sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Crítica: Mad Max: Estrada da Fúria / Mad Max: Fury Road (2015)

"If I'm gonna die, I'm gonna die historic on the Fury Road!"

Nux
*8/10*

George Miller está aí para as curvas. Mad Max: Estrada da Fúria veio prová-lo. A relação que une o cineasta à personagem data de 1979, com Mel Gibson a encarnar o protagonista em Mad Max - As Motos da Morte. Daí em diante, surgiu uma saga conduzida por Miller, com outro filme em 1981, que culminou com o terceiro em 1985. Ora 30 anos depois, o herói regressou aos ecrãs pela mão do seu criador.

Tom Hardy é quem dá agora corpo a Max, mas a energia e o ambiente tresloucado criado por Miller em 1979 mantém-se, com uma modernidade avassaladora, que em nada faz esquecer as origens da saga.


Temporalmente, não há ligação entre o filme de 2015 e os anteriores (mas os fãs da saga vão encontrar algumas referências). Em Mad Max: Estrada da Fúria, Max acredita que a melhor forma de sobreviver é não depender de mais ninguém para além de si próprio. Ainda assim, acaba por se juntar a um grupo de rebeldes que atravessa a Wasteland numa máquina de guerra conduzida por uma Imperatriz de elite, Furiosa (Charlize Theron). Este bando está em fuga de uma cidadela tiranizada por Immortan Joe, a quem algo insubstituível foi roubado. Exasperado com a sua perda, o Senhor da Guerra reúne o seu gang e inicia uma perseguição aos rebeldes e uma feroz Guerra na Estrada.

Um cenário pós-apocalíptico australiano absorve-nos para um deserto onde não queremos viver: sem lei, uma terra infértil, onde reina a fome, a sede e a submissão a um vilão demoníaco. A história ganha ritmo com a fuga de um grupo de rebeldes - todas mulheres -, que se insurgem contra o temível ditador. No início da perseguição, Max junta-se a elas, e perde muito do protagonismo para a sua líder, Furiosa. Muitos apelidaram Mad Max: Estrada da Fúria de um filme feminista, devido ao grupo de "heroínas". Eu considero-o antes um filme anti-machista. Mulheres oprimidas querem apenas ser livres.

Mas Mad Max é, principalmente, técnico. A fantástica realização proporciona-nos um espectáculo visual assombroso, o som e a montagem dinâmica realçam a acção e o suspense na medida certa sem frenesim desnecessário, a caracterização é eficaz, quase a funcionar como uma forma simples de distinguir o lado bom do mau. Ao mesmo tempo, a opção de Miller pela fotografia repleta de cor e a direcção artística a proporcionar-nos imagens cheias de beleza no meio da decadência, num corajoso contraste, demonstram a sua forte faceta autoral.


Nas interpretações, Tom Hardy é o nosso herói solitário sem nada a perder que se junta a quem precisa da sua ajuda. Um Max mais comedido, mas com o mesmo sentido de justiça. Charlize Theron usa do seu lado mais obscuro ao vestir a pele de Furiosa e é quem mais se destaca, numa interpretação poderosa de uma mulher pronta para a guerra, cansada de ser subjugada. Ainda de realçar é a interpretação segura de Nicholas Hoult como Nux.

As cores fortes pintam a desolação deste mundo apocalíptico dominado por homens demoníacos. Mad Max regressou ao grande ecrã em grande forma e, desta vez, até é ofuscado pelo brilho das mulheres de armas que lutam pela dignidade dos seus. Uma surpresa cheia de acção, girl power, com George Miller ao comando a mostrar como, fiel ao original q.b., Mad Max também se sabe actualizar.

3 comentários:

Edu Aranha disse...

Achei que este filme não merecia a minha atenção... Mas depois de o ver fiquei absolutamente estupefacto!

Inês Moreira Santos disse...

Eu também fiquei muito surpreendida. Está fabuloso! :)

Os Filmes de Frederico Daniel disse...

Mad Max: Estrada da Fúria: 4*

O filme tem efeitos visuais bastante bons e competentes, mas peca por ser grande demais.
A falar em ligações entre os filmes, há imensas teorias espalhadas pela net.
Cumprimentos.