sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Crítica: A Propósito de Llewyn Davis / Inside Llewyn Davis (2013)

*9/10*

A música folk marca o regresso dos irmãos Coen. Os realizadores fazem-se acompanhar por um protagonista solitário, um felino rebelde e uma história envolvente, no ambiente sombrio de Greenwich Village, dos anos 60. O resultado é um embalo de sentimentos, nostálgico e avassalador.

A Propósito de Llewyn Davis acompanha uma semana da vida de um jovem cantor no ambiente da cena musical folk de Greenwich Village, em 1961. Llewyn Davis (Oscar Isaac) encontra-se falido, de guitarra ao ombro, à mercê do rigoroso Inverno de Nova Iorque. Luta para vencer enquanto músico, apesar dos obstáculos que tem de enfrentar e vive da boa vontade dos amigos. As desventuras de Llewyn levam-no a aceitar os poucos trabalhos como músico que vão aparecendo e a fazer viagens a Chicago e por toda a Nova Iorque, sempre incapaz de se afirmar enquanto artista a solo, chegando ao momento em que é obrigado a confrontar-se com a improbabilidade das suas acções.

A Propósito de Llewyn Davis inspira-se na vida do músico Dave van Ronk, influência para Bob Dylan e Joni Mitchell. Mas aqui é Llewyn Davis o protagonista, este homem solitário, mais um entre tantos cantores que querem emergir na cena folk norte-americana. Ele guia-nos por esta jornada de poucos dias, durante o Inverno de 61, de casa em casa, à boleia com desconhecidos, a tentar a sua sorte em Chicago ou a fazer pequenos trabalhos e tocar em bares.

Uma companhia inesperada cruza-se no seu caminho - um simpático gato - que conquista o seu espaço ao longo do filme. Que par tão inesperado: Llewyn Davis, de viola ao ombro e mala na mão com um gato ao colo, pelas ruas e em viagens de metro (que nos proporcionam belos planos). E até que ponto o protagonista não pode ser comparado a este felino, tão só, tão nómada e, ao mesmo tempo, cheio de personalidade?


As relações que estabelece são fugazes e parecem estar a desfazer-se aos poucos. Cada vez são menos aqueles que lhe dão tecto - e sofá - e é nos desconhecidos que se vê obrigado a confiar. Entre aventureiras viagens à boleia, Llewyn vai conhecendo novos personagens e, cada vez mais, percebe como está sozinho - mais ainda desde que deixou de tocar em dupla. Sem apoio, sem casa, sem trabalho, sem dinheiro, será que lhe resta esperança?

Lê a crítica completa no Espalha-Factos: "A Propósito de Llewyn Davis: Um homem, um gato e o folk".

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