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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Opinião: Séries - True Detective - Temporada 3 (2019)

"I miss when 'Don't get killed' was the only thing on my to-do list."
Brett Woodard


*6.5/10*

Passaram-se alguns anos enquanto esperávamos pela estreia da terceira temporada de True Detective, premiada série da HBO, criada por Nic Pizzolatto. Eis que chegou no início de 2019, com dois novos detectives ao comando: Mahershala Ali e Stephen Dorff, cujas personagens mantêm a dubiedade das parcerias das anteriores temporadas. Primeiro, Matthew McConaughey (Rust Cohle) e Woody Harrelson (Martin Hart), depois, Colin Farrell (Ray Velcoro) e Rachel McAdams (Ani Bezzerides). 

O sucesso e qualidade da primeira temporada eram difíceis de igualar e seria de esperar que esta terceira superasse com facilidade a segunda, que foi tão mal recebida pelo público - da minha parte, contudo, não existe qualquer sentimento de ódio em relação à história, bem pelo contrário. Na mais recente temporada, contudo, o argumento aproxima-se mais da investigação de Cohle e Hart (cujo caso demorou 17 anos a ser resolvido). Os dados são lançados após o desaparecimento misterioso de duas crianças. 

Um menino de 12 anos e da irmã, de 10, desaparecem no Arkansas em 1980. O crime desencadeia memórias vívidas e questões persistentes ao detective reformado Wayne Hays, que trabalhou no caso há 35 anos com o então parceiro Roland West. Aquilo que começa por ser um caso rotineiro acaba por se tornar numa interminável jornada na tentativa de dissecar o crime e dar-lhe algum sentido. O caso Purcell está por resolver há 35 anos.


A acção desenrola-se pois em três tempos distintos: 1980, 1990 e 2015 - o que nem sempre funciona como ponto positivo, apesar de algumas transições serem bem conseguidas. Este triângulo temporal origina também uma aura ligeiramente fantasmagórica que não auxilia a credibilidade da série.

Desde os primeiros episódios que assistimos a várias teorias, formamos as nossas próprias considerações sobre os suspeitos, conhecemos os inspectores e sua personalidade e apercebemo-nos até da influência e pressão que sentem, da parte de elementos externos, em ver o caso rapidamente encerrado. A série toca levemente na problemática do racismo nos Estados Unidos, bem como na forma como os veteranos de guerra são encarados no regresso. Os contornos rocambolescos do crime envolvem cada vez mais personagens e a conclusão está longe de ser satisfatória. O último episódio está, aliás, muitos furos abaixo do que se exigiria para uma série desta qualidade.

São oito episódios, uns realmente entusiasmantes, que nos fazem clamar pelo desenlace do caso. Afinal, o que aconteceu naquele fim-de-tarde? A reabertura do caso, dez anos depois dos acontecimentos, e os esforços de Hays, West e da forte personagem feminina, Amelia Reardon, em juntar as pontas soltas para o resolver são acompanhados com máxima atenção. Todavia, o final de True Detective é um grande desapontamento...


O ponto mais forte desta terceira temporada são, sem dúvida, as excelentes interpretações do elenco. Especial destaque para um fabuloso e perturbado Mahershala Ali, em parceria com um magoado Stephen Dorff, e uma corajosa Carmen Ejogo. São estes os nomes que fazem valer a visualização da mais recente temporada da série da HBO.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

[TAG] Viciado em Séries

O Hoje Vi(vi) um Filme foi nomeada pelo Sala3 para responder a uma tag sobre as suas séries favoritas. Não será uma tarefa fácil, porque por aqui é mesmo muito raro ver séries, portanto não se choquem com as respostas pouco criativas e repetitivas.

Para continuar o desafio, ficam aqui os nomeados do Hoje Vi(vi) um Filme:




1) Qual a tua série favorita?
Acompanhei mesmo mesmo muito poucas - desculpem-me os fãs de séries. Acredito que vá corrigir ligeiramente este erro em breve. Mas, com o que tenho visto, respondo True Detective.


2) Qual a série que recomendarias a qualquer pessoa?  
Vão começar as repetições: True Detective.

3) Qual a série com o melhor figurino?
Nunca vi um episódio de Game of Thrones, mas acredito que seja justo atribuir-lhe este título.


4) Qual foi a última série que viste?
Adivinhem... True Detective.

5) Já ficaste triste com o final de alguma série?
Para já, não.

6) Que personagem gostavas de ser?
Assim, de repente não me ocorre ninguém. Sou uma vergonha. :P


7) Que série tens vontade de ver?
Breaking Bad, House of Cards e Fargo.

