quinta-feira, 25 de julho de 2024

Estreias da Semana #624

Esta Quinta-feira, chegam aos cinemas portugueses cinco novos filmes, inclusive reposição de Underground: Era Uma Vez Um País, de Emir Kusturica, numa cópia restaurada.

Clube Zero (2023)
Club Zero
Miss Novak ingressa num liceu privado, onde lecciona um curso de nutrição com um conceito inovador, que modifica os hábitos alimentares. Sem despertar as suspeitas de professores e pais, alguns alunos caem sob a sua influência e juntam-se ao círculo fechado do misterioso Clube Zero.

Completamente Passado (2023)
Complètement Cramé!
Andrew Blake, um homem de negócios britânico, anda deprimido desde a morte da esposa. Num gesto impulsivo, deixa Londres e aceita ser mordomo na mansão em França onde a conheceu. No local, terá de enfrentar o comportamento excêntrico da dona da casa e dos empregados.

Deadpool & Wolverine (2024)
Passaram seis anos após os incidentes de Deadpool 2. Wade Wilson leva uma vida tranquila e deixou para trás o trabalho de mercenário até ser arrastado para uma nova missão pelo Agente Paradox, da organização exterior ao tempo e ao espaço, que monitoriza a linha cronológica. Com o universo em que habita em risco de extinção, um relutante Wilson associa-se a um ainda mais relutante Wolverine numa missão capaz de alterar a história do universo cinematográfico Marvel. O inimigo comum é Cassandra Nova, a maléfica irmã gémea do Professor Charles Xavier, que representa uma ameaça para o multiverso.

O Colecionador de Almas (2024)
Longlegs
Lee Harker, uma nova e talentosa agente do FBI, é designada para o caso em aberto de um assassino em série. À medida que o caso toma rumos complexos e desenterra provas de ligações a práticas ocultas, Harker descobre uma ligação pessoal com o impiedoso assassino e tem de correr contra o tempo para o deter antes que ele volte a atacar.

Underground: Era Uma Vez Um País (cópia restaurada) (1995)
Underground
Em Belgrado, durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de resistentes jugoslavos refugia-se num abrigo subterrâneo para resistir aos bombardeamentos nazis, começando a fabricar armas. Um deles é o único contacto com o exterior e começa a lucrar com o tráfico das armas que fabricam e, décadas depois, continua a afirmar que a guerra continua.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Globos de Ouro - Sic: Nomeados de Cinema e Ficção Televisiva

Os nomeados para a 28.ª edição dos Globos de Ouro da SIC foram anunciados esta semana. A cerimónia regressa ao Coliseu dos Recreios de Lisboa, no dia 29 de Setembro, e, por aqui, divulgamos os nomeados nas categorias de Cinema e Ficção Televisiva.

Cinema

Melhor Filme

Baan, Leonor Teles

Mal Viver e Viver Mal, João Canijo

Nação Valente, Carlos Conceição

Nayola, José Miguel Ribeiro

Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois, João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata


Melhor Actor

João Arrais, Nação Valente

Pedro Inês, Índia

Albano Jerónimo, The Nothingness Club - Não Sou Nada e O Pior Homem de Londres

Rui Morrison, Sombras Brancas

Ruben Simões, Vadio


Melhor Actriz

Rita Blanco, Mal Viver e Viver Mal

Rita Cabaço, O Vento Assobiando nas Gruas

Carla Maciel, Légua

Anabela Moreira, Mal Viver, Viver Mal e A Semente do Mal

Maria João Pinho, A Sibila


Televisão

Melhor Ficção

Codex 632

Lúcia, A Guardiã dos Segredos

Matilha

Rabo de Peixe

Senhora do Mar


Melhor Actor

José Condessa, Rabo de Peixe

Albano Jerónimo, Rabo de Peixe

Afonso Pimentel, Matilha e Rabo de Peixe

Paulo Pires, Codex 632

Rodrigo Tomás, Rabo de Peixe


Melhor Actriz

Inês Aires Pereira, Erro 404

Márcia Breia, Lúcia, A Guardiã do Segredo

Helena Caldeira, Rabo de Peixe

Sofia Ribeiro, Senhora do Mar

Margarida Vila-Nova, Matilha

domingo, 21 de julho de 2024

Sugestão da Semana #623

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Yupumá, de Verónica Castro, que segue um jovem indígena do povo Huni Kuin/Kaxinawá, das terras baixas da Amazónia brasileira, que se prepara para deixar a sua aldeia para ir à Europa pela primeira vez.

