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sábado, 25 de novembro de 2017

Estreias da Semana #300

Esta Quinta-feira chegaram aos cinemas portugueses nove novos filmes. 

Na cidade de Guimarães, um lugar com mais de dois mil anos, três realizadores, Jean-Luc Godard, Peter Greenaway e Edgar Pêra, exploram o 3D e a sua evolução no mundo do cinema. Just in Time, de Greenaway, relembra a história da cidade, atravessando dois milénios ao redor do Paço dos Duques de Bragança num plano sequência de 16 minutos que segue um percurso entre a Praça da Oliveira, a igreja da Senhora da Oliveira e os claustros do Museu Alberto Sampaio. The Three Disasters, é o vídeo-ensaio de Godard que parte de material de arquivo para se debruçar sobre a fragmentação da história e a sua intersecção com a história do cinema. Cinesapiens, de Pêra, é a primeira produção do país a usar o 3D; o filme explora o papel do público na experiência de ver um filme, utilizando um grupo de espectadores dentro de uma sala de cinema em Guimarães. 3X3D é uma produção Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura.

Centro Histórico reúne quatro curtas-metragens de quatro realizadores: os portugueses Manoel de Oliveira e Pedro Costa, o finlandês Aki Kaurismäki e o espanhol Víctor Erice. O filme resulta de uma encomenda da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura para mostrar "as histórias que a cidade tem para contar". Aki Kaurismäki, em O Tasqueiro, começa com uma comédia agridoce sem diálogos sobre um taberneiro, que vê muito sem realmente experimentar o que quer que seja. Sweet Exorcist, de Pedro Costa, é um mergulho reflexivo na memória colonial através de um elevador onde estão um emigrante cabo-verdiano, o Ventura, e um soldado português. No lado documental, Vidros Partidos, do basco Víctor Erice, presta homenagem à indústria têxtil centenária de Guimarães, fixando-se nos operários de uma fábrica de vidro inaugurada no século XIX e encerrada em 2002. A última palavra é a do eterno Manoel de Oliveira, que em O Conquistador Conquistado brinca com a avalanche de turistas no centro histórico de Guimarães e as suas fotografias.

Coco (2017)
Miguel procura desesperadamente mostrar o seu talento musical contra a vontade da família. Quando toca a guitarra de seu ídolo, o falecido Ernesto de la Cruz, desencadeia uma misteriosa cadeia de eventos e vê-se a atravessar a Terra dos Mortos, através de uma ponte maravilhosa feita de pétalas de margaridas, juntamente com o seu leal cão Dante. Encontra o adorável trapaceiro Hector e juntos iniciam uma extraordinária viagem por um mundo colorido e vibrante a fim de descobrirem o segredo por detrás da família de Miguel.

Gauguin (2017)
1891, Gauguin foi para o Taiti. Quer encontrar a sua pintura como um homem livre, no lado selvagem, longe da moral, da política e da estética dos códigos da Europa civilizada. Embrenha-se na selva, enfrentando a solidão, a pobreza, a doença. Conhece Tehura, que se tornaria sua mulher e o tema das suas principais obras.

O Espírito da Festa (2017)
Le Sens de la fête
Max trabalha em catering há 30 anos e organizou centenas de festas. Hoje trata-se do casamento de Pierre e Helena que terá lugar num castelo do século XVII. Como de costume, Max coordenou tudo: recrutou a sua brigada de empregados e cozinheiros, aconselhou um fotógrafo, reservou a orquestra, organizou a decoração floral, em suma, todos os ingredientes estão reunidos para que a festa seja bem-sucedida. Mas como em todos os eventos, há uma ténue fronteira entre o sucesso e o desastre.

O Homem do Coração de Ferro (2017)
The Man with the Iron Heart
1942: no auge do poder do Terceiro Reich, a resistência decide planear a sua mais ambiciosa operação de sempre: Anthropoid. Dois jovens agentes, Joseph Gacik e Jan Kubis, são mandados para Praga com a missão de assassinarem um dos mais cruéis líderes nazis: Reinhardt Heydrich, líder das SS, da Gestapo, e um dos arquitectos da Solução Final.

