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sábado, 5 de setembro de 2015

MOTELx'15: Entrevistas - Paulo Araújo (O Tesouro)

MOTELx começa já no dia 8 de Setembro e para o Prémio MOV MOTELx – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2015, o único galardão do festival, estão a concorrer 10 curtas-metragens nacionais: A Tua Plateia, de Óscar FariaAndlit, de João Teixeira FigueiraErmida, de Vasco EstevesGasolina, de João TeixeiraInsónia, de Bernardo LimaMiami, de Simão Cayatte, Efeito Isaías, de Ramón de los SantosO Tesouro, de Paulo AraújoThe Bad Girl, de Ricardo Machado, The Last Nazi Hunter 2, de Carlos Silva.


Continuamos a conhecer melhor as curtas portuguesas do MOTELx'15. Desta vez, o entrevistado é o repetente Paulo Araújo, realizador de O Tesouro.

O Tesouro baseia-se no conto homónimo de Eça de Queirós. De onde surgiu a ideia para esta adaptação?
Paulo Araújo: Estava de férias e, numa feira do livro, creio que na Nazaré, comprei um livro de contos do Eça de Queirós. A ideia surgiu no momento em que li os primeiros parágrafos do conto. Achei que tinha os ingredientes necessários para poder realizar uma nova curta a pensar no MOTELx.

O que pode o público esperar do filme?
P.A.: Bom, aqueles que conhecem o conto podem esperar aquilo que já sabem. Falando um pouco mais a sério, espero que o público se divirta. Acima de tudo, porque as personagens são bastante engraçadas. O filme tem uma linguagem muito sui generis, sendo que a história se passa na Idade Média, algures no Reino das Astúrias. Ou, se calhar, no Norte de Portugal…

Como foi o processo de rodagem?
P.A.: Tudo a cem à hora. Os figurinos foram feitos num dia. Filmámos em três dias. A música original foi feita de improvisação e quase em tempo real. Apesar de ter sido muito cansativo, correu bastante bem, porque os actores já conheciam o conto e sabiam exactamente o que fazer. O Ricardo Almeida, que também é dramaturgo, fez comigo a adaptação do texto. De resto, todos estiveram envolvidos no processo criativo, o que tornou tudo mais fácil.

O Paulo já não é estreante por estas andanças do MOTELx (em 2013 também marcou presença no festival com a curta Nico - A Revolta). Qual é para si a importância de voltar a estar entre os seleccionados de 2015 para o Prémio MOV MOTELx? E o que o levou a submeter o seu filme?
P.A.: Os únicos filmes de ficção que fiz (ou que consegui acabar) até à data, fi-los propositadamente para o MOTELx, e ambos foram seleccionados. Não podia estar mais contente. Há um aspecto curioso que de algum modo me atrai ao MOTELx. É que, por coincidência, resolvi começar a brincar aos realizadores precisamente no ano da primeira edição do festival. Escrevi um guião, comprei uma câmara e comecei a filmar. Não para concorrer ao festival – porque na altura ainda não sabia da sua existência – mas tão só pelo divertimento que a coisa dava. Entretanto tomei conhecimento do festival e, sendo eu fã do género, fui acompanhando à distância (vivo em Vila Real), à espera de uma oportunidade de ir a Lisboa apanhar uma barrigada de filmes de terror. Foi então que coloquei a mim mesmo o desafio de fazer uma curta e submetê-la ao MOTELx. O resto é sabido.

Que mais pensa que pode ser feito no que diz respeito à divulgação do cinema nacional?
P.A.: Têm aparecido nas salas nacionais filmes portugueses com alguma frequência, e até batem recordes de bilheteira; nascem novas produtoras; consequentemente há mais produções; realizadores portugueses são reconhecidos internacionalmente; existem os festivais de cinema. Estamos longe de ter uma indústria cinematográfica como acontece em Espanha ou na França, mas há coisas a acontecer. Apesar das dificuldades e da falta de apoios, há gente motivada e empenhada que está a fazer coisas. De algum modo, o país sabe disto. A internet é um meio de divulgação extraordinário. Contudo, há que trabalhar muito ainda para que o cinema português passe nas salas estrangeiras. Mas também é preciso que passe ainda mais nas salas nacionais.


