundários com grandes prestações - Tommy Lee Jones e Sally Field -, junta-se a Lincoln uma componente técnica marcada pela sua fotografia e banda sonora, tudo culminando num resultado muito positivo. Apesar da incerteza que paira este ano sobre quase todas as categorias dos Oscars, Lincoln não deve ganhar a de Melhor Filme, mas é, certamente, um dos favoritos na corrida.


5. 00:30 A Hora Negra (Zero Dark Thirty)

O filme de Kathryn Bigelow começou a Award Season como um dos grandes favoritos às estatuetas douradas mas foi perdendo fôlego ainda cedo. A realizadora ficou de fora dos nomeados na sua categoria apesar do excelente trabalho feito no seu 00:30 A Hora Negra, Jessica Chastain também perdeu o favoritismo para o prémio de Melhor Actriz, que recai agora sobre Jennifer Lawrence e Emmanuelle Riva, e , apesar das cinco nomeações, o filme sobre a captura de Bin Laden parece já ter poucas hipóteses de se sagrar vencedor na categoria principal. A história, contada sem tabus nem medos de exibir situações de tortura - e que tanta polémica levantou, por isso mesmo -, revela-se um bom filme de acção, e vale principalmente pela meia hora final, intensa e que quase coloca o espectador dentro da cena.


6. Argo

O grande favorito da noite é Argo, o filme de Ben Affleck sobre o resgate dos reféns norte-americanos do Irão, cujos pormenores estiveram em segredo de Estado durante muitos anos. Um filme que apresenta os EUA como heróis conquista, desde logo, a simpatia da Academia, e apesar desta ter esquecido Affleck na categoria de realização, certo é que Argo tem ganho todos os prémios que tinha para ganhar nas duas principais categorias (Melhor Filme e Realizador). Não sendo um filme excepcional, entretém q.b. e conta uma história verídica, o que o torna, desde logo, mais interessante. Também o facto de haver cinema no meio do original resgate, cativa ainda mais a atenção de um público mais cinéfilo.


7. Os Miseráveis (Les Misérables)

Depois de Discurso do Rei, Tom Hooper apostou num musical que se revelou demasiado para aquilo  que o realizador é capaz. Ainda assim a Academia gostou de Os Miseráveis, nomeando-o para oito categorias e, apesar de não ser favorito para Melhor Filme, surpresas podem sempre acontecer. Com um elenco recheado de nomes de peso, é Anne Hathaway que se destaca e merece o Oscar para Melhor Actriz Secundária, que lhe está quase garantido. Os Miseráveis peca pelos seus 158 minutos serem praticamente todos cantados, tornando-se exaustivo para a plateia, a menos que esta seja verdadeira fã de musicais.


[ex aequo] 7. A Vida de Pi (Life of Pi)

Com 11 nomeações está um dos que menos gostei de entre os nomeados para Melhor Filme. A Vida de Pi tem grandes possibilidades de vencer nas categorias técnicas e nunca se sabe se não conseguirá alcançar o prémio de Melhor Realizador ou Melhor Filme. Contudo, o tom demasiado artificial do filme de Ang Lee deita muito a perder, apesar do próprio argumento não ser minimamente cativante. Um filme espiritual e, apesar de tudo, visualmente grandioso - há que dar-lhe os louros pelas imagens que nos proporciona -, mas que está longe de merecer o grande prémio da noite.


9. Guia para um Final Feliz (Silver Linings Playbook)

Inesperado por figurar entre os nove escolhidos pela Academia é Guia para um Final Feliz, um longa-metragem que pouco mais é do que medíocre. Menos inesperado é quando nos lembramos dos dois nomes por detrás do filme, os produtores Bob e Harvey Weinstein que tanta influência detêm em Hollywood. Mais por estes motivos do que por mérito, o filme tem a possibilidade de conquistar alguns troféus, apesar da mediana realização, do argumento, que cai numa comédia romântica já tão vista, e das interpretações tão banais. Guia para um Final Feliz não tem, contudo, grandes possibilidades de ganhar o grande prémio da noite.

2 comentários:

O Narrador Subjectivo disse...

Eu como só vi 4 destes, infelizmente, vou estar a torcer pelo Django Unchained, que realmente achei muito superior ao Inglourious Basterds, aliás em alguns pontos deve ser o filme mais negro do Tarantino, e tem realmente interpretações impressionantes. Espero que, no mínimo, ganhe melhor actor secundário, categoria na qual o DiCaprio devia estar também nomeado.

Inês Moreira Santos disse...

Agora, depois dos Oscars, tens de corrigir essa tua falha e ver os 5 que faltam. :)

Cumprimentos cinéfilos.