segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Sugestão da Semana #637
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
Crítica: Grande Liberdade / Große Freiheit / Great Freedom (2021)
*7.5/10*
Grande Liberdade, de Sebastian Meise, faz um retrato duro e pouco visto em cinema, da forma como os homossexuais foram tratados na Alemanha do pós-guerra, considerados criminosos e condenados a penas de prisão.
O filme segue a "luta de Hans, na Alemanha do pós-guerra, contra um sistema ainda repressivo, que considera a homossexualidade um crime e que, por diversas vezes, lhe nega a liberdade e a esperança, condenando-o à prisão. Ao longo do tempo vê-se também nascer e desenvolver uma complexa relação com o homofóbico Viktor, um assassino condenado a prisão perpétua".
O ambiente violento que se vive no estabelecimento prisional, a forma como a homossexualidade é encarada pelos outros reclusos e, ao mesmo tempo, a rotina que o tempo cria atrás das grades revelam, ao longo dos anos, as mais diversas experiências para Hans e Viktor, que iniciam a mais inesperada das amizades, partilhando esperança, desilusões e horrores do passado.
Para além da temática principal e de toda a injustiça que lhe está inerente, e através da personagem de Viktor (interpretado por Georg Friedrich), o filme pretende ainda reflectir acerca de adições e traumas que a guerra deixou também nos que combateram.
A partir de uma história aparentemente simples, Sebastian Meise cria uma autêntica viagem no tempo, repleta de analepses e prolepses, onde a montagem tem um papel preponderante na subtileza quase atordoante (bem mais suave que a experiência de Hans na solitária) com que faz a transição entre passado e presente.
Franz Rogowski continua a confirmar o extraordinário actor que é e, como Hans, vai da fragilidade extrema à confiança de quem já conhece vida de recluso e os truques para "sobreviver" na prisão. Passa pelas mais distintas emoções e tem uma performance física muito forte.
Grande Liberdade é mais uma prova da qualidade do cinema alemão contemporâneo e uma nova forma de abordagem cinematográfica da criminalização da homossexualidade, que vigorou, em muitos países ocidentais, quase até ao final do século XX.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
Crítica: Undine (2020)
*8/10*
O tom trágico do cinema de Christian Petzold vem-se firmando em cada filme, alcançando uma aura mitológica e mágica no mais recente Undine. A dualidade de significados paira desde o início, num filme desafiante e encantador.
«"Se me abandonares, vou ter de te matar", diz a protagonista ao homem por quem está apaixonada quando eles se separam no café da esquina. Mergulhando no reino subtil do sobrenatural, Christian Petzold re-imagina a figura mitológica da ninfa aquática, Ondina. Aqui, Undine é uma historiadora que trabalha no departamento de desenvolvimento urbanístico da cidade de Berlim. Reescrevendo o mito, o filme apresenta uma reflexão sobre a relação entre realidade e ilusão.»
Depois da trilogia composta por Bárbara (2012), Phoenix (2014) e Em Trânsito (2018), com foco na História da Alemanha, antes da queda do muro de Berlim, Petzold transporta-nos agora para os tempos actuais. Em Undine, a História da cidade deixa de ser personagem principal mas mantém-se presente, desta vez na profissão da protagonista, historiadora que dá palestras sobre o desenvolvimento urbano da capital.
A narrativa vive rodeada pela cidade, mas também pelo rio. A água é um elemento central na longa-metragem: Undine tem uma atracção especial por ela; e a água uma predilecção imensa por Undine, não tivesse o nome da sua ninfa. Christian Petzold cria uma nova versão cinematográfica do mito, através da história de uma mulher de comportamento estranho e possessivo que se transforma ao conhecer Christoph, um mergulhador. O romance é simples, rápido e intenso. Os sentimentos são arrebatadores, para o bem ou para o mal.
Se romances trágicos são com Petzold, Undine junta-lhe o elemento fantástico, numa linha ténue entre lendas e coincidências, sonhos ou realidade. A ambiguidade é uma presença assídua neste conto de fadas sombrio. E entre um misto de emoções e incertezas, há pequenos pormenores que dão encanto ou parecem premonição.
Paula Beer e Franz Rogowski voltam a fazer par romântico depois de protagonizarem Em Trânsito, e a química dos dois no ecrã tem o efeito mágico que caracteriza Undine. Enquanto Beer consegue passar do comportamento algo psicótico inicial, com gestos nervosos e ar absorto, para uma mulher mais humanizada e apaixonada; Rogowski é um homem curioso, protector e dedicado.
Seja a ninfa aquática a mergulhar no verdadeiro amor ou a natureza humana a revelar-se, Undine é um trabalho inspirado de Christian Petzold, que poderá não ser fácil de assimilar, mas onde o realizador reafirma e continua a trilhar um caminho de muita personalidade.
domingo, 19 de janeiro de 2020
Sugestão da Semana #412
Ficha Técnica:
Elenco: August Diehl, Valerie Pachner, Maria Simon, Matthias Schoenaerts, Franz Rogowski, Bruno Ganz
Género: Biografia, Drama, Romance
Duração: 174 minutos
quarta-feira, 6 de março de 2019
Crítica: Em Trânsito / Transit (2018)
terça-feira, 31 de julho de 2018
Sugestão da Semana #335
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Crítica: Victoria (2015)
"I'm the big driver."Victoria
Um turbilhão de emoções ao longo de uma madrugada, em Berlim. Tudo em tempo real, sem cortes, sem pausas. Victoria é assim, uma aventura de mais de duas horas que não deixa ninguém respirar de ambos os lados da câmara e do ecrã.
A jovem espanhola gosta de sentir-se livre, de dançar, de conhecer gente nova num país que não é o seu. A barreira linguística que existe entre Victoria e os quatro jovens alemães torna-a ainda mais vulnerável naquela noite e, no meio das aventuras que se seguem, a protagonista ainda conhece menos do que nós, que assistimos. Mas ela não teme, apaixona-se pelo que a rodeia, aventura-se, quer explorar, sentir o perigo, mas até que ponto?
O produto final é contagiante, é impossível parar de seguir os passos de Victoria. E mesmo que, em alguns momentos, o argumento não brilhe, actores e equipa técnica oferecem-nos um corajoso projecto que nos entusiasma e deixa em tensão até ao último plano.
terça-feira, 19 de julho de 2016
Sugestão da Semana #229
Ficha Técnica:
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"I'm making chocolate, of course. How do you like it? Dark? White? Nutty? Absolutely insane." Willy Wonka *7/10* Os primeiros ...
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"It's the little things that are important, Jimmy. It's the little things that get you caught." Deacon *6/10* Um thriller...