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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

LEFFEST'18: 25 Filmes a Não Perder

O Lisbon & Sintra Film Festival começa amanhã, dia 16 de Novembro e prolonga-se até dia 25, com muito cinema entre Lisboa e Sintra. O Hoje Vi(vi) um Filme não vai faltar e, para começar, dá-te algumas sugestões de filmes que não deves perder ao longo do evento.

Em Competição

L'HOMME FIDÈLE, de LOUIS GARREL
Marianne deixa o jornalista Abel por Paul, o melhor amigo deste, de quem está grávida. Oito anos mais tarde, Paul morre e Abel e Marianne voltam um para o outro. Contudo, esta nova relação vai desencadear ciúmes tanto no filho de Marianne, Joseph, como na irmã mais nova de Paul, Eva, a qual tem, desde jovem, uma paixão secreta por Abel.

TRANSIT, de CHRISTIAN PETZOLD
A história decorre em Marselha, numa amálgama de diversas décadas, inserida num imaginário histórico marcado pela ocupação alemã. Certos cidadãos do outro lado do Reno, como Georg, precisam de fugir do continente, de barco, para escapar ao regime. Na cidade de Marselha, Georg espera obter um visto e, como tantos outros, espera e vagueia sem propósito. O seu caminho vai cruzar-se com o de um escritor que cometeu suicídio e cuja identidade Georg assume.

VOX LUX, de BRADY CORBET
Durante um massacre numa escola, um rapaz problemático aparece numa aula de música, mata o professor à queima-roupa e dispara sobre os alunos adolescentes. Celeste, uma das alunas, recusa-se a ser intimidada e tenta, sem sucesso, chamar a atenção do rapaz, que acaba por a atingir no pescoço. Este incidente terá repercussões inesperadas. Em recuperação no hospital, Celeste dedica-se à música e, numa vigília pelas vítimas, canta uma pungente canção de sua autoria, que de imediato capta a atenção do país. Celeste é assim lançada no mundo do espectáculo aos 14 anos de idade.

Fora de Competição

AT ETERNITY'S GATE, de JULIAN SCHNABEL
O filme reúne cenas baseadas nas pinturas de Vincent Van Gogh (interpretado por Willem Dafoe), acontecimentos, rumores e histórias da sua vida, ou outras que são simplesmente inventadas. A arte dá-nos uma oportunidade de criar um corpo palpável que expressa uma razão de viver, se é que tal coisa existe. Apesar de toda a violência e tragédia associadas à vida de Van Gogh, ela era rica em magia, mantendo uma profunda ligação com a natureza e o maravilhamento da existência. O trabalho de Van Gogh parece ter transgredido a morte e encorajado outros a fazer o mesmo.

HIGH LIFE, de CLAIRE DENIS
Nos confins do espaço, muito além do nosso sistema solar, Monte (Robert Pattinson) e Willow, a sua filha pequena, vivem juntos a bordo de uma nave espacial, em isolamento total.  Monte, um homem solitário cuja severa auto-disciplina é uma protecção contra o desejo – o seu e o de outros –  tornou-se pai contra a sua vontade. O seu esperma foi usado para inseminar Boyse (Mia Goth), uma jovem que deu à luz Willow. Ambos eram membros de uma tripulação de prisioneiros: encarcerados espaciais, condenados à pena de morte. Usados como cobaias pela perversa Dra. Dibs (Juliette Binoche) são enviados numa missão ao buraco negro mais próximo da Terra.  Agora, somente Monte e Willow permanecem. Mas Monte não é o mesmo. Através da filha, e pela primeira vez, experimenta o nascimento de um amor avassalador. Pela sua parte, Willow cresce, tornando-se numa menina e depois numa jovem mulher. Juntos e sozinhos, pai e filha aproximam-se do seu destino final – o buraco negro onde o tempo e o espaço deixam de existir.

