quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Crítica: Assim Nasce uma Estrela / A Star is Born (2018)

"Maybe its time to let the old ways die."
Jackson Maine


*7/10*

Eis o remake dos tempos modernos de um filme que já teve várias leituras ao longo da História do Cinema. Assim Nasce Uma Estrela chegou em 2018 numa versão realizada por Bradley Cooper, na sua estreia atrás das câmaras.

A nova visão do clássico não traz nada de muito novo, mas é um filme agradável, competente, onde as interpretações surpreendem. Muita música e um bom trabalho de som, ao mesmo tempo que os planos acompanham as emoções que se vivem em palco e fora dele.


Jackson Maine (Bradley Cooper) é um músico country consagrado, que descobre – e se apaixona – por Ally (Lady Gaga), empregada de mesa e cantora nas horas vagas. Ally tinha desistido de realizar o sonho de ser cantora até que Jack a ajuda a chegar aos grandes palcos e ao estrelato. Mas enquanto a carreira de Ally descola, o lado pessoal da relação de ambos começa a deteriorar-se, ao mesmo tempo que Jack luta contra os seus próprios fantasmas.

Assim Nasce Uma Estrela constrói-se em crescendo, tal como a relação dos protagonistas e atinge o seu máximo perto da metade, com Ally a brilhar. Depois, tal como Maine, a longa-metragem perde um pouco o fôlego.

A miúda simples torna-se uma estrela - qual Lady Gaga como Lady Gaga -, e o homem famoso sucumbe aos vícios e a mágoas do passado, tornando-se um artista decadente. A história é bem contada e filmada, com o par protagonista a contribuir em muito para isso. Parte do trabalho resulta por eles. 

Os temas são bem interpretados com Lady Gaga a dar um verdadeiro show como Ally - confesso que gosto mais da sua inicial versão country, mais genuína. Bradley Cooper, por seu lado, mostra que sabe cantar... e não só. Cooper é, sem dúvida, a grande Estrela do título.Afinal, ali há talento, e muito.


Nunca imaginei vê-lo num papel com a entrega e emoção que coloca em Jackson Maine. O actor (agora sim, podemos chamá-lo actor) transmite-nos o desespero e desencanto, o vazio que sente, a mágoa e tristeza. Ele sofre e faz-nos ter piedade da sua personagem, esquecendo, por vezes, que Lady Gaga também está no ecrã. Cria-se uma empatia imensa com Cooper que parece ter esperado muitos anos por uma personagem com esta força e carácter. É arrepiante vê-lo. E por muitas graças que se possam fazer acerca da sua personagem em A Ressaca, nada se compara a este alcoólico doente e sem forças, nem esperança.

Assim Nasce Uma Estrela é, ao contrário do que muitos dizem, Bradley Cooper. Surpreendente.

1 comentário:

Unknown disse...

O declínio de Jackson é tratado com sensibilidade, longe do melodrama excessivo da versão de 76, por exemplo, e Cooper mantém o ritmo ágil e seu desenrolar bastante autêntico. Eu amo os filmes de drama, também recomendo 15h 17 Trem para Paris filme, é um dos melhores do gênero de drama que estreou o ano passado. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Em HBO encontrei mais informação sobre o grande elenco do filme, quem fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente.