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quinta-feira, 21 de março de 2013

Crítica: Um Caso Real / A Royal Affair (2012)

*7/10*

Um Caso Real é o título perfeito da longa-metragem de Nikolaj Arcel. Baseado na história verídica do rei Christian VII da Dinamarca e da sua mulher Caroline Mathilde, que se envolveu com o médico do marido, este foi um dos filmes nomeados para Melhor Filme Estrangeiro nos Oscars 2013. A realeza dinamarquesa e todos os seus pecados, carnais, políticos ou pessoais são postos a nu num drama de época envolvente.

Em 1766, na Dinamarca, Caroline Mathilde está casada com Christian VII, um rei louco e incapaz, que a ignora e opta por uma vida escandalosa. Por seu lado, a rainha habitua-se a uma vida tranquila numa Copenhaga repressiva. Quando o rei regressa de uma viagem pela Europa acompanhado de Struensee, o seu novo médico, a Caroline descobre um inesperado aliado no seu reino. A atracção que os dois sentem desenvolve-se devido aos ideais que ambos partilham, mas depressa evolui para um romance clandestino e apaixonado. Ligado aos ideais iluministas proibidos na Dinamarca, o médico convence o rei a dar uso ao seu poder até aí inexplorado para destituir a conservadora assembleia política e levar a cabo grandes mudanças na sociedade dinamarquesa. Mas as consequências não tardarão.

O argumento é cativante, especialmente para apreciadores de históricos, tendo por base não somente a história verídica do reinado de Christian VII, como igualmente o romance de Bodil Steensen-Leth, Prinsesse af blodet. Fiel aos acontecimentos que aconteceram na época, Um Caso Real dá-nos a conhecer esta monarquia repressiva e de censura que se vivia até Struensee entrar no reino, e todas as consequências dos seus actos.


Desde os distúrbios psíquicos do rei, à infelicidade e ideais iluministas da rainha, deslocados da sociedade dinamarquesa, até ao caso amoroso que ela mantém com o médico Struensee, em quem se revê e lhe oferece todo o carinho e dedicação que não encontra no marido, o filme é claro e construído de forma a atrair atenções da plateia. A componente política é bem explícita, mostrando um rei incapaz de fazer mais do que assinar por baixo as decisões tomadas pela assembleia, que o toma como tolo e desequilibrado. A entrada de Stuensee na vida de Christian VII vem provocar grandes alterações: na personalidade do rei, que ganha confiança e vê no médico um companheiro que o compreende – ao contrário de toda a corte -; e nas decisões tomadas, com o rei a ganhar pulso firme e oferecendo liberdades ao seu povo, que até então nunca seriam permitidas.

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