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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Crítica: Não Olhem para Cima / Don't Look Up (2021)

"You guys, the truth is way more depressing. They are not even smart enough to be as evil as you're giving them credit for."

Kate Dibiasky

*5.5/10*

A crítica mordaz que tem caracterizado os últimos filmes de Adam McKay esmoreceu neste disaster movie; já a sua subtileza é agora a mesma que a de "um elefante numa loja de porcelanas". Não Olhem Para Cima faz um gritante anúncio do fim do mundo e, por mais que os cientistas tentem, ninguém quer saber do que eles dizem - onde é que já ouvi isto?

"Kate  Dibiasky  (Jennifer  Lawrence),  uma  estudante  de  astronomia,  e  o  seu  professor,  o  Dr. Randall  Mindy  (Leonardo  DiCaprio),  descobrem  um  cometa  em  rota  de  colisão  directa  com  a Terra. E, para piorar a situação, ninguém mais se parece importar, porque não é fácil informar a humanidade acerca de algo do tamanho do Evereste que está prestes a destruir a Terra. Com a ajuda do Dr. Oglethorpe (Rob Morgan), Kate e Randall partem numa digressão mediática para falar com a indiferente Presidente Orlean (Meryl Streep) e o bajulador filho e chefe de gabinete desta, Jason (Jonah Hill), e participar num animado programa das manhãs apresentado por Brie (Cate  Blanchett)  e  Jack  (Tyler  Perry).  Faltam  seis  meses  para  o  impacto,  mas  gerir  o  ciclo mediático de 24 horas e conseguir a atenção de um público obcecado com as redes sociais prova ser chocantemente cómico."

Adam McKay segue o seu ritmo acelerado e crítico, mas não é certeiro no disparo. O filme vive de altos e baixos, perde-se a meio e reencontra-se num final que poderia ser bom - não fossem duas cenas cómicas exta, totalmente desnecessárias e forçadas, a concluir o enredo. 

Não Olhem para Cima tem um início promissor, bem como a ideia geral do argumento, mas perde-se em fait divers, pormenores irrelevantes e até clichés, e o foco passa do espaço para as mesquinhices da humanidade - tal como na mundo real, efectivamente. Os escândalos da política, as quezílias entre países poderosos e, claro, os EUA como o centro do mundo e das suas decisões são pouco entusiasmantes para a acção e fazem a longa-metragem cair nos mesmos erros que tenta satirizar.

DiCaprio é um cientista hipocondríaco a quem a fama sobe à cabeça, Meryl Streep surge numa versão feminina de Donald Trump, e Jonah Hill, longe do seu esplendor cómico, veste a pele do seu filho e chefe de gabinete. Só a personagem de Jennifer Lawrence parece ter os pés bem assentes na terra em todos os momentos da acção e é, sem dúvida, a única capaz de criar empatia com a plateia.

E porque ver para crer parece ser a máxima da população mundial, eis que o melhor momento de Não Olhem para Cima começa realmente quando todos olham para o céu e largam as redes sociais e teorias da conspiração. Entretanto, extrapola-se o realismo, abusa-se do absurdo e, no final, resta muito pouco do filme de Adam McKay.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Sugestão da Semana #485

Das estreias da passada Quarta-feira, a Sugestão da Semana destaca o novo filme de Adam McKay, Não Olhem Para Cima, protagonizado por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence.

NÃO OLHEM PARA CIMA


Ficha Técnica:
Título Original: Don't Look Up
Realizador: Adam McKay
Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Rob Morgan, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet, Ariana Grande
Género: Comédia, Drama, Ficção Científica
Classificação: M/14
Duração: 138 minutos

sábado, 1 de março de 2014

Oscars 2014: Os Actores Secundários

O dia 2 de Março aproxima-se a passos largos e chovem opiniões e previsões sobre nomeados e possíveis vencedores dos Oscars 2014. Como de costume, farei uma breve análise dos nomeados das principais categorias, ordenando-os por ordem de preferência. Comecemos pelos actores secundários.

1. Jared Leto em O Clube de Dallas (Dallas Buyers Club)
Jared Leto passa anos sem fazer cinema, mas quando o faz prova que devia apenas e só dedicar-se à Sétima Arte. Pode ser que o Oscar o faça reconsiderar. Para esta personagem, o actor perdeu cerca de 14 kg. Sem preconceitos, o actor entregou-se a uma personagem polémica, um transexual com SIDA e toxicodependente. Ele é Rayon, o maior aliado do protagonista de O Clube de Dallas na luta pela vida. Leto oferece-nos uma interpretação delicada, mas fenomenal, numa batalha contra a sociedade, a doença, o vicio e a rejeição da família.

