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domingo, 25 de junho de 2023

Sugestão da Semana #566

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Cidade Rabat, de Susana Nobre. O Hoje Vi(vi) um Filme já tem crítica à longa-metragem.

CIDADE RABAT


Ficha Técnica:
Título Original: Cidade Rabat
Realizadora: Susana Nobre
Elenco: Raquel Castro, Paula Bárcia, Paula Só, Sara de Castro, Laura Afonso
Género: Drama
Classificação: M/12
Duração: 101 minutos

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Estreias da Semana #566

Esta Quinta-feira, chegam às salas de cinema portuguesas oito novos filmes. A estes, junta-se o Ciclo Um Verão com Maurice Pialat que apresenta os títulos A Infância Nua (1969), Aos Nossos Amores (1983) e Van Gogh (1991).

A Fúria de Becky (2023)
The Wrath of Becky
Dois anos após ter escapado a um ataque violento, Becky tenta reconstruir a vida ao cuidado de uma senhora de idade – um espírito bondoso chamado Elena. No entanto, quando os Noble Men lhes arrombam a casa, as atacam e levam o seu fiel cão Diego, Becky tem de voltar aos velhos métodos para se proteger a si própria e aos seus entes queridos.

A Viagem do Rei (2022)
Um rei. Um reinado. Uma vida. Uma viagem pela cabeça do poeta e provocador Rui Reininho. Da inocência à descoberta do pecado, do anarquismo à salvação pela arte e pela espiritualidade, este é um filme que revela os processos criativos e a visão do mundo de uma das maiores referências culturais vivas em Portugal. Aos 67 anos, Reininho assume o trono, deixa cair o manto e revela a sua alma desnuda.

Asteroid City (2023)
Uma cidade fictícia em pleno deserto americano, por volta de 1955. Uma convenção de jovens aspirantes a astrónomos, organizada com o objectivo de juntar estudantes e pais numa competição com oferta de bolsas de estudo, é perturbada por acontecimentos que mudarão o mundo.

Comédia melancólica sobre o luto. Helena tem 40 anos e uma filha com 12 chamada Maria com quem vive, em semanas alternadas com o pai. Helena trabalha como produtora de cinema e sente-se reprimida pelo quotidiano burocrático das suas funções. Após a morte da mãe, Helena é atingida por um sentimento de orfandade enegrecido pela morbidez que a envolveu nos últimos tempos. Esse olhar tocado pelas misérias e tristezas do mundo, na equidistância em que se encontra entre o princípio e o fim da vida, provocam em Helena o despertar de uma segunda adolescência.

Elfriede Jelinek - Language Unleashed (2022)
Elfriede Jelinek - die Sprache von der Leine lassen
Criança prodígio, autora escandalosa, fúria teatral, feminista, amante de moda, comunista, pessimista, terrorista da linguagem, rebelde, génio, artista vulnerável. Um filme sobre Elfriede Jelinek, que, em 2004, foi a primeira pessoa austríaca a receber o Nobel da Literatura. Claudia Müller centra-se na sua abordagem artística à linguagem e cria um retrato associativo com várias camadas, que se aproxima da técnica de montagem linguística da autora partindo de uma perspectiva muito própria e que revela contradições da Áustria. O que significa ser uma escritora que é criticada por trair a pátria?

Então... E o Amor? (2022)
What's Love Got to Do with It?
Kazim têm de decidir se segue os conselhos dos pais e aceita um casamento arranjado no Paquistão com uma mulher que nunca conheceu. Zoe, amiga de infância e realizadora de documentários, decide captar a experiência, enquanto lida com os seus próprios problemas, com uma mãe católica muito opinativa e com a família e os amigos de Kazim.

Os Demónios do Meu Avô (2022)
Rosa, uma executiva conceituada, dedica a vida ao trabalho. A morte do avô, de quem se tinha afastado, provoca-lhe um ataque de stress e obriga-a a duvidar das suas escolhas. Rosa decide abandonar a cidade e partir ao encontro do lugar e das memórias da infância vivida ao lado do avô Marcelino. Quando chega à propriedade isolada no meio da paisagem transmontana, descobre que o avô lhe deixou um conjunto de terras praticamente abandonadas e a casa da sua infância quase em ruínas. Levada pelo remorso e pela necessidade de encontrar um novo rumo, tenta reconstruir a casa e os campos. Contudo, Rosa não está sozinha. Além das pessoas com quem estabelecerá novos laços, tem a companhia de um grupo de demónios de barro modelados pelo  avô que, por vezes, parecem ganhar vida, dando-lhe conselhos, orientando-a e consolando-a, como ele próprio teria feito.

Tudo na Boa (2023)
No Hard Feelings
Prestes a perder a casa onde cresceu, Maddie (Jennifer Lawrence) descobre um curioso pedido de emprego: pais protetores procuram alguém para ser amigo do seu introvertido filho de 19 anos, Percy, antes deste ir para a universidade. Para sua surpresa, Maddie descobre que o peculiar Percy tem muito que se lhe diga.

Crítica: Cidade Rabat (2023)

*7/10*


Cidade Rabat, de Susana Nobre, é uma tragicomédia sobre o processo do luto e como cada um o experimenta de formas tão distintas.

"Helena tem 40 anos e uma filha com 12 anos chamada Maria com quem vive, em semanas alternadas com o pai. Helena trabalha como produtora de cinema e sente-se reprimida pelo quotidiano burocrático das suas funções. Após a morte da mãe, Helena é atingida por um sentimento de orfandade enegrecido pela morbidez que a envolveu nos últimos tempos. Esse olhar tocado pelas misérias e tristezas do mundo, na equidistância em que se encontra entre o princípio e o fim da vida, provocam em Helena o despertar de uma segunda adolescência."


Helena
- um belíssimo desempenho de Raquel Castro - é uma mulher recatada, de poucas palavras, que expressa pouco o que sente e passa os dias entre o trabalho como produtora, as visitas à mãe idosa (que rasga fotografias como quem quer eliminar o Passado) e a convivência, nem sempre fácil, com a filha adolescente. É após a morte da mãe que, contrariando a tristeza que sente, ganha um espírito mais aventureiro e desafiador, mas vê, inicialmente, a bebida como principal aliada. É como se, nos primeiros dias, a protagonista vivesse numa dualidade entre a melancólica noção de finitude e a constatação de que tem de aproveitar a vida ao máximo.

Local de rodagens e de muito trabalho durante o dia, o bairro da Estrada Militar, na Reboleira (que tem sido tantas vezes filmado por Basil da Cunha, e que Cidade Rabat reencontra algumas caras conhecidas dos filmes do realizador luso-suíço) surge como refúgio nocturno para Helena durante uma festa com muita música, dança e bebida, quase uma realidade paralela de fuga à realidade e à dor. E é durante essa noite que a vida de Helena sofre uma reviravolta, em jeito de ensinamento.


O que se segue é uma reconciliação consigo mesma e com quem a rodeia. Helena desaba e reergue-se, criando e reforçando laços, e usa o luto para se reconstruir. Cidade Rabat segue de perto os altos e baixos destes dias da vida de Helena, sempre com um humor subtil - por vezes envergonhado - a acompanhar os percalços e tristezas que sucedem.