quinta-feira, 11 de abril de 2013

Crítica: Esquecido / Oblivion (2013)

"Is it possible to miss a place you've never been? To mourn a time you never lived?"

Jack Harper

*7.5/10*

Uma das mais aguardadas estreias de 2013 chega hoje aos cinemas, tendo-se mantido no maior sigilo até esta Quarta-feira, dia 10. Tom Cruise encabeça o elenco de Esquecido, o mais recente filme de Joseph Kosinski, que revela grandes momentos de entretenimento, um visual fascinante e suspense até ao último minuto.

Depois de TRON: O Legado, Joseph Kosinski entrega-se de novo à ficção científica em Esquecido, que é apenas a sua segunda longa-metragem, desta vez tendo como produtores os mesmos que Planeta dos Macacos: A Origem. Certo é que, uma vez mais, o resultado é surpreendente, com um argumento pouco original mas com o clímax perfeito e onde tudo o que acontece é completamente inesperado.

Passado no futuro, Esquecido revela um irreconhecível planeta Terra, onde um homem confrontado com o passado embarca numa viagem de redenção e descoberta enquanto luta por salvar a humanidade. Jack Harper (Tom Cruise) é um dos últimos reparadores de drones no planeta Terra. Faz parte de uma operação para extrair recursos vitais após décadas de guerra com uma terrífica ameaça extra-terrestre conhecida por Scavs. A missão de Jack está quase completa, mas a sua existência está prestes a desabar quando salva uma bonita estranha de uma nave espacial abatida.


Kosinski, juntamente com Karl Gajdusek e Michael Arndt, escreveram o argumento de Esquecido a partir da banda desenhada criada pelo próprio realizador e Arvid Nelson. Passado, presente e futuro - o nosso também entra em jogo - são o foco da questão, num ano 2077 com um planeta devastado após uma Guerra contra seres extra-terrestres, com consequências terríveis para a humanidade. Jack Harper, o protagonista, não se lembra de nada anterior à sua missão na Terra. No entanto, há sonhos que o incomodam constantemente e que lhe parecem muito reais.

A ideia não é nova, é verdade, mas toda a narrativa está construída de forma exemplar, cativando a atenção que não se irá desviar do ecrã. Vestimos a pele de Jack e acompanhamo-lo sabendo o mesmo que ele, que é muito pouco. Afinal, onde estão e quem são os verdadeiros inimigos e qual a origem dos seus sonhos ou memórias de alguém que não conhece? O suspense permanece e somos surpreendidos muitas vezes ao longo de Esquecido, que tem um twist muito forte. Nada é o que parece, isso é ponto assente.


A luta que Jack trava pela vida na Terra é favorecida por efeitos especiais excelentes, que simulam um quase inacreditável planeta onde o rasto de destruição é o que mais vinga. Há, contudo, uma conjunção perfeita de beleza e vazio que faz perceber por que vale a pena lutar. Por entre a destruição vislumbramos estruturas famosas como a Golden Gate Bridge, muito longe do que é actualmente, bem como locais "intocáveis", plenos de paz e tranquilidade, onde Jack se refugia quando pode. Os cenários são verdadeiramente deslumbrantes e realçados por uma realização muito competente de Kosinski, que prova uma vez mais - depois do excelente trabalho visual em TRON: O Legado -, a par do bom trabalho de fotografia do oscarizado Claudio Miranda (A Vida de Pi), como a ficção científica pode proporcionar tão belas imagens. A banda sonora - a cargo dos M83 e de Anthony Gonzalez - é viciante e enquadra-se no ambiente do filme, dando-lhe o ritmo perfeito.

As personagens são repletas de interesse e segredos. Jack Harper está no centro dos acontecimentos, e Tom Cruise tem um desempenho extremamente competente. Um herói rebelde, com um passado esquecido e uma paixão por desvendar, e com um amor incomensurável pelo planeta Terra, que sente como sua casa, capaz de tudo para preservar. Victoria, a rígida companheira de Harper nesta missão, interpretada medianamente  por Andrea Riseborough, partilha com o protagonista a ausência de memória e a sua presença é fundamental para Esquecido. Por seu lado, o despoletar de todas as dúvidas já latentes na mente de Harper é provocado pela chegada da bela Julia (Olga Kurylenko numa interessante prestação), que vem mudar o rumo da história. Sally (Melissa Leo) é uma personagem muito curiosa, é ela quem coordena a missão de Harper e Victoria, e conhecêmo-la apenas através de um monitor. Por último, não podemos esquecer Beech, o misterioso personagem de Morgan Freeman.


Esquecido vai, sem dúvida, conquistar os fãs de ficção científica, mas o seu leque de influência estender-se-á para lá desse segmento. O filme protagonizado por Tom Cruise é entusiasmante e uma forma de ver o planeta com outros olhos, no meio das reviravoltas que deixarão a plateia boquiaberta e presa ao ecrã até ao final - e que belo final.

8 comentários:

Anónimo disse...

Ok, estou convencido, irei ver o filme.

Inês Moreira Santos disse...

Espero que gostes. :)

Cumprimentos cinéfilos.

Sam disse...

Aprecio sempre quando a ficção-científica é cenário e género privilegiado para a interrogação acerca da condição humana.

Felizmente, este ESQUECIDO consegue proporcionar esse sentimento e algumas boas sequências de acção :)

Excelente texto!

Cumps cinéfilos :*

Inês Moreira Santos disse...

Toda a expectativa em redor de Oblivion valeu a pena, na minha opinião. Revelou-se uma muito boa surpresa.

Obrigada, Sam.
Cumprimentos cinéfilos :*

Kevin disse...

Qual é o nome daquele poema que ele lê no filme? ''E como pode um homem morrer se não pelas cinzas de seus parentes e pela irá de seus Deuses(...)''
Não é bem assim, escrevi como me lembro, sabem me dizer o nome do autor (É horácio???), o nome do poema ou a frase correta e completa? Não achei na internet procurando.

Unknown disse...

Tenho a frese tatuada. Acho ela muito significativa. Expressa em minha humilde opinião o que é a vida.
"Não pode um homem ter melhor morte que: Lutando contra o desconhecido
Pelas cinzas de seus pais e
Pelos templos de seus deuses"!
A Frase é de Horácio, do livro de Fustel de Coulanges, "A Cidade Antiga"

Unknown disse...

Tenho a frese tatuada. Acho ela muito significativa. Expressa em minha humilde opinião o que é a vida.
"Não pode um homem ter melhor morte que: Lutando contra o desconhecido
Pelas cinzas de seus pais e
Pelos templos de seus deuses"!
A Frase é de Horácio, do livro de Fustel de Coulanges, "A Cidade Antiga"

Unknown disse...

Não pode um homem ter melhor morte que: 
Lutando contra o desconhecido 
Pelas cinzas de seus pais e
Pelos templos de seus deuses!

Horácio