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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Crítica: J'accuse - O Oficial e o Espião (2019)

"Dreyfus is innocent"
Picquart


*7.5/10*

J'accuse - O Oficial e o Espião é a mais recente obra de Roman Polanski, um drama histórico sobre espionagem. Longe de ser o filme mais inspirado do cineasta, é contudo um trabalho sóbrio e bem executado sobre justiça e política.

"No dia 5 de Janeiro de 1895, o Capitão Alfred Dreyfus, um jovem oficial judeu, é acusado de espionagem para a Alemanha e condenado a prisão perpétua na ilha do Diabo. Entre as testemunhas está Georges Picquart, promovido para gerir a unidade militar de contra-espionagem. Mas quando Picquart descobre que informações secretas continuam a ser fornecidas aos alemães, é arrastado para um labirinto perigoso de fraude e corrupção que ameaça não só a sua honra, mas também a sua vida."


Polanski transpõe para o grande ecrã um famoso caso de escândalo político, retratando sem receios e com crueza, desde o preconceito da época em relação aos judeus - como o próprio realizador -, a humilhação a que Dreyfus foi exposto, e a investigação de Picquart e posterior perseguição política.

Esta árdua luta, em que a verdade foi repetidamente anulada para bem da imagem política do país, é encabeçada por uma grande interpretação de Jean Dujardin como Georges Picquart, entre a contenção, o sentido de justiça, e desilusão com o exército e seus superiores. Ao seu lado, Louis Garrel veste a pele do sofrimento e revolta de Dreyfus, incansável em provar a sua inocência e limpar o nome da sua família.


J'accuse é um registo ficcional de um escândalo da História da França, mas também um elogio aos que clamam por justiça e não se deixam corromper.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Crítica: 100% Camurça / Le Daim (2019)

*7.5/10*


Quentin Dupieux tem um jeito especial para dar vida a objectos inanimados e transformá-los em protagonistas dos seus filmes. Foi assim em 2010, com Rubber - Pneu, e volta a fazê-lo bem agora com o casaco de 100% Camurça.

Neste caso, a vida é dada ao casaco através do seu dono, George, interpretado por Jean Dujardin, que conduz a história alucinante com o seu carisma e humor, numa espiral de loucura.

O filme apresenta-nos Georges, um recém-divorciado de 44 anos de idade, e o seu casaco, 100% camurça. Eles têm um plano... Mas a sua obsessão poderá tornar-se extrema.

Dupieux abandona um pouco o nonsense que o tem caracterizado e agora aproxima-se mais da realidade - por muito hilariantes que sejam os acontecimentos. Ao mesmo tempo que nos vamos rir das situações, também vamos temer pelo desequilíbrio crescente do protagonista.


A chegada de George àquele local inóspito, onde pouco ou nada acontece até à sua aparição, vem no seguimento de um divórcio, e da compra - por uma soma bastante avultada - de um casaco de camurça em segunda mão. Os dois acontecimentos parecem produzir no protagonista uma crise de identidade ou apenas a vontade de se isolar e mudar de vida. No bar da pequena povoação, conhece Denise, uma aliada que lhe oferece a ajuda financeira de que necessita, mas que se torna igualmente uma parceira de sonhos e obsessões. Já ela vê nele uma alma gémea no que toca à forma de ver a vida e de se empenhar no trabalho. Ele parece ser capaz de a ajudar a concretizar os seus próprios sonhos.

Da ideia de realizar um filme - que lhe surge em conversa com Denise - à vida de criminoso vai um pequeno passo. O elenco alinha no jogo louco de Dupieux, com Dujardin ao comando, seguro e vestido de camurça pura, da cabeça aos pés, em dupla com a tranquila e quase inocente Adèle Haenel.


100 % Camurça é simples e certeiro, sabendo jogar com o ritmo da acção que se constrói num crescendo de tensão, com a loucura a tomar forma, guiada pelo desejo de um mundo, onde só um casaco pode vingar.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crítica: O Lobo de Wall Street / The Wolf of Wall Street (2013)

"Sell me this pen!"
Jordan Belfort
*8/10*
Mais polémico do que alguma vez foi, Martin Scorsese aliou-se a Leonardo DiCaprio num projecto corajoso e provocador que nos leva aos inacreditáveis bastidores dos corretores da bolsa dos anos 80. Com a câmara de Scorsese, o argumento de  Terence Winter (baseado no livro do verdadeiro Jordan Belfort) e as alucinadas interpretações de DiCaprio e Jonah Hill, O Lobo de Wall Street chegou para chocar e surpreender.

