sábado, 5 de maio de 2018

IndieLisboa'18: As Horas de Luz / The Hours Of Light (2018)

*6/10*


No IndieLisboa'15, António Borges Correia conquistou vários prémios incluindo o de Melhor Longa-metragem Portuguesa com o seu filme Os Olhos de André. Três anos depois, o realizador regressa ao festival para apresentar a sua mais recente longa-metragem As Horas de Luz.

O filme retrata os problemas do envelhecimento e da doença. Maria da Luz (Paula Só) espera por uma operação às cataratas, que quase lhe tiraram a visão. Mas a sua dependência despertará nos vizinhos, e na filha distante, uma oportunidade de reatar laços perdidos. 

Não supera o filme anterior, mas mantém a mesma ambiência, um realismo comovente e personagens muito credíveis. Inspirado por uma inacreditável história real que aconteceu há cerca de 10 anos, onde a compaixão é o principal motor - e tanto se referiu esta palavra ao longo da sessão -, desta vez, a encabeçar o elenco estão actores profissionais (Paula Só, José Eduardo e Anabela Brígida), mas os amadores também lá continuam. O Presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, por exemplo, é uma personagem central na acção e interpreta-se a si mesmo (já não estando actualmente no cargo).


Por muito que o realizador não fuja a alguns clichés, explorando até à exaustão a falta de visão dos habitantes daquela cidade, As Horas de Luz surpreende-nos com pormenores tão simples quanto simbólicos. O pequeno Miguel e os seus grandes olhos verdes (desta vez não são Os Olhos de André) e ar angelical, é um mistério para todos, mas principalmente para a plateia. Ninguém sabe onde vive, quem são os seus pais, diz não ter amigos e anda sempre sozinho, apenas preocupado com os idosos que o rodeiam e de quem é, literalmente, um anjo da guarda. E esta ideia do anjo repete-se, sendo uma das singularidades do filme.

A cidade de Vila Real de Santo António é filmada com uma beleza que nos convida a visitá-la, desde a praia, às casas tradicionais, até às ruínas de uma antiga fábrica. António Borges Correia tira todo o potencial da sua luz, das suas paisagens, dando, mais uma vez, um enfoque muito especial à Natureza e seus elementos.

O realizador António Borges Correia apresentou As Horas de Luz no IndieLisboa

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