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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crítica: Werewolf by Night: Lobisomem (2022)

*6/10*

No mês do Halloween, o especial de televisão Werewolf by Night: Lobisomem da Marvel Studios chegou à Disney +. Com Lobisomem como personagem central, este filme, realizado pelo compositor Michael Giacchino, traz ao streaming uma Marvel nunca vista. 

"Numa noite escura e sombria, uma cabala secreta de caçadores de monstros emerge das sombras e reúne-se no Templo de Bloodstone, após a morte do líder. Numa estranha e macabra homenagem à vida do líder, os participantes vêem-se no meio de uma misteriosa e mortífera competição por uma poderosa relíquia – uma caçada que acabará por colocá-los frente a frente com um poderoso monstro."

O visual a preto e branco, que pretende lembrar e homenagear o cinema analógico (ainda que o filme tenha sido rodado em digital e a cores, sendo depois aplicado um filtro), em especial o terror clássico e os filmes de monstros, faz toda a diferença neste especial de HalloweenMichael Giacchino une a realização - com muitos efeitos práticos - à banda sonora, também da sua autoria, e convida a entrar nesta caçada labiríntica, cheia de sangue, violência e humor, numa simbiose simples e eficaz.

Na pele de Jack Russell (o Lobisomem), Gael García Bernal é o melhor do filme, dando à sua personagem uma dualidade intrigante, entre a ingenuidade cavalheiresca, quase pacificadora, e o monstruoso, numa contracena interessante com Laura Donnelly, como Elsa Bloodstone.

E apesar de não ser especialmente assustador - consegue até ser, por vezes, ternurento -, Werewolf by Night: Lobisomem detém um equilíbrio que o torna acessível a todos os tipos de público (o preto e branco diminui o efeito que o gore, em vermelho sangue, provocaria), com acção e violência q.b., mas também aterradoramente divertido.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Crítica: Presos no Tempo / Old (2021)

"There's something wrong with this beach!"
Prisca


*4.5/10*

M. Night Shyamalan promete sempre originalidade e desafiantes quebra-cabeças a cada filme. Em Presos no Tempo (Old), a velocidade a que tudo acontece não contribui para o suspense, nem para o envolvimento na trama. O resultado é desapontante.

Durante umas férias num resort paradisíaco, uma família descobre que a praia isolada, onde foram passar o dia, está a fazê-los envelhecer rápida e inesperadamente, reduzindo toda a sua vida àquele único dia. 

No seu segundo filme com argumento adaptado, desta vez da graphic novel Sandcastle, de Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, Presos no Tempo explora uma ideia com potencial, cuja execução é pouco inspirada: faltam-lhe os enigmas de Shyamalan.


O medo de envelhecer levado ao extremo é o foco principal de Presos no Tempo, mas o ritmo dos acontecimentos não deixa tempo para grandes reflexões, nem da parte da plateia, nem das personagens. Pouco se lamentam as mortes, a ideia de luto desaparece, as emoções são pouco profundas e não há empatia capaz de amadurecer, com o frenesim dos acontecimentos.

Além disso, a longa-metragem é previsível q.b. e quer esclarecer todos os mistérios, sem deixar qualquer espaço para a imaginação do espectador. No elenco, repleto de nomes sonantes (Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell, Ken Leung, Thomasin McKenzie, Abbey Lee, Eliza Scanlen, Aaron Pierre, Francesca Eastwood e o próprio cineasta), não há prestações a destacar. O trabalho de caracterização será o ponto mais forte do filme, retratando o envelhecimento com subtileza e sem exageros; a par da direcção de fotografia, capaz de proporcionar planos bem mais inspiradores do que o todo.


Presos no Tempo não é um regresso aos bons velhos tempos de M. Night Shyamalan. Esperemos apenas que ele não fique preso na ilha e regresse de baterias criativas recarregadas nos próximos projectos.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Crítica: Ema (2019)

*4.5/10*


Pablo Larraín apresenta-nos a sua mais recente longa-metragem, Ema, longe das temáticas que nos tem habituado, mas com o mesmo visual envolvente e demarcado. Ema está muito distante dos grandes filmes do realizador e é facilmente divisório: uns render-se-ão aos encantos da protagonista, outros irão aguardar pelo próximo filme, na esperança de dias melhores.

Ema (Mariana Di Girolamo) e Gastón (Gael García Bernal) são espíritos livres artísticos, num grupo de dança experimental, cujas vidas são lançadas para o caos quando o filho adoptivo, Polo (Cristián Suárez), se envolve num acidente muito violento. Com o casamento a desabar por causa da decisão de devolver o filho, Ema embarca numa odisseia de libertação e auto-descoberta, enquanto dança e seduz, a caminho de uma ousada nova vida. 


Ema é, sem dúvida, uma anti-heroína e não será fácil afeiçoarmo-nos a ela. Gosta da liberdade, é egoísta, pirómana, libertina, irresponsável e ama os que a rodeiam de forma pouco convencional... ou então ama-se apenas a si mesma. Certo é que todas as suas atitudes se baseiam na sua única e exclusiva vontade, usando o filho como desculpa. E se, por vezes, podemos considerar que a protagonista realmente ama o pequeno Polo, talvez porque se identifique com ele, depressa colocamos a dúvida novamente. Ema é descontrolada, desequilibrada e calculista, manipulando relações e as vidas de todos os que a rodeiam e com ela se envolvem.