YUPUMÁ


Ficha Técnica:
Título Original: Yupumá
Realizadora: Verónica Castro
Elenco: Kawa Huin Kuin
Género: Documentário
Classificação: M/12
Duração: 70 minutos

Curtas Vila do Conde 2024: Vencedores

Foram anunciados, este Sábado, dia 20 de Julho, os vencedores do Curtas Vila do Conde. That How I Love You, de Mário Macedo, conquistou o Grande Prémio do festival.

That How I Love You, de Mário Macedo

Eis a lista completa de premiados.

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL


Grande Prémio DCN Beers 

THAT HOW I LOVE YOU, Mário Macedo


Melhor Animação

LES ANIMAUX VONT MIEUX, Nathan Ghali 


Melhor Documentário

VERY GENTLE WORK, Nate Lavey


Melhor Ficção

PANADRILO, Marcela Heilbron


Prémio do Público Fricon

BLHEC!, Loïc Espuche


Candidato ao European Film Awards

THAT HOW I LOVE YOU, Mário Macedo


COMPETIÇÃO NACIONAL

Prémio Escola das Artes, Universidade Católica do Porto + Prémio Pixel Bunker

RINHA, Rita M. Pestana


Prémio Pulsar Studios para melhor realizador da Competição Nacional

DAVID PINHEIRO VICENTE por Os Caçadores


Prémio do Público SPA

PERCEBES, Alexandra Ramires, Laura Gonçalves


COMPETIÇÃO EXPERIMENTAL

Prémio Centro de Arte Oliva

MAN NUMBER 4, Miranda Pennell


Menção Honrosa

THERE IS GOLD EVERYWHERE, Rita Morais


COMPETIÇÃO TAKE ONE!

Prémio Showreel + Prémio IPDJ + Restart

SLIMANE, Carlos Pereira


Prémio Blit para melhor realizador/a da Competição Take One!

CAROLINA ROSENDO por A Solo


COMPETIÇÃO MUSIC VIDEOS

CONFERÊNCIA INFERNO, FANTASIAS por PEDRO FONSECA, VASCO RAFAEL CARVALHO


COMPETIÇÃO MY GENERATION

Prémio Auto Bemguiados

T-ZERO, Daniel Roque, Vicente Nirō


CURTINHAS

O MISTÉRIO DAS MEIAS DESAPARECIDAS, Oskar Lehemaa


Menção Honrosa M/3

A PADARIA DO BORIS, Maša Avramović


Menção Honrosa M/6

A GRANDE MÃE ARANHA, Julia Hazuka


Menção Honrosa M/9

BLHEC!, Loïc Espuche


Mais informações sobre o Curtas Vila do Conde em https://www.festival.curtas.pt/.

sábado, 20 de julho de 2024

MDOC 2024: Programação completa

Já é conhecida a selecção oficial do MDOC - Festival Internacional de Documentário de Melgaço. O festival acontece de 29 de Julho a 4 de Agosto.

A questão palestiniana, os direitos humanos, as migrações, o colonialismo, o ambiente e as questões de género são os temas centrais numa edição comemorativa do 10.º aniversário do festival, marcada por 22 estreias no grande ecrã. Há 31 filmes a concurso no MDOC: 21 longas-metragens e 10 curtas e médias-metragens.

Selecção Nacional

São nove os documentários portugueses a integrar a competição da 10.ª edição do MDOC, entre os quais a curta-metragem de animação premiada no Festival de Annecy, Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, e A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro, que esteve na Quinzena dos Cineastas, em Cannes.

Percebes retrata o ciclo de vida e da apanha deste crustáceo no Algarve, tocando na temática do turismo massificado, e com testemunhos de habitantes locais. Já A Savana e a Montanha "retrata a luta dos habitantes de Covas de Barroso (concelho de Boticas) contra uma multinacional britânica – Savannah Ressources – que pretende construir a maior mina de lítio a céu aberto da Europa a poucos metros dos terrenos e casas da aldeia". Um documentário de resistência, com toques de western e fantasia. 