OS IRMÃOS SISTERS, de JACQUES AUDIARD
Dois irmãos, Charlie (Joaquin Phoenix) e Eli Sisters (John C. Reilly), vivem num mundo selvagem e hostil e têm sangue nas mãos: sangue de criminosos e inocentes. Não têm quaisquer escrúpulos em matar, é esse o seu trabalho. Charlie, o irmão mais novo, nasceu para matar. Eli, no entanto, sonha viver uma vida normal. São contratados para encontrar e matar um homem. Do Oregon à Califórnia, começa assim uma implacável caçada, uma jornada iniciática que testará o laço inquebrável entre os dois irmãos. Será este um percurso que os guiará para a sua humanidade?

ROMA, de ALFONSO CUARÓN
Uma história que narra a vida de uma família na Cidade do México no início da década de 70. O filme segue Cleo, uma jovem doméstica que trabalhava para uma família de classe média no bairro de Roma. Cuáron entrega uma carta de amor à mulher que o criou, inspirando-se na sua própria infância e desenhando um retrato emotivo da vida doméstica e da hierarquia pessoal social no seio do tumulto político desta década.

SHOPLIFTERS - UMA FAMÍLIA DE PEQUENOS LADRÕES, de HIROKAZU KOREEDA
Um homem de meia idade, Osamu, e um jovem rapaz, Shota, entram numa mercearia. Calmos e sem falarem um com o outro, trocam sinais através de olhares e gestos. Enquanto um distrai, o outro vai roubando produtos, acabando por sair da loja com um bom pecúlio. Pelo caminho, Osamu e Shota encontram uma menina ao frio e levam-na para a sua pobre mas feliz casa. Ainda que a mulher de Osamu não queira mais uma boca para alimentar, quaisquer planos para entregar a criança são descartados após a descoberta de marcas de abuso no seu corpo.

Retrospectiva João Botelho

A CORTE DO NORTE, de JOÃO BOTELHO
Esta é a história de Emília de Sousa (Ana Moreira), a melhor actriz do teatro português do final do século XIX, que desistiu da sua carreira para se tornar baronesa Madalena do Mar, na ilha da Madeira. A sua beleza igualava a de Sissi, a imperatriz da Áustria, com quem conviveu no Inverno de 1860-1861. Para seu entretenimento, Emília inventou um mistério que perdurou por quatro gerações. Rosamunde, sua descendente, tenta descobrir o segredo, o que leva a consequências trágicas. Baseado no romance de Agustina Bessa-Luís.

UM ADEUS PORTUGUÊS, de JOÃO BOTELHO
Alguns anos após a morte do seu filho, na guerra colonial, um casal de idosos que vive na província desloca-se pela primeira vez a Lisboa para encontrar a ex-nora, que, entretanto, procura refazer a sua vida. No meio da estranheza que lhes causa o ambiente citadino, o casal é confrontado com as memórias dolorosas do passado.

FILME DO DESASSOSSEGO, de JOÃO BOTELHO
Um quarto de uma casa na Rua dos Douradores. Um homem inventa sonhos e estabelece teorias sobre eles. A própria matéria dos sonhos torna-se física, palpável, visível. O próprio texto torna-se matéria na sua sonoridade musical. E, diante dos nossos olhos, essa música sentida nos ouvidos, no cérebro e no coração, espalha-se pela rua onde vive, pela cidade que ele ama acima de tudo e pelo mundo inteiro. Filme desassossegado sobre fragmentos de um livro infinito e armadilhado, de uma fulgurância quase demente mas de genial claridade. O momento solar de criação de Fernando Pessoa. A solidão absoluta e perfeita do EU, sideral e sem remédio.

Retrospectivas: Mike Leigh

SEGREDOS E MENTIRAS, de MIKE LEIGH
Após a morte da mãe adoptiva, Hortense, uma jovem negra de 27 anos, decide encontrar a sua mãe biológica. Quando finalmente se encontram, Hortense fica espantada ao descobrir que a mãe, Cynthia, é branca e tem uma filha de 20 anos. No início, Cynthia fica perturbada ao ver a filha que havia esquecido há muito tempo. Contudo, mais tarde, decide desenvolver um relacionamento profundo. Cynthia depara-se então com a tarefa de fazer a sua família aceitar o facto de ter uma filha negra...

