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sábado, 1 de março de 2014

Oscars 2014: Melhor Filme

Depois da reflexão sobre os nomeados nas categorias de interpretação (aqui, aqui, aqui e aqui), passemos à grande categoria da noite de 2 de Março. São nove as longas-metragens na corrida para o Oscar de Melhor Filme num ano em que a concorrência é forte e a escolha diversificada.

1. Nebraska
Sem dúvida, o meu grande favorito dos nomeados. Alexander Payne trouxe-nos uma inesperada obra-prima. Nebraska é uma melancólica história de sonhos desfeitos e de perseverança, acompanhada por um amor muito especial. Com os protagonistas, viajamos, a preto e branco, por uma América abandonada, desencantada e sem esperança. Uma história de família, numa América esquecida, que nos lembra que há laços e valores que nenhum milhão de dólares é capaz de pagar.

Gravidade surge como um possível marco visual na história da ficção científica, onde, tecnicamente, tudo parece ter sido trabalhado ao pormenor. À mestria técnica somam-se a grandiosa interpretação de Sandra Bullock e as questões lançadas pela narrativa: poderá alguém sobreviver à deriva no espaço?

3. O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
Mais polémico do que alguma vez foi, Martin Scorsese aliou-se a Leonardo DiCaprio num projecto corajoso e provocador que nos leva aos inacreditáveis bastidores dos corretores da bolsa dos anos 80. Com a câmara de Scorsese, o argumento de  Terence Winter (baseado no livro do verdadeiro Jordan Belfort) e as alucinadas interpretações de DiCaprio e Jonah HillO Lobo de Wall Street chegou para chocar e surpreender.

4. 12 Anos Escravo (12 Years a Slave)
Steve McQueen magoa-nos como mais nenhum realizador consegue a cada filme que realiza. Depois de Fome Vergonha12 Anos Escravo não foge à regra e continua a exercer uma forte pressão psicológica (e física) sobre personagens e audiência. McQueen chicoteia quem quer que esteja dentro ou fora do ecrã. A dor é permanente na sua filmografia e sempre abordada da forma mais crua e realista, sem moralismos.

5. Golpada Americana (American Hustle)
Dinheiro, corrupção, mulheres bonitas e homens astutos são alguns dos ingredientes de Golpada Americana, um dos títulos mais nomeados para os Oscars 2014. Muito superior ao seu antecessor, o filme volta a mostrar que David O. Russell não vem sendo original, mas consegue essencialmente entreter, desta vez com melhor conteúdo e personagens. Golpada Americana está longe de ser brilhante, contudo, poucas comédias sobre mafiosos - actualmente - nos divertem tanto e de uma forma tão leve como esta.

6. Filomena (Philomena)
Um elogio a uma mulher e uma crítica acérrima à religião, assim chega Filomena, de mansinho, ingénua, mas simplesmente surpreendente, como a protagonista. Nomeado para quatro Oscars da Academia, o filme de Stephen Frears (A Rainha, 2006) tem por base a história verídica de Philomena Lee e balança entre o drama e os sorrisos que o típico humor britânico faz surgir.

7. Uma História de Amor (Her)
O pessimismo e a nostalgia invadem uma sociedade futurista, onde as emoções deixam de ser tão realistas como deviam. Uma História de Amor (Her, no original) é uma mordaz crítica social ao modo como o humano se relaciona com a tecnologia e, cada vez menos, com o seu semelhante. Afinal, Uma História de Amor apaixona pouco, serve sim como alerta para a valorização das emoções reais. Não vá Samantha bater-nos à porta um dia destes.

8. Capitão Phillips (Captain Phillips)
Tom Hanks chega ao comando do navio e mergulha em mais uma interessante prestação como Capitão Phillips, no filme de Paul GreengrassCapitão Phillips está nomeado para seis Oscars da Academia, incluindo Melhor Filme, mas, inesperadamente, escaparam ao protagonista e ao realizador as nomeações nas suas categorias. Não é um marco no cinema, mas revela-se um bom thriller e faz-nos temer. Paul Greengrass mostra-se à altura do desafio de contar uma história a quem não a viveu, e os actores incorporam o terror que, não tão estranhamente assim, se vive de ambos os lados: piratas e capitão - e mesmo na plateia.

Matthew McConaughey e Jared Leto comandam O Clube de Dallas, com interpretações que fazem valer toda a longa-metragem de Jean-Marc Vallée. Nem as falhas no argumento ofuscam o brilho dos dois actores naqueles que serão, certamente, papéis de uma vida para cada um. O pouco fôlego que Vallée e os argumentistas Craig Borten Melisa Wallack injectaram em O Clube de Dallas resultou num completo desaproveitamento da uma grande história de luta pela vida, contra a lei e corrupção. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sugestão da Semana #102

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana recai sobre o filme de Stephen Frears. Filomena traz-nos um drama de uma mãe que procura o seu filho, há 50 anos. A fé que a faz continuar a procurá-lo é a mesma que a atraiçoa. Judi DenchSteve Coogan protagonizam esta crítica à Igreja que é, ao mesmo tempo, a homenagem a uma mãe.


