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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Os Melhores do Ano: Top 20 [10.º - 1.º] #2023

Em dia de aniversário do  blog, e depois da primeira parte do Top 20 de 2023 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelo agora os dez lugares cimeiros. Ficção, documentário e fantasmas do Passado são os principais ingredientes deste Top 10.

Eis os meus 10 favoritos de 2023 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal). 


10.º Os Espíritos de Inisherin / The Banshees of Inisherin (2022), Martin McDonagh

Partindo de uma zanga entre dois amigos, Martin McDonagh faz uma reflexão sobre a existência em Os Espíritos de Inisherin. Uma comédia dramática, com um leve toque de nonsense, muito mais profunda do que possa parecer. 


9.º Viagem ao Sol / Journey to the Sun (2021), Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias

Viagem ao Sol, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, é o resultado de muitos anos de pesquisa e entrevistas, cuja montagem ditou o rumo a seguir: o olhar das crianças austríacas sobre a guerra e a experiência que milhares delas tiveram no Portugal solarengo dos anos 40. O documentário confronta a plateia com o impacto deste olhar, na formação da memória individual e colectiva. E mostra como a guerra impacta para sempre a vida das crianças que têm a infelicidade de a viver, algo válido na Segunda Guerra Mundial e em todas as guerras actuais, onde são elas as maiores vítimas. 


8.º Retratos Fantasmas (2023), Kleber Mendonça Filho

Imaginação e realidade fundem-se como provocação de Kleber Mendonça Filho no seu mais recente documentário Retratos Fantasmas, uma viagem espácio-temporal ao centro da cidade do Recife, no Brasil, entre a vivacidade dos tempos áureos e a decadência a que as décadas a têm vetado. Em cada recanto, um espírito do passado, uma memória e, principalmente, a resistência. Tudo isto, contado através do(s) cinema(s).


7.º A Baleia / The Whale (2022), Darren Aronofsky

Darren Aronofsky está de regresso ao cinema opressivo e naturalista com que começou a construir a sua filmografia e personalidade enquanto cineasta. A Baleia mostra um homem a desistir de viver: uma interpretação de total entrega por um Brendan Fraser renascido, exímio ao mostrar a degradação física e psicológica da personagem, e que carrega o sofrimento e o peso das próteses e maquilhagem que usa ao longo do filme. A Baleia é uma obra de redenção do protagonista, mas igualmente do realizador que voltou às origens e aos grandes filmes. 


6.º La Llorona (2019), Jayro Bustamante

Quando o cinema recorre à História de um país para aterrorizar a plateia, ressuscita fantasmas mal enterrados e estabelece a necessidade de confronto entre passado e presente, o resultado pode ser realmente especial. Em La Llorona, o realizador guatemalteco Jayro Bustamante reinventa a lenda  do folclore hispânico com o mesmo nome, fazendo-a tomar o corpo dos indígenas que choram pelos seus mortos e desaparecidos durante a guerra civil na Guatemala.


5.º Pearl (2022), Ti West

Perturbador e genial como o seu antecessor (X, que fez parte desta mesma lista relativa às estreias de 2022 em Portugal), Pearl consegue ir ainda mais além, ao apresentar o retrato da perversa e insana protagonista que sonha ser actriz de cinema. Mais um slasher moderno, com o génio e eficácia da união de esforços de Ti West com a protagonista Mia Goth, aqui também co-responsável pelo argumento.


4.º May December: Segredos de Um Escândalo (2023), Todd Haynes

Todd Haynes tem uma sensibilidade pouco comum para filmar personagens femininas misteriosas, e May December: Segredos de Um Escândalo vem reforçar esta sua qualidade. Duas mulheres fortes e de personalidades dúbias encabeçam este thriller psicológico, num mergulho profundo em traumas nunca superados, e uma descoberta constante do âmago de cada um.


3.º Assassinos da Lua das Flores / Killers of the Flower Moon (2023), Martin Scorsese

Eis Scorsese puro e duro, a pisar território índio - com respeito e humildade -, mas sempre com uma máfia de homens brancos a explorar terrenos e narrativa. Assassinos da Lua das Flores é uma obra opressiva, que clama por justiça, fazendo ressurgir o realizador fiel às suas temáticas, mas aberto a novos horizontes narrativos. 


2.º Nação Valente / Tommy Guns (2022), Carlos Conceição

Nação Valente, a segunda longa-metragem de Carlos Conceição, reaviva os fantasmas da guerra colonial em Angola, com o toque provocador e contemporâneo que caracteriza o realizador. As pistas vão sendo deixadas ao longo do filme, cuja narrativa esconde segredos acima e debaixo da terra. Os mortos estão prontos para lembrar os vivos das atrocidades que já esqueceram.


1.º Maestro (2023), Bradley Cooper

Maestro é um filme grandioso, a todos os níveis, revelando um Bradley Cooper maduro, que respira verdadeiramente cinema, dos dois lados da câmara. Um retrato comovente, empolgante e sem preconceitos de Leonard Bernstein e da sua companheira de vida, a actriz Felicia Montealegre Cohn Bernstein. Mais do que uma marcante experiência cinematográfica, Maestro é um retrato realista e comovente da relação entre dois artistas - tão diferentes, mas que se complementaram de forma tão humana. 

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