segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Crítica: A Luz Entre Oceanos / The Light Between Oceans (2016)

"She doesn't belong to us. We can't keep her."
Tom Sherbourne

*5/10*


Derek Cianfrance continua a trabalhar nos dramas familiares (depois dos mais recentes Blue Valentine e Como um Trovão), onde os laços são fortes e o amor entre pais e filhos é maior que tudo. Contudo, nunca havia caído no erro do melodrama sem fim, até A Luz Entre Oceanos.

O faroleiro Tom Sherbourne (Michael Fassbender) e a sua esposa Isabel (Alicia Vikander) formam um casal feliz que vive numa ilha ao largo da costa da Austrália, logo a seguir à Primeira Guerra Mundial. O maior desejo de Tom e Isabel é poderem trazer uma criança ao mundo, mas depois de Isabel abortar, perdem a esperança. Um dia, resgatam uma menina que encontram sozinha num barco a remos, à deriva. Decidem chamar-lhe Lucy e adoptá-la como sua filha. Depois de anos de felicidade, durante uma visita ao continente, Tom e Isabel encontram Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz), uma viúva que perdeu o marido e a filha no mar. Torna-se claro para Tom que Lucy é filha de Hannah e o grande dilema começa.


O argumento é simples, mas prolonga a história sem fim, onde desgraças não param de suceder. O drama familiar tem início e é apaziguado pela chegada desta bebé que veio do mar. Anos de felicidade sucedem, enquanto os três vivem isolados do mundo, na sua ilha, no seu farol. Ora que o regresso à civilização traz as incertezas e a estabilidade fraqueja. A partir daqui, o perigo espreita no continente e o porto seguro é a ilha de Tom e Isabel. Tom entra numa espiral de remorsos e o melodrama ganha proporções cada vez maiores, até ao final.

Derek Cianfrance tem sido, até agora, excelente ao criar filmes onde as famílias se vêem de algum modo destroçadas. Contudo, esta adaptação do romance de M.L. Stedman foi uma má opção do realizador. Os argumentos originais ficam-lhe melhor.

Nem o casting, encabeçado por Michael Fassbender e Alicia Vikander, consegue salvar A Luz Entre Oceanos do mediano. O casal tem muita química (não tivesse sido durante a rodagem deste filme que os dois actores se apaixonaram) e demonstram amor e sofrimento genuínos, mas o drama sem fim acaba por quase exigir um overacting, em especial de Vikander. Fassbender consegue ser mais contido e, provavelmente, ter a melhor interpretação do filme, na pele deste homem que, regressado do terror da guerra, encontra na profissão de faroleiro a melhor forma de fugir aos medos e encontrar a paz.


De destacar é a componente técnica, com um bom trabalho da direcção de fotografia e do guarda-roupa e direcção artística. As paisagens são filmadas com mestria e Cianfrance oferece-nos planos verdadeiramente belos.

A Luz Entre Oceanos não se encontra, contudo, apenas na beleza das paisagens. O realizador já fez muito melhor e, apesar de se manter fiel à temática que tem explorado - e bem - nos seus filmes anteriores, esta será uma obra para facilmente esquecer.

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