quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Queer Lisboa 18 apresenta programação e novidades

O 18º Queer Lisboa - Festival Internacional de Cinema Queer, realiza-se de 19 a 27 de Setembro no Cinema São Jorge e apresentou a sua programação completa esta Quarta-feira em conferência de imprensa. Esta edição ficará marcada por uma retrospectiva da primeira fase da obra de John Waters; um programa que junta pela primeira vez a filmografia completa do britânico Ron Peck; por um inédito de Derek Jarman exibido pela primeira vez fora do Reino Unido e que serve de pretexto a um olhar à sua obra e à forma como moldou a iconografia queer dos anos 80 e 90; por um programa dedicado ao Cinema Queer africano e por uma selecção dos filmes queer mais relevantes de 2013 e 2014.


A fazer as honras de abertura do festival estará Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Brasil), de Daniel Ribeiro,  e a encerrar, Flores Raras (Brasil), de Bruno Barreto. O Queer Lisboa 18 conta este ano com um total recorde de 135 filmes de 38 países diferentes. Esta edição fica também marcada pela chegada do festival ao Porto, este ano com a Retrospectiva de Waters, e a partir de 2015, com aquela que será a primeira edição do Queer Porto

2014 fica igualmente marcado pelo lançamento do livro Cinema e Cultura Queer, onde se traça um panorama do cinema queer internacional, através do que foi a programação do Queer Lisboa desde 1997, e onde se reúne um conjunto de ensaios que faz aquela que é a primeira abordagem exaustiva da história do cinema queer em Portugal.

Da última edição do Festival de Cannes, o Queer Lisboa 18 assegura a estreia nacional de alguns títulos como Party Girl (França), de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, galardoado com o Ensemble Prize e o Caméra d’or, que nos conta a história de uma empregada de bar de 60 anos, Angélique, que refaz a sua vida de forma surpreendente, num registo que joga com os limites entre ficção e documentário. Também estreado na secção Un Certain Regard em Cannes, Xenia (Grécia), de Panos H. Koutras, debruça-se sobre dois irmãos, imigrantes ilegais na Grécia actual, onde procuram um pai há muito perdido. Estes dois títulos competem para a melhor longa-metragem, a par de filmes como Something Must Break (Suécia), de Ester Martin Bergsmark – vencedor do Hivos Tiger Award este ano em Roterdão -, Los Tontos y Los Estupidos (Espanha), de Roberto Castón – que estreia este mês em San Sebastián –, ou Stand, (França) de Jonathan Taieb, que propõe um corajoso olhar à homofobia na Rússia. Bergsmark, Castón e Taieb estarão presentes em Lisboa para apresentarem os seus filmes.


Na Competição de Documentário, Julia (Alemanha, Lituânia), de J. Jackie Baier, Castanha (Brasil), de Davi Pretto, e Hello Stranger (Suíça), de Thomas Ammann são alguns dos títulos revelados que contarão também com a presença dos realizadores. Para a Competição de Curtas-Metragens, destacam-se Frei Luís de Sousa (Portugal), dos Silly Season e Kinéma, assim como Pride (Bulgária), de Pavel G. Vesnakov, Mondial 2010 (Líbano), de Roy Dib, e But You Are a Dog (Suécia), de Malin Erixon.

Nesta edição do Queer Lisboa, o júri é constituído pelo realizador Manuel Mozos, o programador do British Film Institute, Michael Blyth e a directora do Mix Copenhagen, Lene Thomsen Andino (na competição de longas-metragens); a programadora Ana Isabel Strindberg, o performer Miguel Bonneville e o ensaísta Martin P. Botha (na competição de documentários); o realizador André Godinho, a produtora Joana Ferreira e o jornalista britânico Ben Walters (na competição das curtas-metragens); Fernando Vendrell, Joana de Verona e o director do Curtas Vila do Conde, Nuno Rodrigues (na competição de filmes de escola europeus).

A secção Queer Art conta com 26 filmes. Destaque para a Retrospectiva de Ron Peck com os seis títulos da sua obra, dando-se a conhecer assim o cinema do realizador de Nighthawks (1978), um dos títulos pioneiros do cinema gay. Peck estará em Lisboa para apresentar esta sessão. O documentário Nan Goldin – I Remember Your Face (Alemanha), de Sabine Lidl, marcará também presença no Queer Art, assim como Before the Last Curtain Falls (Alemanha), de Thomas Wallner, documentário que acompanha o espectáculo Gardenia, do coreógrafo Alain Platel. Na ficção, destacam-se Stella Cadente (Espanha), de Luís Miñarro, um olhar ao breve reinado de Amadeo de Saboia na Espanha da segunda metade do século XIX.

O Queer Art cruza-se este ano com a secção Queer Pop, numa homenagem a Derek Jarman. No Queer Art é apresentado Will You Dance With Me? (Reino Unido), filme inédito de Jarman, que resulta de um conjunto de filmagens que o realizador fez em finais de 1970 num clube gay londrino e que deveriam fazer parte do filme Empire State (1987), de Ron Peck, também exibido este ano. No Queer Pop, oportunidade para ver os filmes de tournée e os telediscos que Jarman fez para os Pet Shop Boys, Marianne FaithfullThe Smiths, entre outros.

A biografia do realizador pornográfico gay mais icónico dos anos 70, falecido no passado mês de Junho, Peter de Rome: The Grandfather of Gay Porn, de Ethan Reid, marca outro dos grandes títulos do Queer Lisboa 18, juntamente com Mondo Homo: A Study of French Gay Porn in the 70s, de Hervé Joseph Lebrun, incluídos na secção Hard Nights.

Na Cinemateca Portuguesa, o programa Queer Focus on Africa sugere um olhar à forma como o cinema queer se tem vindo a desenvolver no continente africano, destacando títulos como Touki Bouki (Senegal), de Djibril Diop Mambéty ou Appunti per un’Orestiade Africana (Itália, Marrocos), de Pier Paolo Pasolini, e propondo uma série de debates, instalações e performances com artistas africanos convidados. De 20 a 27 de Setembro, a Cinemateca Portuguesa será igualmente palco de exposições da egípcia Amanda Kerdahi, e do franco-argelino Kader Attia.


O Queer Lisboa 18 tem este ano como mote uma expressão inspirada na Retrospectiva de John Waters, a ter lugar na Cinemateca Portuguesa entre 20 e 26 de Setembro e na Casa das Artes do Porto, nos dia 3 e 4 de Outubro. 18 Years of Filth será o slogan provocatório espalhado pelas cidades de Lisboa e do Porto, numa homenagem a um dos nomes maiores que contribuiu para definir o Cinema Queer. Entre outros, haverá a oportunidade de ver o clássico de Waters, Polyester (1981), com os famosos cartões Odorama, tendo desta forma a experiência completa proposta por este irreverente realizador.

Para mais informações sobre o Queer Lisboa 18 é só consultar aqui.

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