VERA DRAKE, de MIKE LEIGH
Londres, ano 1950. Vera Drake (Imelda Staunton) vive com o marido e filhos, mas tem uma vida paralela que mantém em segredo e esconde de todos. Apesar de ser ilegal, Vera ajuda mulheres a interromperem gravidezes indesejadas. Tem sempre um sorriso e uma palavra de compreensão para estas mulheres, a quem ajuda sem qualquer tipo de remuneração. No entanto, um dos abortos corre mal e a respectiva investigação leva até Vera. A partir daí, a sua vida e a da sua família desabam.

Retrospectivas: Paul Schrader

NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO, de PAUL SCHRADER
O ex-capelão militar Toller (Ethan Hawke) está devastado pela perda do filho, que ele mesmo encorajou a alistar-se no exército. A sua fé é testada quando a jovem Mary (Amanda Seyfried) e o seu marido Michael (Philip Ettinger), um ambientalista radical, lhe pedem ajuda. Consumido pela ideia de que o mundo está prestes a ser destruído por grandes e implacáveis corporações, Toller decide levar a cabo um acto altamente arriscado, na esperança de conseguir redescobrir a sua fé. Ethan Hawke interpreta o atormentado reverendo Toller, reflectindo a imagem de um homem pronto para tudo, a fim de recuperar uma dimensão espiritual num mundo massacrado por interesses económicos.

Homenagens: Walter Salles

CENTRAL DO BRASIL, de WALTER SALLES
A viagem emocionante de uma ex-professora, Dora (Fernanda Montenegro), que escreve cartas para pessoas analfabetas, e um menino, cuja mãe acaba de morrer, em busca do pai que ele nunca conheceu. Dora aproveita-se dos que querem escrever cartas para as suas famílias e fica com o dinheiro sem nunca enviar os envelopes. Um dia, Josue, o filho de 9 anos de um dos seus clientes, é abandonado quando a sua mãe é morta num acidente de autocarro. Relutante, Dora junta-se ao rapaz numa viagem para encontrar o seu pai há muito desaparecido.

Homenagens: Mario Martone

TEATRO DI GUERRA, de MARIO MARTONE
1994. A guerra na ex-Jugoslávia decorre há três anos. Em Nápoles, um jovem actor chamado Leo ensaia uma peça que irá encenar num pequeno teatro de Sarajevo, dirigido por um encenador famoso antes da guerra. A trupe de Leo ensaia num minúsculo forte do quarteirão espanhol. A peça é Seven Against Thebes, sobre um cerco e uma guerra entre irmãos.

Homenagens: Darezhan Omirbayev

CHOUGA, de DAREZHAN OMIRBAYEV
Inspirado em Anna Karenina. Chouga vive em Astana, a nova capital do Cazaquistão. Aos 30 anos, é rica e amada pela família. Apaixona-se perdidamente por um outro homem, filho de uma família pobre. Levada pela paixão, abandona o marido e o filho para ficar com ele. Porém, o amor revela-se um logro e a paixão uma emboscada. Sem esperança de regresso, suicida-se.

Sessões Especiais
Wainting for Mr. Lynch

TWIN PEAKS: THE RETURN - EP.1&2, de DAVID LYNCH
Twin Peaks, também conhecido como Twin Peaks: The Return, é uma série dramática americana de terror e suspense, continuação da série do mesmo nome de 1990-91. Passados 25 anos desde os eventos da série original, a nova temporada segue vários enredos, muitos dos quais associados ao trabalho do agente especial Dale Cooper e da sua investigação do homicídio de Laura Palmer, rainha do baile do liceu de Twin Peaks, décadas antes.

PSYCHOGENIC FUGUE, de SANDRO MILLER
No filme do fotógrafo americano Sandro Miller, Psychogenic Fugue, o actor John Malkovich é retratado na pele das mais icónicas personagens da obra de David Lynch. Nas palavras de Sandro Miller, o filme desenvolve-se em torno do conceito de “disfunção dissociativa, em que uma pessoa se liberta da sua identidade para ganhar uma outra, uma nova vida”. Estabelece um paralelismo com o trabalho de actor, a adesão a uma nova identidade e o conceito de fuga como o momento em que a memória se anula e a identidade se liberta.