Sinopse
Três miseráveis mas fidalgos irmãos encontram um cofre cheio de ouro e têm que decidir como o vão dividir. Matar um deles poderá ser uma solução.

sábado, 7 de setembro de 2013

MOTELx: Entrevistas - Paulo Araújo

MOTELx começa já no dia 11 de Setembro e, aproveitando o momento, publico aqui as entrevistas que tenho realizado no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, para o Espalha-Factos.
Para o Prémio Yorn MOTELx – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2013, o único galardão do festival, estão a concorrer nove curtas-metragens nacionais: Bílis Negra, de Nuno Sá PessoaDesespero, de Rui PilãoA Herdade dos Defuntos, de Patrick MendesLonge do Éden, de Carlos AmaralNico – A Revolta, de Paulo AraújoO Coveiro, de André Gil MataHair, de João SeiçaMonstro, de Alex Barone, e Sara, de Miguel Ângelo.

Entrevistei os nove realizadores, que apresentam os seus filmes, e falam sobre o actual estado do cinema português. Fica a conhecer agora Paulo Araújo, realizador de Nico - A Revolta.


De onde surgiu a ideia de realizar Nico - A Revolta?


Paulo Araújo – Antes de mais, a ideia era fazer uma curta para concorrer ao MOTELx. Era preciso, pois, criar uma história para podermos filmar. É engraçado, porque até nem foi difícil encontrar. Tenho o hábito de tomar notas em pequenos papéis que vou guardando aqui e ali (há sempre coisas que vemos, ou que nos acontecem, que podem dar boas ideias, há imensas notícias nos jornais diários, etc.). Demos uma vista de olhos a esses apontamentos e rapidamente encontrámos uma história para desenvolver. Por acaso, até era uma ideia da Isabel Feliciano, pelo que fazia todo o sentido ser ela a escrever o argumento. O filme rola envolto em mistério e suspense, mas, na verdade, a narrativa até é muito simples e evidente. E esse era o grande desafio. Iludir o espectador. Já em rodagem, a história acabou por ganhar novos contornos. Por mero acaso, o segundo dia de filmagens coincidia com o dia 25 de Abril, dia da Revolução dos Cravos, pelo que nos ocorreu estabelecer um paralelismo com o dia da revolução, já que no filme também há uma reviravolta. Decidimos então que a história se passaria em 1974. O mais chato foi criar um novo guarda-roupa adequado à época. Relativamente aos cenários e boa parte dos adereços, não houve qualquer problema, porque foram inseridos digitalmente à posteriori, sendo apenas necessário recriar um design de interiores que se parecesse mais com o Portugal dos anos setenta, em pleno regime salazarista. O filme acabou por ser rodado numa tarde em minha casa. O trabalho de pós-produção durou evidentemente mais um bocadinho.

O que nos traz a curta-metragem? E o que a distingue?

PA – O Nico pretende ser um filme de suspense e terror, com alguma violência de imagens, nada mais do que isso. Trabalhou nesta curta uma equipa muitíssimo reduzida, apenas cinco pessoas. Uma equipa curta para uma curta-metragem.

Como é estar entre os seleccionados para o prémio para Melhor Curta de Terror Portuguesa do MOTELx?

PA – É muitíssimo bom. Desde logo, porque é o primeiro festival a que concorro. Embora nunca tenha estado em nenhuma edição (vivo e trabalho em Vila Real), tenho acompanhado o MOTELx à distância e sei que, de ano para ano, está cada vez melhor, assim como tenho notado um crescimento global na qualidade das curtas portuguesas a concurso. Só o facto de ter sido seleccionado é para mim uma grande vitória e um grande incentivo para continuar a fazer filmes.

Qual é, para si, a importância dos festivais de cinema para a divulgação do trabalho dos jovens realizadores em Portugal?

PA – Penso que os festivais são muito importantes. De outro modo, os filmes, principalmente as curtas- metragens, não passam nas salas de cinema. Felizmente, há cada vez mais festivais, onde também passam filmes de novos talentos portugueses, o que também significa que há espectadores motivados, curiosos, interessados e que enchem as salas.