Sexo, drogas e dinheiro são a chave da história verídica que aqui nos contam. Uma comédia que desconstrói um submundo cheio de loucura, festa e burlesco, que caminha de braço dado com grandes fraudes financeiras. Vamos rir-nos muito, mas vamos igualmente arrepender-nos de o fazer ao perceber a dimensão do drama e do "caso de polícia" que temos pela frente. Se fosse apenas ficção - sem fundo real -, ficaríamos mais descansados.

O Lobo de Wall Street conta a história verídica do corretor da bolsa nova-iorquino Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio). Belfort passa de acções de pouco valor e dos ideais de justiça para as OPV e uma vida de corrupção, no final dos anos 80. O sucesso excessivo e a sua fortuna aos vinte e poucos anos, enquanto fundador da corretora Stratton Oakmont, deram a Belfort o título O Lobo de Wall Street.


O argumento, tal como todas as componentes da longa-metragem, é atrevido, com momentos hilariantes e óptimos diálogos. A linguagem é agressiva, mas divertida, recorre frequentemente ao calão, enquadrando-se perfeitamente no ambiente de excessos que envolve O Lobo de Wall Street.

Belfort, por seu lado, é narrador e protagonista. Ele tem-nos como confidentes, conta-nos toda a sua versão dos acontecimentos, olha-nos nos olhos como se fôssemos mais uma personagem. Sentimo-nos dentro do ecrã e deixamo-nos contaminar pela atmosfera mundana e currupta. 

As cores garridas, a montagem - de Thelma Schoonmaker, habitual colaborada de Scorsese -, os enquadramentos, travellings e planos por vezes frenéticos, a utilização da câmara lenta, tudo contribui para nos contaminar com o ambiente vibrante e alucinante vivido na empresa e nas vidas daqueles corretores. Toda a componente técnica parece partilhar dos vícios dos protagonistas, no melhor sentido possível.


No elenco, destaque óbvio para Leonardo DiCaprio, seguido de perto por Jonah Hill - sem esta dupla o filme não seria o mesmo. Os dois actores proporcionam-nos momentos impressionantes e verdadeiramente inesquecíveis, de levar às lágrimas de rir. Margot Robbie assume-se como uma jovem promessa na pele da sensual esposa de Jordan. Jean Dujardin surge na pele de um banqueiro suíço, muito igual ao que nos tem habituado e com uma prestação competente. Já a pequena participação de Matthew McConaughey surge como fundamental, sendo a sua personagem o mentor de Jordan Belfort, que ajuda na construção da sua personalidade como corretor da bolsa - o diálogo entre os dois no restaurante é imperdível.

Vamos condená-lo, mas vamos também ter vergonha de gostar tanto de O Lobo de Wall Street. Martin Scorsese não tem medo de nenhum projecto e com a sua ousadia conseguiu cinco nomeações para as principais categorias dos Oscars: nem a Academia resiste à história de Jordan Belfort.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Crítica: Descaradamente Infiéis (2012)


A infidelidade masculina contada por sete homens, com um machismo que pretende ridicularizar-se a si mesmo. Nomes franceses sonantes desde O Artista, Michel Hazanavicius e Jean Dujardin compõem o leque de realizadores, e o segundo é também um dos protagonistas de Descaradamente Infiéis, que chega hoje aos cinemas portugueses.

Já antes de O Artista, Hazanavicius e Dujardin serem premiados nos Óscares deste ano, Descaradamente Infiéis tinha causado polémica, pelo famoso cartaz do actor entre as pernas de uma mulher, com uns célebres sapatos vermelhos. Certo é que o poster já fazia adivinhar que, mais do que o machismo de que tanto se falou, o filme iria trazer, acima de tudo, muitas gargalhadas.

Lê a crítica completa no Espalha-Factos: "Infiéis e Descarados"