O Quadrado (2017)
The Square
Christian é o respeitado curador de um museu de arte contemporânea; divorciado e bom pai dos seus dois filhos, conduz um carro eléctrico e apoia boas causas. A sua próxima exposição, O Quadrado, é uma instalação que pretende evocar o altruísmo em quem a vê, recordando-nos o nosso papel enquanto seres humanos responsáveis pelos nossos congéneres. Mas às vezes é difícil viver à altura dos nossos ideais: a resposta incauta de Christian ao roubo do seu telefone vai conduzi-lo a situações das quais ele se envergonha. Entretanto, os Relações Públicas do museu criam uma campanha inesperada para O Quadrado. A reacção é inflamada e lança Christian, bem como o próprio museu, numa crise existencial.

Só Para Bravos (2017)
Only the Brave
Drama baseado na luta de uma equipa de bombeiros contra o gigantesco incêndio florestal em Prescott, Arizona, em Junho de 2013, que levou a vida de 19 dos seus membros.

Woodshock (2017)
Uma mulher num estado de profunda depressão é arrastada para um estado extremo de paranóia após ingerir uma droga mortal.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

IndieLisboa'14: Centro Histórico (2012)

*6.5/10*

Centro Histórico faz parte das Sessões Especiais do IndieLisboa'14 e foi recebido por uma sala Manoel de Oliveira muito bem composta. O documentário, realizado no âmbito da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, junta quatro aclamados realizadores nacionais e internacionais: Aki Kaurismäki, Pedro Costa, Víctor Erice e Manoel de Oliveira, e subdivide-se em quatro histórias, cada uma da responsabilidade de um realizador.

A cidade de Guimarães é menos elo de ligação dos quatro segmentos de Centro Histórico do que o título sugere. Já a História, essa sim, consegue encontrar-se mais facilmente como unificadora da unidade fílmica. Das quatro curtas-metragens que compõem o filme, a primeira e última surgem num tom mais descontraído, a segunda revela-se a mais pesada e mexe com as emoções da plateia, e a terceira, documental, revela-se um registo histórico curioso, de uma região marcada pelo fabrico de têxteis, agora em decadência. 

Centro Histórico começa com O Tasqueiro, do finlandês Aki Kaurismäki, uma comédia agridoce sem diálogos sobre um taberneiro, que vê muito sem realmente experimentar o que quer que seja. Kaurismäki mostra-nos o centro histórico de Guimarães. Dá-nos a conhecer, naquele palco, um taberneiro anónimo que ambiciona mais, mas que parece viver num desencanto constante. Simples, sóbrio e bonito, Kaurismäki soube bem filmar o berço da nação.

Segue-se Sweet Exorcist, de Pedro Costa, um mergulho reflexivo na memória colonial através de um elevador onde estão um emigrante cabo-verdiano, Ventura (personagem de outros filmes do realizador), e um soldado português. Profundo e duro, o filme vive de memórias, algumas mais confusas que outras, de traumas e de muita História. Falta-lhe apenas o palco ser Guimarães, que não é - nem podia ser com esta temática. Sweet Exorcist proporciona-nos uma interpretação extremamente emotiva de Ventura, e um óptimo trabalho de som, em jeito de alucinação e delírio. O espaço claustrofóbico de um elevador convida a encontros sobrenaturais com recordações perdidas e marcantes. Sweet Exorcist será melhor acolhido por espectadores que conheçam bem a filmografia de Pedro Costa, já que Ventura tem um passado desenhado em filmes anteriores do cineasta português.


Vidros Partidos, do realizador basco Victor Erice, presta homenagem à indústria têxtil centenária de Guimarães, em jeito de documentário, fixando-se nos operários de uma fábrica de vidro inaugurada no século XIX e encerrada em 2002. As histórias dos operários - umas mais marcantes e divertidas que outras - contrastam sempre com a fotografia a preto e branco na parede. O ritmo do documentário - marcado por opções menos bem conseguidas - nem sempre ajuda a plateia, mas Vidros Partidos encerra em grande, acompanhado ao acordeão.

A encerrar Centro Histórico está Manoel de Oliveira com O Conquistador Conquistado que brinca com a avalanche de turistas no centro histórico de Guimarães e as suas fotografias. Simples, pouco profunda, acima de tudo, divertida e irónica, desde o título. A curta-metragem de Oliveira centra-se no turismo e nas máquinas fotográficas, qual arma apontada a D. Afonso Henriques a quem nem a espada pode valer contra elas, bem pelo contrário.

Isoladas, as quatro curtas-metragens que compõem Centro Histórico poderiam funcionar melhor. Já como unidade sente-se que há algo em falta. Talvez seja o título que induz em erro.