Sessões Especiais

CAMINHOS MAGNETYKOS, de EDGAR PÊRA
“O Dinheiro Não é Tudo” Raymond, 60 e poucos anos, parisiense, autor de filmes fotográficos e BDs de animação francês, veio para Portugal com o 25 Abril, apaixonou-se e ficou, onde reside há 40 anos. A sua actividade entrou em decadência e Raymond vive na dependência económica da sua mulher Gertrudes. Caminhos Magnéticos desenrola-se no dia do casamento da sua filha de 21 anos, Catarina, com Damião, um homem rico da sua idade. Em Lisboa, vive-se uma guerra civil. Raymond irá experienciar uma revolta interior e uma viagem caleidoscópica por uma cidade em vias de se desmoronar. Será também o colapso das suas convicções.

Ciclos Temáticos: Neoliberalismo - A Semente do Populismo e dos Novos Fascismos?

EU, DANIEL BLAKE, de KEN LOACH
Diagnosticado com um grave problema de coração, Daniel Blake, um viúvo de 59 anos, tem indicação médica para deixar de trabalhar. Mas quando tenta receber os benefícios do Estado que lhe concedam uma forma de subsistência, vê-se enredado numa burocracia injusta. Durante uma espera numa repartição da Segurança Social conhece Katie, uma mãe solteira com duas crianças, a precisar de ajuda urgente. Daniel e Katie, dois estranhos cujas voltas da vida os deixaram sem forma de sustento, vêem-se assim obrigados a aceitar ajuda do banco alimentar. E é no meio do desespero que se tornam a única esperança um do outro…

TEMPOS MODERNOS, de CHARLIE CHAPLIN
Nesta obra prima da comédia, encontramos o icónico Charlot a trabalhar numa fábrica com tecnologia de ponta, onde a maquinaria o domina totalmente, e onde sucessivos contratempos o fazem ir parar à prisão. Entre as suas estadias na prisão, conhece e torna-se amigo de uma rapariga órfã. Em conjunto e separadamente, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna, com Charlot a trabalhar como empregado de mesa, e eventualmente, como artista.

Ciclos Temáticos: O Desejo Chamado Utopia

A QUIMERA DO RISO, de PRESTON STURGES
Sullivan é um realizador de sucesso de filmes “fluff”. Bem-sucedido, mimado e ingénuo, com um coração de ouro, decide fazer um filme sobre os pobres e oprimidos. Para desgosto dos seus produtores, veste-se de vagabundo, esvazia os bolsos, e faz-se às ruas, em busca da pobreza em primeiro mão. Fica chocado com a realidade que encontra.

FRAGMENT OF AN EMPIRE, de FRIDRIKH ERMLER
Filimonov, o protagonista do filme, é um jovem que perdeu a memória durante a Primeira Guerra Mundial. Recuperando-a anos mais tarde, olha para o mundo de 1928 e para a nova sociedade soviética através dos olhos da era czarista de 1915. Nada corresponde à sua memória, incluindo o facto de São Petersburgo se chamar agora Leninegrado e se ter tornado uma cidade modernizada. Lembra-se também que tinha esposa e decide procurá-la. O filme é uma mistura vencedora de parábola política, sátira social e complexa psicologia, além de revelar uma exímia fotografia de exteriores.
Será exibida uma versão extensa e restaurada. A sessão será acompanhada por música ao vivo, a cargo de Rodrigo Amado Motion Trio. O restauro em causa é disponibilizado pelo San Francisco Silent Film Festival e pelo EYE Filmmuseum em parceria com a Gosfilmofond (Rússia). 

TORRE BELA, de THOMAS HARLAN
A ascensão e queda de um movimento cooperativo revolucionário foi estabelecida numa grande quinta privada do Ribatejo, em Portugal, de Março a Dezembro de 1975 (a maior parte das ocupações de terras ocorridas no Alentejo foram promovidas pelo partido comunista). Em discurso directo, às vezes em frente à câmara, às vezes entre si, os trabalhadores rurais sem instrução expõem a sua miséria, o seu sofrimento, as suas esperanças e, finalmente, o seu desespero - quando um governo socialista ordena a restituição da terra aos seus proprietários primitivos e estes transformam a terra numa reserva de caça.

O programa completo do LEFFEST'18 e outras informações podem ser consultados em http://www.leffest.com/.

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