Ficha Técnica:
Título Original: Philomena
Realizador: Stephen Frears
Actores: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark, Barbara Jefford
Género: Drama
Classificação: M/12
Duração: 98 minutos

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Crítica: Filomena / Philomena (2013)

*7.5/10*

Um elogio a uma mulher e uma crítica acérrima à religião, assim chega Filomena, de mansinho, ingénua, mas simplesmente surpreendente, como a protagonista. Nomeado para quatro Oscars da Academia, o filme de Stephen Frears (A Rainha, 2006) tem por base a história verídica de Philomena Lee e balança entre o drama e os sorrisos que o típico humor britânico faz surgir.

Filomena faz-nos recuar até à década de 50, a uma Irlanda profundamente católica. Philomena (Judi Dench) engravida ainda adolescente e, ao ser rejeitada pela família, entra para o convento de Roscrea, onde é forçada a entregar o filho para adopção. 50 anos depois, Philomena continua sem se conformar com os acontecimentos e faz inúmeros esforços para encontrar o filho, sem resultados. Até que conhece o jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan).

O argumento não é original, mas é único na história que lhe deu origem. Baseado na obra The Lost Child of Philomena Lee, escrita pelo verdadeiro Martin Sixsmith, o filme – tal como o livro – é uma denúncia, uma chamada de atenção, uma forte crítica social. Os acontecimentos que estão na base de Filomena são tudo menos fáceis de digerir, por muitas que sejam as críticas à religião que já surgiram no Cinema. Stephen Frears espelha neste trabalho o drama de muitas irlandesas, que, ainda hoje, procuram os seus filhos.

Apesar da temática pesada, o humor surge subtilmente personificado em Philomena e nos comentários mais inesperados de Martin. As conversas entre ambos são encantadoras. Aliada a essa empatia, toda a história está construída para nos aproximar da protagonista e do jornalista, partilhando a dor desta mãe e a indignação do seu companheiro de viagem na procura do seu filho – a certo momento, também nós faremos parte desta jornada.

Ao desencontro entre mãe e filho, está directamente relacionada a fé e a descrença dos protagonistas. Philomena e Martin têm duas visões bastante diferentes do mundo e da religião: ele é agnóstico, pouco interessado em histórias de “interesse humano”, arrogante e sarcástico. Ela é extremamente religiosa, apesar de tudo o que já passou e que a poderia fazer perder a fé, ingénua e preocupada com o que para si são as questões maiores (será que o filho é obeso? Tudo por causa das enormes doses que servem nos EUA). É nestas duas personagens, contudo, que acompanharemos uma forte mudança de perspectivas – quer de personalidade e atitude, quer nas suas crenças. É assim que Philomena e Martin Sixsmith se tornam marcantes para o espectador.

Estreias da Semana #102

Quatro novos filmes chegaram hoje aos cinemas nacionais. Filomena e Quando Tudo Está Perdido reúnem a maioria das atenções.

Aquele Estranho Momento (2014)
That Awkward Moment
Três amigos encontram-se naquele confuso “momento” de todas as relações amorosas, quando têm de decidir se pretendem continuar solteiros e sem compromissos ou perguntar: "Então... onde é que isto nos leva?".

Filomena (2013)
Philomena
Filomena faz-nos recuar até à década de 50, a uma Irlanda profundamente católica. Philomena (Judi Dench) engravida ainda adolescente e, ao ser rejeitada pela família, entra para o convento de Roscrea, onde é forçada a entregar o filho para adopção. 50 anos depois, Philomena continua sem se conformar com os acontecimentos e faz inúmeros esforços para encontrar o filho, sem resultados. Até que conhece o jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan).

Quando Tudo está Perdido (2013)
All Is Lost
Sozinho numa viagem pelo Oceano Índico, um velho marinheiro descobre que o seu veleiro está a meter água após ter colidido com um porta-contentores à deriva. Com o equipamento de navegação e o rádio avariados, o homem viaja às cegas de encontro a uma violenta tempestade. A luta pela sobrevivência começa aqui e o experiente marinheiro é obrigado a enfrentar a hipótese da morte.

Voltar a Nascer (2012)
Venuto al mondo
Gemma visita Sarajevo com o seu filho Pietro. Há dezasseis anos tinham escapado da cidade em plena guerra, tendo, Diego, o pai da criança, ficado para trás e acabado por morrer. Enquanto tenta reparar a relação com o filho, Gemma confronta o seu passado.