sexta-feira, 1 de maio de 2015

IndieLisboa'15: Os Olhos de André

*7.5/10*

Na Competição Portuguesa de Longas-metragens do IndieLisboa encontramos Os Olhos de André, de António Borges Correia. Um curioso trabalho que recria uma história verdadeira interpretada pelas pessoas que a viveram na realidade.

É na paisagem de Arcos de Valdevez que conhecemos António, pai de quatro rapazes, que vê o seu poder paternal posto em causa quando lhe retiram a custódia do filho mais novo, Francisco. É através dos olhos de André - o segundo mais velho dos quatro - que entendemos o sofrimento e a revolta:  aquilo que perdeu na sua família, o desejo de ver reconhecido o seu talento para o futebol e o que guarda para si das várias figuras familiares.


Os Olhos de André está repleto de simplicidade e, ao mesmo tempo, aproxima-nos da sua história e protagonistas como poucos conseguem. Esta fusão de realidade e ficção (ou melhor, esta realidade ficcionada) resulta num filme inocente, ingénuo, no melhor sentido das palavras, e cheio de carinho. O público não lhe ficará indiferente, irá indignar-se com as injustiças, partilhar da dor da ausência de Francisco e valorizar todos os esforços deste pai para proporcionar o melhor aos seus filhos.

André é o nosso guia, com quem nos refugiamos no campo, junto das suas flores; António é o nosso herói (e o de André), que acompanhamos na sua rotina diária. A vida desta família é-nos contada com uma timidez natural, onde o amadorismo das interpretações só joga a favor do produto final. O poder paternal, o amor entre irmãos, as relações na Internet, as zangas entre amigos, a rádio local, o futebol para os jovens, os adultos que querem concluir os estudos são muitos dos temas que nos são tão próximos aqui apresentados, no contexto rural deste município do norte do país.

Respiramos o ar puro das paisagens de Arcos de Valdevez e sentimos a tranquilidade, envolvemo-nos na história desta família e torcemos por eles, seguimos Os Olhos de André com verdadeiro interesse e admirando a simplicidade do trabalho, o seu maior ponto forte.

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