8) Que série não tens vontade de ver?
How I Met Your Mother.


9) Já viste alguma série só porque sim? Se sim, qual?
Vi a primeira temporada de Glee porque toda a gente falava nisso na altura. Depois não tive paciência para continuar a seguir.

10) Pensa em alguém. Diz quem é e que série gostam de ver juntos?
Tenho a certeza que o meu namorado não se importaria nada de rever comigo Breaking Bad.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Crítica: True Detective - Primeira Temporada (2014)

*9/10*

True Detective está na ordem do dia. Entre confirmações e especulações, a série da HBO começa a preparar a sua segunda temporada. Aqui, dou-lhe tempo de antena, mas para falar da primeira. Não tenho por hábito usar este espaço para falar de séries. Abro excepção para True Detective, que me conquistou por tanto que tem de cinematográfico. Não serei exaustiva na análise, quero é que todos a vejam. Muito bem se falou aquando do seu surgimento. Esta série da HBO depressa chegou ao coração dos espectadores e conquistou fãs acérrimos. Matthew McConaughey e Woody Harrelson foram as escolhas certeiras para a primeira temporada.

True Detective dá-nos a conhecer a vida de dois detectives, Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson), ao longo dos 17 anos em que tentam resolver o caso de um assassino em série.

Os acontecimentos passados são-nos relatados, no presente, - a nós e a dois outros detectives - pelos dois protagonistas, longe da aparência e da carreira que tinham há 17 anos. Entrecruzando passado e presente, vamos descobrindo e reabrindo o caso. Iremos reconstruir os passos dos detectives, os crimes, as possibilidades de culpa. Vamos entrar em caminhos perigosos, sempre com Rust e Martin.


O Louisiana serve de palco aos acontecimentos. Somos mergulhados, logo de início, em macabros assassinatos nestas terras perdidas do sudeste dos Estados Unidos da América. Os primeiros episódios oferecem o choque necessário para sabermos que tudo aqui será sujo e brutal. Tudo é cru, mesmo cruel. Todas as personagens têm algo de imoral. Conhecemos, aos poucos, as suas vidas, família, os seus pecados. Percorremos com eles longas e solitárias estradas procurando suspeitos que tardam em chegar e encontrando fantasmas que teimam em não ir embora.

Será, no entanto, no quarto episódio que entramos verdadeiramente na investigação, no mundo pobre, triste, e obscuro desta América de ninguém. É aqui também que nos deparamos com um fabuloso plano-sequência, que valeu a Cary Fukunaga o Emmy para Melhor Realização em série dramática. Mas não é apenas ali que estão as marcas de uma realização de excelência. Fukunaga oferece-nos por diversas vezes fantásticos planos aéreos exteriores dos campos, do rio, das estradas desertas, outras vezes, em espaços fechados sufoca-nos com planos desconcertantes, onde o trabalho de fotografia adensa o suspense e o medo que paira também junto ao espectador.

A par da realização e do carácter negro do argumento, outro dos pontos fortes de True Detective assenta nas personagens. Todas assumem um carácter duvidoso e as aparências vão-se denegrindo, episódio a episódio. Descobrimos-lhes o passado, os segredos, as traições, os traumas, os fantasmas... E aqui reside o realismo da história: os protagonistas vão-nos desiludindo, tal e qual acontece na vida real. E, tal e qual, vamos habituar-nos a conviver com os seus defeitos e a seguir, com paixão, True Detective até ao fim.


Nem Rust nem Martin são exemplos de perfeição. Um é perturbado, dependente de drogas, o outro é mulherengo e alcoólico. Por outro lado, enquanto Rust tem o dom de encontrar pistas, formular hipóteses, obcecado com a investigação, desconfia e segue um rumo aparentemente certeiro, o outro, mais descontraído, é contudo quem o chama à terra e orienta, como bom polícia e bom colega. Assim se forma a equipa certa, entre segredos que os unirão para a vida e desavenças que podem colocar tudo a perder. Ambos se envolvem de corpo e alma na investigação que têm em mãos. As vítimas, na sua maioria mulheres e crianças, vão fazê-los chorar e lutar com uma fúria e vontade cada vez maior de encontrar culpados. Eles não desistem, mesmo quando todas as portas se fecham. E será provavelmente isso que nos fará gostar tanto de Rust e Martin.

True Detective começa em crescendo, sempre com o ambiente desconfortável mas perfeito para captar atenções, e aumentando-as até ao oitavo e último episódio. Nós apenas vamos clamar por mais, e aguardar que a segunda temporada consiga, pelo menos, ser tão boa quanto a primeira.