Além destes dois títulos juntam-se ainda mais sete documentários candidatos aos prémios Jean-Loup Passek D. Quixote (atribuído pela Federação Internacional de Cineclubes): Couto Mixto, de João Gomes"sobre a magia de um lugar, um estado independente de identidade híbrida galega e portuguesa"Tão pequeninas, tinham o ar de serem já crescidas, de Tânia Dinis"relato ficcional e documental sobre várias mulheres que, entre os anos 40 e 70, vieram para a cidade do Porto trabalhar como criadas de servir"Um mergulho em água fria, de Raquel Loureiro Marques, sobre imagens que deram forma ao imaginário de família da realizadora; Fogo no Lodo, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca"que retrata a guerra colonial vivida entre os balanta conhecidos como 'aqueles que resistem' (povo com forte tradição de resistência ao colonialismo português)"As Melusinas à margem do rio, de Melanie Pereira"uma conversa/reflexão com quatro mulheres sobre as suas identidades incertas e fragmentadas - o que é ser imigrante sem o ser, e ser luxemburguesa sem o ser"Clandestina, de Maria Mire, é "um mergulho no passado e na vivência de Margarida Tengarrinha que entra na clandestinidade em Portugal e se torna falsificadora por militância política"; e Histórias de Contrabandistas, de Agnes Meng"um viagem pelas memórias da aldeia de fronteira de Tourém onde se cruzaram vidas difíceis, aventuras inesquecíveis e histórias sobre o 'ninho de contrabandistas'".

Regressa a secção X-RAYDOC, dedicada à análise de filmes “cuja importância seja indiscutível para uma História do Documentário na qual se releva, como elemento estruturante, a relação com o outro, em contexto", com coordenação de Jorge Campos, jornalista, cineasta e programador cultural. A este juntar-se-á o jornalista do Público, Sérgio C. Andrade, para uma conversa-debate em torno do filme Adeus, Até ao Meu Regresso (Portugal, 1974), documentário de António-Pedro Vasconcelos, realizado para televisão em dezembro de 1974. O X-RAYDOC acontece a 3 de Agosto, às 10h00, na Casa da Cultura de Melgaço. No mesmo espaço e à mesma hora, mas a 2 de Agosto, tem lugar a masterclass sobre o cinema como lugar de disputa de memória e as potencialidades visuais e sonoras, com José Filipe Costa, realizador de várias curtas-metragens e documentários, entre os quais Prazer, Camaradas! (2019), Linha Vermelha (2011), Entre Muros (2002) e Senhorinha (1999).


Selecção Internacional

A questão palestiniana está muito presente no MDOC 2024, com três leituras diferentes sobre o conflito: Un Long Chemin Vers la Paix, de Tal Barda, "um manifesto de tolerância de um médico palestiniano que viu as suas três filhas mortas por um tanque israelita"; Voyage à Gaza, de Piero Usberti, com "a perspetiva de um 'viajante estrangeiro”' que chega a Gaza na Primavera de 2018 e é confrontado com as histórias de Sara, uma trabalhadora humanitária, Mohanad, um comunista convicto e Jumana, uma aspirante a advogada"; em No Other Land, "do colectivo Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham, Rachel Szor, durante meia década, Adra (que também é activista e advogado) filmou as aldeias de Masafer Yatta no sul da Cisjordânia a serem destruídas pela ocupação israelita, ao mesmo tempo que constrói uma aliança improvável com um jornalista israelita".

A questão dos direitos humanos é uma das temáticas patente nos filme Of Caravan and the dogs, de Askold Kurov, que "aborda a asfixia do discurso e do pensamento independentes na Rússia de Putin" e, em Democracy Noir, de Connie Field, "uma jornalista, uma política e uma activista decidem denunciar a natureza autocrática e populista do regime de Viktor Orbán, presidente húngaro que, actualmente, assume a presidência rotativa da União Europeia".

A falta de direitos e a situação da mulher está também presente em filmes como My Stolen Planet, da realizadora iraniana Farahnaz Sharif, "forçada a imigrar", ou Maydegol, de Sarvnaz Alambeigi, testemunho de "uma adolescente afegã imigrada no Irão e a luta pelos seus direitos contra a discriminação e a violência". The Takeover, de Anders Hammer, "filmado quando os talibãs retomaram o poder no Afeganistão", "retrata a rápida transformação do país e das mulheres que se recusam a perder os seus direitos".

Questões pós-coloniais são abordadas em filmes como The Battle for Laikipia, de Daphne Matziaraki e Peter Murimi, que mostra "como a crise climática está a despertar tensões em Laikipia, região do Quénia, onde os descendentes dos britânicos, que para lá emigraram e possuem grande parte das terras, e os indígenas, criadores de gado e assolados por uma seca, estão em concorrência directa"; e em Fogo no lodo, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, regressam "as memórias da guerra colonial".

