quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Crítica: Um Homem Fiel / L'homme fidèle (2018)

*6/10*


Louis Garrel pegou na câmara, como realizador, há pouco tempo, mas parece seguir as pisadas do pai, Philippe, em especial no que toca às temáticas abordadas nos últimos anos. As relações são o foco dos filmes de pai e filho, com especial incidência em triângulos amorosos. Um Homem Fiel segue este modelo, com alguma originalidade.

Três personagens narram a sua versão da história, e assim percebemos o que sentem, já que na acção os três são contidos q.b. ao demonstrar sentimentos e emoções.

O jornalista Abel (Louis Garrel) namora há alguns anos com Marianne (Laetitia Casta), até ao momento em que ela o trai e fica grávida de Paul, o melhor amigo de Abel. Oito anos mais tarde, Paul morre e Abel e Marianne voltam a encontrar-se e a reatar o seu romance. Esta nova relação provoca ciúmes tanto no filho de Marianne, Joseph (Joseph Engel), como na jovem Ève (Lily-Rose Depp), a irmã mais nova de Paul, que sempre nutriu um carinho especial por Abel, desde os tempos da infância.


O humor começa desde o diálogo inicial, mas é, ao mesmo tempo, tão trágico que receamos o riso. Com o decorrer da narrativa vamos aceitando melhor este tom, apesar de nunca nos rendermos por completo. A mística que se constrói em torno do pequeno Joseph, uma criança com alguns pensamentos sinistros, é um dos maiores apelos que Um Homem Fiel traz à plateia, bem como a relação deste com o protagonista.

Há uma reconstrução do triângulo amoroso clássico, com uma espécie de women power incomum. Contudo, não há muita substância nesta relação a três. A personagem de Lily-Rose Depp nunca chega a ganhar terreno. Nas interpretações, destaque para a química do par Louis Garrel / Laetitia Casta, não fossem eles, actualmente, marido e mulher; e, claro, para o pequeno e intimidante Joseph Engel.


Um Homem Fiel não traz nada de realmente novo ao género da comédia romântica, mas é corajoso por tentar descontrui-lo, com um argumento escrito por Jean-Claude Carrière e Louis Garrel. Acima de tudo, um filme leve e divertido.

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