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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Crítica: Golpada Americana / American Hustle (2013)

"Did you ever have to find a way to survive and you knew your choices were bad, but you had to survive?"
Irving Rosenfeld

*7.5/10*

Dinheiro, corrupção, mulheres bonitas e homens astutos são alguns dos ingredientes de Golpada Americana, um dos títulos mais nomeados para os Oscars 2014. Muito superior ao seu antecessor, o filme volta a mostrar que David O. Russell não vem sendo original, mas consegue essencialmente entreter, desta vez com melhor conteúdo e personagens. 

Baseado em acontecimentos reais, Golpada Americana reúne um elenco de luxo - como já vem sendo hábito na filmografia do realizador -, e lembra-nos, de quando em quando, trabalhos de outros cineastas. A longa-metragem debruça-se sobre o vigarista Irving Rosenfeld (Christian Bale), que se alia à sedutora Sydney Prosser (Amy Adams), e se vê  forçado a trabalhar para o agente Richie DiMaso (Bradley Cooper), do FBI, que os coloca no centro do perigoso mundo da máfia. No meio destes esquemas surge também o político Carmine Polito (Jeremy Renner), e, claro, Rosalyn (Jennifer Lawrence), a imprevisível mulher de Irving, que poderá pôr tudo a perder.

Golpada Americana é fundamentalmente um filme de actores. Amy Adams, Christian Bale, Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Jeremy RennerJack Huston são alguns dos nomes de peso que compõem o elenco e são o motor do filme de O. Russell. Aliás, o ponto mais positivo da longa-metragem é a fusão personagem-interpretação, com Amy Adams na pele de Sydney - ou devo dizer, Edith? - a liderar. Adams é fabulosa, sedutora e uma farsante de alta qualidade. Ela seduz e engana os dois homens fortes da longa-metragem, apesar do amor incondicional pelo seu parceiro de falcatruas. Ela ama, sofre, transforma-se. Ao seu lado está Bale, camaleónico, irreconhecível na pele deste vigarista gordo, careca e pouco atraente - quem adivinharia que é o Batman? -, mas que as mulheres disputam.


Do lado dos secundários, Jennifer Lawrence tem pouco protagonismo, mas o tempo em que a vemos no ecrã será, certamente, o mais divertido da longa-metragem. Rosalyn é desequilibrada, com hábitos e atitudes hilariantes, e dela nunca saberemos o que virá. A prestação da actriz não é extraordinária, mas é, certamente, a mais cómica, e em muito contribui para as voltas e reviravoltas da trama. Por seu lado, Cooper está numa personagem à sua imagem, não muito longe do que já fez antes. O agente do FBI é inteligente mas demonstra alguma ingenuidade, e tem explosões de fúria inesperadas. Jeremy Renner tem um desempenho curioso na pele do político corrupto mas dedicado à família, Carmine Polito - uma caricatura divertida e muito pouco realista, mas que proporciona bons momentos.

O argumento não carrega originalidade, e é, acima de tudo, entretenimento puro. Embrenham-se histórias de máfia e corrupção, sob um texto divertido, com algumas surpresas, e onde são facilmente reconhecidos alguns detalhes que nos lembram obras de Scorsese ou mesmo Coppola

Tecnicamente, o destaque vai especialmente para a direcção artística que faz um trabalho muito interessante, fazendo a audiência sentir-se realmente na New Jersey dos anos 70, aliando-se ao guarda-roupa e à banda sonora que nos embala e situa na época certa.

David O. Russell está longe de ser perfeito e Golpada Americana não é o melhor filme do ano. Contudo, poucas comédias sobre mafiosos - actualmente - nos divertem tanto e de uma forma tão leve como esta.

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