sexta-feira, 17 de março de 2017

Crítica: A Bela e o Monstro / Beauty and the Beast (2017)

"Think of the one thing that you've always wanted. See it in your mind's eye and feel it in your heart."
Monstro

*7/10*

Refazer, em imagem real, um clássico do cinema de animação pode levantar dúvidas quanto ao sucesso do produto final. O mais recente A Bela e o Monstro não traz grandes novidades, mas mantém o encanto de uma das mais belas histórias da Disney, com um elenco que lhe faz jus.

O arriscado desafio de Bill Condon constrói-se com um toque de actualidade, tirando partido das características mais marcantes dos seus protagonistas. O facto de se manter relativamente fiel ao original joga a seu favor, fazendo perdurar o encanto, a que junta algum humor bem conseguido. Ao mesmo tempo, o filme ganha identidade própria com pequenas alterações ao argumento que o tornam mais actual e nada infantilizado.

A Bela e o Monstro segue a história do clássico que adapta e apresenta-nos Bela (Emma Watson), uma jovem bonita e independente, que é aprisionada por um Monstro no seu castelo. Apesar dos seus receios, torna-se amiga dos empregados encantados e consegue, aos poucos, aproximar-se do Monstro, e conhecer o seu verdadeiro eu.


São muitos os efeitos especiais, mas também é imenso o talento da equipa que trabalhou para concretizar este musical. Há algumas novas letras, que mantêm o espírito Disney, há planos que nos fazem dançar com as personagens, há ironia, quebra de preconceitos, emancipação feminina e uma direcção artística fabulosa.

Se a Bela de 1991 era já uma jovem culta e muito diferente das outras da sua idade, Emma Watson veste-lhe tão bem a pele, quer pela sua postura doce, mas convicta, quer pela sua imediata associação à defesa dos direitos das mulheres. Mais ainda, as parecenças de Bela com Hermione Granger - que catapultou Watson para a fama - fazem-nos sentir à-vontade com a presença da actriz. Apaixonada por livros, por saber mais, destemida, com um certo dom de inventora, Emma Watson traz-nos uma protagonista mais madura e mostra-se à altura do desafio.


O restante elenco contribui para aumentar a magia desta nova versão de A Bela e o Monstro. Dan Stevens faz bem o que lhe compete: oferece-nos o príncipe superficial de antes do feitiço e um Monstro enraivecido, desesperado, infeliz, que vai começando a mostrar o seu sentido de humor e bondade à medida que conhece Bela. Luke Evans foi uma escolha certeira para interpretar o narcisista Gaston, e protagoniza das cenas mais divertidas ao lado do seu companheiro LeFou (Josh Gad a dar cartas) e Kevin Kline é o pai extremoso de Bela. Entre os empregados-objectos do palácio enfeitiçado, encontramos, em especial, Ewan McGregor, o candelabro; Ian McKellen, o relógio; e Emma Thompson, o bule; cuja personalidade forte os tornam fundamentais no decorrer da acção.

Os aspecto mais negativo do filme é, como de costume, o 3D, onde perdemos pormenor e os planos parte da beleza e encanto originais.


A Bela e o Monstro, de Bill Condon, é uma adaptação competente, mas não necessária, do clássico da Disney. O esforço e talento da equipa resultaram num filme mais actual, que mantém a magia, continuando a fazer-nos sonhar.

1 comentário:

Os Filmes de Frederico Daniel disse...

A Bela e o Monstro (2017): 5*

As músicas, o elenco e a magia presente cativaram-me e adorei a sua fidelidade ao enredo original.
O filme tem ainda referências às sagas Harry Potter pela presença de uma coruja, reparaste?
Cumprimentos, Frederico Daniel.