2. Michael Fassbender em 12 Anos Escravo (12 Years a Slave)
Ainda não deve ser desta que Fassbender leva o Oscar para casa. Colocando-o ao lado de Leto, quase não consigo dizer qual o mais fabuloso na sua personagem. Como Epps, Fassbender é louco, implacável, completamente desequilibrado, mas ao mesmo tempo frágil na sua demência. Odiamos a sua personagem pela crueldade que comporta, mas aplaudimos de pé o grande actor capaz de incorporá-la de corpo e alma.

3. Barkhad Abdi em Capitão Phillips (Captain Phillips)
Estreante no cinema, Abdi presenteia-nos com uma personagem curiosa, que alia pobreza, brutalidade e fragilidade como poucas. Apesar de tudo, estaremos sempre a torcer também por ele ao longo de Capitão Phillips. Faltou-lhe, todavia, um pouco mais de entrega para ser um dos melhores desta lista de nomeados. Provavelmente fará melhor em futuros projectos.

4. Jonah Hill em O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
Jonah Hill provou que, com DiCaprio, forma uma das mais hilariantes duplas do cinema. Nomeação muito merecida pelo grande trabalho que faz em O Lobo de Wall Street, não consegue contudo superar os desempenhos de Leto, Fassbender e Abdi.

5. Bradley Cooper em Golpada Americana (American Hustle)
Cooper oferece-nos uma interpretação divertida - especialmente pelo visual original que não dispensa a permanente - em Golpada Americana, mas que não passa muito disso mesmo. Continua por provar se o actor é realmente capaz de nos surpreender.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crítica: O Lobo de Wall Street / The Wolf of Wall Street (2013)

"Sell me this pen!"
Jordan Belfort
*8/10*
Mais polémico do que alguma vez foi, Martin Scorsese aliou-se a Leonardo DiCaprio num projecto corajoso e provocador que nos leva aos inacreditáveis bastidores dos corretores da bolsa dos anos 80. Com a câmara de Scorsese, o argumento de  Terence Winter (baseado no livro do verdadeiro Jordan Belfort) e as alucinadas interpretações de DiCaprio e Jonah Hill, O Lobo de Wall Street chegou para chocar e surpreender.

Sexo, drogas e dinheiro são a chave da história verídica que aqui nos contam. Uma comédia que desconstrói um submundo cheio de loucura, festa e burlesco, que caminha de braço dado com grandes fraudes financeiras. Vamos rir-nos muito, mas vamos igualmente arrepender-nos de o fazer ao perceber a dimensão do drama e do "caso de polícia" que temos pela frente. Se fosse apenas ficção - sem fundo real -, ficaríamos mais descansados.

O Lobo de Wall Street conta a história verídica do corretor da bolsa nova-iorquino Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio). Belfort passa de acções de pouco valor e dos ideais de justiça para as OPV e uma vida de corrupção, no final dos anos 80. O sucesso excessivo e a sua fortuna aos vinte e poucos anos, enquanto fundador da corretora Stratton Oakmont, deram a Belfort o título O Lobo de Wall Street.


O argumento, tal como todas as componentes da longa-metragem, é atrevido, com momentos hilariantes e óptimos diálogos. A linguagem é agressiva, mas divertida, recorre frequentemente ao calão, enquadrando-se perfeitamente no ambiente de excessos que envolve O Lobo de Wall Street.

Belfort, por seu lado, é narrador e protagonista. Ele tem-nos como confidentes, conta-nos toda a sua versão dos acontecimentos, olha-nos nos olhos como se fôssemos mais uma personagem. Sentimo-nos dentro do ecrã e deixamo-nos contaminar pela atmosfera mundana e currupta. 

As cores garridas, a montagem - de Thelma Schoonmaker, habitual colaborada de Scorsese -, os enquadramentos, travellings e planos por vezes frenéticos, a utilização da câmara lenta, tudo contribui para nos contaminar com o ambiente vibrante e alucinante vivido na empresa e nas vidas daqueles corretores. Toda a componente técnica parece partilhar dos vícios dos protagonistas, no melhor sentido possível.


No elenco, destaque óbvio para Leonardo DiCaprio, seguido de perto por Jonah Hill - sem esta dupla o filme não seria o mesmo. Os dois actores proporcionam-nos momentos impressionantes e verdadeiramente inesquecíveis, de levar às lágrimas de rir. Margot Robbie assume-se como uma jovem promessa na pele da sensual esposa de Jordan. Jean Dujardin surge na pele de um banqueiro suíço, muito igual ao que nos tem habituado e com uma prestação competente. Já a pequena participação de Matthew McConaughey surge como fundamental, sendo a sua personagem o mentor de Jordan Belfort, que ajuda na construção da sua personalidade como corretor da bolsa - o diálogo entre os dois no restaurante é imperdível.

Vamos condená-lo, mas vamos também ter vergonha de gostar tanto de O Lobo de Wall Street. Martin Scorsese não tem medo de nenhum projecto e com a sua ousadia conseguiu cinco nomeações para as principais categorias dos Oscars: nem a Academia resiste à história de Jordan Belfort.