Pode querer construir uma vida nova para si, mas é capaz de destruir muito mais do que criar. E, a certo momento, deixamos de nos chocar com qualquer dos inacreditáveis feitos de Ema, ela própria uma criação pouco verosímil.


De positivo, retiramos o visual do filme de Pablo Larraín, distinto, com cores vibrantes que acompanham o ritmo da música reggaeton e os corpos que dançam nas ruas ou balançam nas camas, lembrando, por vezes, videoclips musicais. Há um bom jogo de luzes e sombras, com o fogo a assumir um poderio enorme, filmado com potencial, já que é quase mais uma personagem.

Ema é o retrato de uma jovem inconformada, mas a plateia também não se conformará facilmente com a desilusão em que o realizador chileno se aventurou.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

IndieLisboa'16: Eva no duerme (2015)

*7/10*

Pablo Agüero veio ao IndieLisboa'16 apresentar o seu filme Eva no duerme. A longa-metragem faz parte da secção Silvestre e tem como foco Eva Péron, mais propriamente os estranhos acontecimentos que procederam a sua morte.


Adorada por grande parte do povo argentino, Eva Péron morreu jovem e o seu corpo foi embalsamado em 1952. Eva no duerme segue-lhe o rasto, munindo-se da ficção e de imagens de arquivo para dar a conhecer ao mundo parte da História da Argentina. Desde o seu embalsamento, até à transladação definitiva para o cemitério La Recoleta, em 1976, os acontecimentos são-nos apresentados em três capítulos: O Embalsamador, O Transportador e O Ditador.

Agüero traz-nos um filme tecnicamente irrepreensível, repleto de planos-sequência e longos planos fixos, onde a acção acontece perante os nossos olhos. Todo o segmento de O Transportador é marcante para a audiência, quer por este exímio trabalho de câmara, de luz, quer pela prestação dos actores. A direcção de fotografia faz um trabalho digno de elogios e nota-se o empenho de toda a equipa para que os planos saíssem impecáveis - assistimos à aurora dentro do camião que transporta o corpo de Evita, desde a noite ao sol raiar.

Nas interpretações, Gael García Bernal e Denis Lavant são os nomes mais sonantes e o segundo tem um desempenho marcante: frio, intenso e bastante físico.


O ponto fraco de Eva no duerme, que pode contrastar com a exigência técnica levada a cabo pela equipa, é a narração, insistente, algo repetitiva e demasiado presente. De alguma forma, este aspecto poderá distrair e extenuar a plateia que não aproveita na plenitude as imagens.

Acima de tudo, Eva no duerme é um projecto em que se sente a dedicação de Pablo Agüero. Uma óptima lição de História para os mais distraídos, oferecida através da forte premissa bem filmada.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sugestão da Semana #61

Das estreias da passada Quinta-feira, o destaque da Sugestão da Semana vai para Não, de Pablo Larraín. O filme já tem crítica no Hoje Vi(vi) um Filme, que pode ser lida aqui.

NÃO

Ficha Técnica:
Título Original: No
Realizador: Pablo Larraín
Actores: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Luis Gnecco
Género: Drama, Histórico
Classificação: M/12
Duração: 118 minutos

domingo, 21 de abril de 2013

IndieLisboa'13: Não / No

*7.5/10*

No (ou Não), de Pablo Larraín, foi a escolha para a abertura desta 10ª edição do IndieLisboa, na passada Quinta-feira, dia 18 de Abril. O filme relata o que aconteceu nos bastidores do plebiscito de 1988 no Chile, em que se decidia se Pinochet continuaria ou não no governo.

O jovem publicitário René Saavedra, interpretado de forma muito competente por Gael García Bernal, é convencido pelos líderes da oposição a gerir a sua campanha a favor do Não. Sob o olhar da ditadura e com um orçamento reduzido, o protagonista e a sua equipa têm de traçar um plano para vencer e libertar finalmente o país do clima de opressão em que vivia. A escolha tem de ser certeira para que os 15 minutos de antena que lhes cabem dêem frutos. 

Pablo Larraín traz até nós o universo da publicidade num momento crucial da história de um país. Duas campanhas políticas confrontam-se - o Sim e o Não -, tendo à cabeça, de um lado, Saavedra, do outro, o seu próprio chefe. O mundo da publicidade é-nos desvendado, com as perseguições aos homens do Não a serem retratadas, num clima de medo, mas igualmente de vontade de mudar.


O realizador tomou opções muito curiosas em termos técnicos. A longa-metragem foi filmada no formato U-Matic, o mesmo que era utilizado na televisão à época dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, a colocação de imagens de arquivo, que se misturam com as restantes - e ser-nos-á quase impossível distingui-las -, transportam-nos mais ainda para o Chile de 1988. 

O ritmo é original e muito se assemelha ao de um documentário - quer mesmo pelos factos relatados -, que se vê reforçado pelos planos e movimentos de câmara, que quase tornam o filme mais real do que ficcional, e pela curiosa opção de montagem. Realidade e ficção confundem-se em No de uma forma genial.

A passagem para o grande ecrã de acontecimentos tão importantes para o Chile valeram à longa-metragem de Larraín uma nomeação para Melhor Filme Estrangeiro nos Oscars deste ano. O filme leva-nos, acima de tudo, a mergulhar de cabeça na campanha publicitária do Não e a sentir o ambiente de opressão que se vivia, como se o presenciássemos. No é a inteligência de uma equipa que quer a alegria e a liberdade de volta ao seu país.