terça-feira, 30 de abril de 2024

IndieLisboa 2024: Competição Internacional, Silvestre, Retrospectivas e Director's Cut

O IndieLisboa 2024 revelou a programação da secções Competição Internacional, Silvestre, Retrospectivas e Director's Cut. O festival lisboeta acontece de 23 de Maio a 2 de Junho, na Culturgest, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal, Cinema Fernando Lopes, Cinema São Jorge e Piscina Municipal da Penha de França.

Competição Internacional e Silvestre

A Competição Internacional do IndieLisboa 2024 conta com 12 longas e 34 curtas-metragens. Nas longas, destaque para El Auge Del Humano 3, de Eduardo Williams, que "usa um dispositivo original e intrusivo - a câmara de 360 graus - para explorar as inquietações de um grupo d e pessoas"; Rising up at Night, de Nelson Makengo, "visita Kinshasa, numa altura em que a República Democrática do Congo está envolta em turbulência", sendo que "o foco do filme é a construção de uma central elétrica, ao mesmo tempo que a cidade está com dificuldades de acesso a electricidade"; The Feeling That the Time for Doing Something Has Passed, de Joanna Arnow, onde a realizadora também "protagoniza, escreve, edita o filme"; Malqueridas, de Tana Gilbert, "debruça-se sobre uma comunidade chilena que vive uma existência invisível aos olhos da sociedade: a de mulheres na prisão"; Dormir de Olhos Abertos, de Nele Wohlatz, "é uma delicada e cómica série de enganos passada no Recife, Brasil, em que personagens — Kai e o seu coração partido, Fu Ang e as suas ambições para além da loja de chapéus de chuva, e Xiao Xin na sua torre de luxo a viver temporariamente enquanto emigrante — se vão encontrando e desencontrando  não-linearmente, como se fosse uma colectânea de postais fragmentados"; e The Missing, animação de Carl Joseph Papa, aborda "o trauma, físico e emocional, e reconciliação".

Nas curtas-metragens, destaque para o filme de animação 27, de Flóra Anna Buda, vencedor da Palma de Ouro de Cannes em 2023, e "que aborda a repressão familiar como força castradora, até que um acidente de bicicleta vem alterar essa percepção"; Un movimiento extraño, de Francisco Lezama, que conquistou o Urso de Ouro para Melhor Curta-Metragem, "acompanha uma jovem argentina que trabalha como guarda num museu em Buenos Aires"; Les yeux verts, de Sacha Teboul, com Denis Lavant e Claire Denis, acompanha "um homem que perdeu a mulher e tem apenas as memórias e algumas cassetes de vídeo que o ajudam a lembrar-se de todos os detalhes dela". O uso e a relação com a Inteligência Artificial e o mundo digital é temática comum em vários filmes desta edição do festival: Diamond Himalaya, de Mila Olivier, "explora um nicho particular da Internet que gira em torno de itens de luxo, em particular a mala Birkin, da Hermès, um item difícil de adquirir pelo seu preço exorbitante"; Christmas, Every Day, de Faye Tsakas, apresenta "duas gémeas, ainda muito crianças", que "já possuem uma pegada super popular nas redes sociais, onde as suas experiências com maquilhagem e roupa são vistas por inúmeras pessoas em todo o mundo"; 512x512, de Arthur Chopin, tem como foco "as imagens geradas por IA"; e The Oasis I Deserve, de Inès Sieulle, "aborda o uso integrado de Inteligência Artificial em jogos e filmes, e incorpora imagens assim geradas, mas também conversas com um chatbot que nos revela todas as tendências e preconceitos do ser humano".

A selecção Silvestre apresenta oito longas e 14 curtas-metragens. Destaque para Between the Temples, de Nathan Silver, que "explora a crise existencial de Ben, um cantor numa sinagoga que está a perder a voz"; e A Traveler’s Needs, de Hong Sang-soo, protagonizado por Isabelle Huppert que interpreta uma "mulher francesa na Coreia do Sul, cujos comportamentos não são compreendidos por quem a rodeia"

La Chimera, de Alice Rohrwacher

Nesta secção encontram-se também Mambar Pierrette, de Rosine Mbakam, que "acompanha uma costureira dos Camarões, mãe de três filhos, com um marido que não ajuda nas despesas, uma máquina que tem de reparar e clientes que regateiam o preço das indumentárias que cria"; Cidade; Campo, de Juliana Rojas, que "lida com a estranheza e inquietação das migrações, neste caso do campo para a cidade e vice-versa, e com todas as vicissitudes que as mudanças acarretam"; e ainda La Chimera, de Alice Rohrwacher, onde "Arthur, um jovem arqueólogo inglês, acaba envolvido com uma rede internacional de artefactos roubados"

Festa de Antecipação do IndieJúnior

A Festa de Antecipação do IndieJúnior acontece na tarde de 5 de Maio, dia da Mãe, "na Musa de Marvila, com uma sessão de curtas-metragens da última edição do festival, para maiores de 3 anos, que inclui o grande vencedor do Prémio do Público – A Poça da Maré. Há jogos, banhos de sol ao som de um dj-set, num terraço com escorregas e esplanada, para deleite de crianças e acompanhantes"

Retrospectivas + Director's Cut

No ano em que se comemoram os 50 anos sobre a Revolução dos Cravos, o IndieLisboa apresenta duas retrospectivas: a obra de Kamal Aljafari, realizador e artista visual palestiniano; e uma homenagem às Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA), com "a exibição de alguns dos filmes que foram mostrados nessas campanhas, de autores como Cinda Firestone e o Grupo SLON de Chris Marker, contextualizadas com as reportagens da RTP feitas à época, que mostram um país efervescente"

Os Homens Que Eu Tive, de Tereza Trautman

Já secção Director’s Cut explora reflexões sobre cinema, filmes recuperados e recontextualizados, num diálogo entre passado e presente. Realizado por Tereza Trautman, em 1973, quando tinha 22 anos, em plena ditadura militar brasileira, Os Homens Que Eu Tive "questiona os padrões culturais rígidos da época, e o que era ou não permitido a uma mulher. O filme, recuperado pela Cinemateca Brasileira, é um soft-core feminista corajoso, visto à época como uma ameaça moral aos valores da família patriarcal burguesa". Já R21 aka Restoring Solidarity, de Mohanad Yaqubi, "recupera, a partir de um conjunto de 21 bobines de 16mm de um colectivo de cineastas militantes, o movimento japonês de solidariedade com a Palestina e a causa da autodeterminação. A recuperação destes trabalhos resultou num filme de intervenção que questiona a universalidade de determinadas lutas políticas. Várias das bobines recuperadas e aqui apresentadas foram polemicamente censuradas na Documenta 15"

Nas curtas, destaque vai para a colecção de quatro curtas de Chantal Akerman, parte do seu exame de admissão ao Institut Supérieur des Arts. O Primeiro Olhar de Chantal Akerman mostra "a vida na cidade de Bruxelas e em Knokke, na costa belga, e incluem a irmã e a mãe da realizadora, que será uma figura recorrente da sua futura obra"

Mais informação sobre o IndieLisboa e os filmes já anunciados em https://indielisboa.com/.

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