domingo, 20 de outubro de 2013

Crítica: Jovem e Bela / Jeune et Jolie (2013)

*7/10*

Jovem e Bela (Jeune et Jolie) é o novo filme de François Ozon que, depois do inteligente Dentro de Casa (2012), trouxe-nos um trabalho que apela mais aos sentidos. A longa-metragem será exibida este Domingo, a fechar a Festa do Cinema Francês, pelas 22h00 no Cinema São Jorge. O filme esteve na corrida pela Palma de Ouro, no último Festival de Cannes.

Conhecemos Isabelle, uma jovem de 17 anos, ao longo de quatro estações, acompanhada por quatro canções. Ela prostitui-se, mas sabemos que não é por falta de dinheiro. O que verdadeiramente a leva a entrar neste jogo perigoso é o que Ozon nos desafia a descobrir.

Longe da grandiosidade do seu último trabalho, em Jovem e Bela o realizador não traz uma história original. A sua abordagem é, contudo, interessante. Os motivos que levam Isabelle a prostituir-se não ficam claros até ao fim da longa-metragem e o espectador ficará a reflectir, ainda assim, sem conseguir encontrar respostas.

Isabelle é, percebemos desde o início, uma jovem provocadora, de poucas palavras. Há em si uma dificuldade em amar, em ligar-se a alguém - a pessoa mais próxima de si é o irmão mais novo, com a curiosidade típica da entrada na adolescência -, e daí parece advir esta decisão de receber dinheiro por sexo de pessoas desconhecidas. Ainda assim, a questão permanece: o que faz com que uma jovem a quem não falta nada se prostitua? Perto do final, a personagem de Charlotte Rampling - Alice - parece querer dar-nos uma possível resposta. Ainda assim, fica no ar a sensação de que algo nos escapou - ou Ozon preferiu guardar para si.


Jovem e Bela prima pela sensibilidade que traz consigo nas imagens que nos oferece. A nudez surge de forma suave, bem como as cenas de sexo, onde as cores suaves contrastam com as acções de uma jovem pouco comum. Por seu lado, a protagonista Marine Vacth tem um desempenho corajoso e competente. Ela encara sem pudor esta jovem prostituta, que parece não encontrar o seu lugar no mundo. E quando a sua "fantasia" desaba e acreditamos que tudo está a voltar à sua ordem - a sua mudança na festa dos colegas da escola é dos momentos mais curiosos do filme -, ela consegue voltar a surpreender-nos.

Com Jovem e BelaFrançois Ozon traz-nos uma obra com tanto de delicado como de brutal. A temática desafiante pedia, no entanto, uma maior consistência argumentativa - tal como a Jovem e Bela do título, o filme precisa de um melhor rumo.

2 comentários:

Marcelo Keiser disse...

Esse filme parece interessante. Em breve darei uma conferida. Parabéns pela resenha.

abraço

Inês Moreira Santos disse...

É um filme curioso. Aconselho a descoberta. :)

Obrigada pelo comentário, Marcelo.
Cumprimentos cinéfilos.