A temática das migrações é abordada no já referido As Melusinas à margem do rio, de Melanie Pereira; e em Les Chenilles, Michelle Keserwany e Noel Keserwany, em que, através da história de duas jovens imigrantes em França (provenientes da Síria e do Líbano), se mostram "os efeitos dos acontecimentos históricos nas suas vidas: a mudança que a deslocação impõe, as condições de trabalho, as diferenças culturais"Night of the coyotes, de Clara Trischler, é uma tragicomédia cheia de ironia, que "documenta como os habitantes de uma aldeia mexicana - que ficou praticamente deserta devido à imigração dos seus habitantes para os Estados Unidos - inventaram um jogo em que oferecem aos turistas a oportunidade de experimentarem a migração ilegal através da fronteira americana, isto para evitar que a aldeia desapareça".

Questões ligadas ao ambiente são levantadas por filmes como o já referido A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro; Black snow, de Aline Simone, "segue uma dona de casa russa, Natalia Zubkova, que denunciou um desastre ecológico na sua cidade natal, Kiselyovsk, na Sibéria, provocado pela mineração do carvão a céu aberto, o que fez dela uma inimiga do Estado"; e As the tide comes in, de Juan Palacios e Sofie Husum Johannese, mostra "como os 27 residentes de uma ilha dinamarquesa se apegam à sua identidade de ilhéus e enfrentam o risco de inundações provocadas pelas alterações climáticas".

Além da competição oficial, o MDOC apresenta um vasto programa, que integra uma Oficina de Documentário, residências de cinema e fotografia, masterclass, análise de um filme documentário de referência, estreia de seis exposições, um curso de Verão e o habitual CINEférias e o Salto a Melgaço (que inclui, nos dias 3 e 4 de Agosto, a projecção de filmes, visita a exposições, ao Museu de Cinema Jean-Loup Passek, ao Espaço Memória e Fronteira e às Termas de Melgaço).

Toda a informação sobre o MDOC em https://mdocfestival.pt/pt.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Curtas Vila do Conde 2024: Competição Nacional - Percebes, Mau por um Momento e Três Vírgula Catorze

A propósito da Competição Nacional do Curtas Vila do Conde 2024, analisámos Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves; Mau por um Momento, de Daniel Soares; e Três Vírgula Catorze, de Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira.

Percebes, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves


2024, Portugal, França - ANI, DOC · 11'

"Com o mar e um Algarve urbano como pano de fundo, seguimos um ciclo completo da vida de um molusco especial chamado percebes. No percurso da sua formação até ao prato, cruzamos diferentes contextos que nos permitem compreender melhor esta região e aqueles que nela habitam."

Vêm do mar, pela mão do homem, que se arrisca para o apanhar, chegam à praça, onde são apresentados aos curiosos e fazem as delícias dos fãs, e, por fim, chegam ao prato. Em Percebes, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves apresentam o ciclo de vida dos percebes e de quem os apanha, vende ou come. Ao mesmo tempo, pelas ruas do Algarve desenhadas em animação, reclama-se do turismo, mas também se fala da falta que o mesmo faz à região. Percebes é o hino à resistência de um molusco, de uma região e das suas pessoas.


Mau por um Momento, Daniel Soares


2024, Portugal - FIC · 15'

"O dono de um jovem atelier de arquitectura participa com a sua equipa numa irreverente e inusitada actividade de team-building. O evento corre mal e o arquitecto é confrontado com a dura realidade da crise de habitação no bairro social que está a passar por um processo de gentrificação."

Mau por um Momento, de Daniel Soares, chega a Vila do Conde com uma Menção Honrosa conquistada no Festival de Cannes. Desde o início que se compreende que a consciência do protagonista, interpretado por João Villas-Boas, pesa, devido ao projecto em que está a trabalhar vir a prejudicar os mais pobres, de um bairro social. Com momentos, hilariantes - como a actividade de team-building da equipa -, de fúria, mas igualmente de melancolia e compaixão (sem faltar a crítica à gentrificação das cidades), a curta-metragem segue as mudanças de estado de espírito do arquitecto, a aprender a lidar com as suas escolhas.


Três Vírgula Catorze, Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira


2024, Portugal - ANI, DOC · 12'

"Uma viagem interior pelo universo de crianças diagnosticadas com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), nomeadamente a incapacidade de parar ou estar caladas, e a sensação de que estão presas em si mesmas, onde lutam contra a sua própria visão de mundo e com o que é esperado delas." 

Três Vírgula Catorze, de Patrícia Rodrigues e Joana Nogueira, é uma animação em stop motion que transporta para o cinema as lutas diárias de crianças com PHDA. Um filme cheio de cor e algum experimentalismo, em contraste com as emoções das crianças, limitadas pelos medicamentos ou incompreendidas por quem as rodeia.