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domingo, 27 de novembro de 2022

Sugestão da Semana #536

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Crimes do Futuro, o mais recente filme de David Cronenberg, protagonizado por Viggo Mortensen, e com Léa Seydoux, Kristen StewartScott Speedman e o luso-guineense Welket Bungué no elenco. A longa-metragem tem crítica no Hoje Vi(vi) um Filme.



Ficha Técnica:
Título Original: Crimes of the Future
Realizador: David Cronenberg
Elenco: Viggo Mortensen, Léa Seydoux, Kristen Stewart, Scott SpeedmanWelket Bungué, Don McKellar
Género: Drama, Ficção Científica, Terror
Classificação: M/16
Duração: 107 minutos

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Crítica: Crimes do Futuro / Crimes of the Future (2022)

“Surgery is the new sex"
Timlin


*7.5/10*

Crimes of the Future é o regresso de David Cronenberg ao estilo que marcou grande parte da sua filmografia: um cinema visceral, onde dor e prazer se misturam. Longe de ser tão chocante como alguns dos seus títulos mais famosos, o filme demonstra como a criatividade do realizador não se esgota, enquanto recupera temas sobre os quais já tem trabalhado.

"Crimes of the Future mergulha num futuro não tão distante onde a humanidade aprende a adaptar-se a ambientes sintéticos. Esta evolução leva o ser humano para lá do seu estado natural, para uma metamorfose, alterando a sua composição biológica. Enquanto alguns abraçam o potencial ilimitado deste transhumanismo, outros tentam policiar o mesmo. Saul Tenser é um apreciado artista que abraçou esta Síndrome de Evolução Acelerada, germinando órgãos novos e inesperados no seu corpo." Ele e a sua parceira, Caprice, fazem da remoção destes órgãos um espectáculo artístico, perante uma plateia maravilhada. No entanto, são muitos os que os vigiam.


A estranheza está de volta ao cinema de David Cronenberg. Num futuro onde tudo é antigo e está em ruínas, os corpos alteram-se e a dor, o prazer e a arte misturam-se para o êxtase das massas, que sempre deliraram com o grotesco. Eis Crimes of the Future, a sua estética singular e personagens tão ambíguas, mas igualmente fascinantes. E no meio de uma biologia tão doente e corrompida, eis que os adeptos do sintético, e até os cépticos, se imiscuem entre os admiradores da componente artística da doença.

O body horror regressa à filmografia de Cronenberg, onde, agora, o prazer é obtido através da combinação da arte e da dor (ausente na maioria dos humanos). E eis que o realizador volta a explorar os corpos e as mais inesperadas formas de prazer.


Esteticamente tudo é antiquado (ruas, casas, corpos, sensações), e nem a tecnologia tem um aspeto moderno, mas sim mecânico, industrial - e, algumas vezes, até monstruoso. O fabuloso trabalho da direcção artística, com uma criatividade imensa, cria um ambiente tão ambíguo que condiz com o enredo, conferindo-lhe ainda maior estranheza. A direcção de fotografia potencia todo o obscurantismo da história, dos cenários e dos actos das personagens, entre sombras, tons escuros e cores vívidas, tudo filmado e iluminado, tal qual uma pintura clássica. 


E por entre a excentricidade de Crimes of the Future, com todas características que têm marcado a carreira de David Cronenberg, pode encontrar-se uma mensagem ecológica (desde o mundo em ruínas, a abundância do plástico, os tumores cada vez mais complexos, uma genética cada vez menos natural, etc.) entre as linhas do argumento. 

No elenco, Viggo Mortensen surge de figura frágil como Saul, atormentado por um corpo em constante mutação, num desempenho tão contido como violento. Destaque ainda para Kristen Stewart, a atraente e algo bizarra burocrata Timlin; e para o luso-guineense Welket Bungué, um polícia misterioso e descrente na evolução "artística" do corpo.


Em Crimes of the Future, David Cronenberg repete a fórmula e continua a dividir o público, entre o choque do visceral e a forma provocadora como recupera os mesmos temas, dotando-os de actualidade, num misto de violência e beleza visual.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Oscars 2019: Os Actores Principais

Olhemos agora para os nomeados para o Oscar de Melhor Actor. Ethan Hawke é o nomeado ausente - o melhor desempenho masculino do ano passado, totalmente ignorado pela Academia. Entre os cinco candidatos, há dois nomes fortes, mas todos os desempenhos estão a níveis bastante semelhantes. Vou abster-me quanto a Willem Dafoe pois ainda não assisti ao seu filme. Eis os nomeados para Melhor Actor, por ordem de preferência:



Bradley Cooper mostra que sabe cantar... e não só. Cooper é, sem dúvida, a grande Estrela do título do seu filme. Afinal, ali há talento, e muito. Nunca imaginei vê-lo num papel com a entrega e emoção que coloca em Jackson Maine. O actor (agora sim, podemos chamá-lo actor) transmite-nos o desespero e desencanto, o vazio que sente, a mágoa e tristeza. Ele sofre e faz-nos ter piedade da sua personagem, esquecendo, por vezes, que Lady Gaga também está no ecrã. Cria-se uma empatia imensa com Cooper que parece ter esperado muitos anos por uma personagem com esta força e carácter. É arrepiante vê-lo. E por muitas graças que se possam fazer acerca da sua personagem em A Ressaca, nada se compara a este alcoólico doente e sem forças, nem esperança.



Já estamos habituados às inúmeras transformações de Christian Bale de personagem para personagem, mas nunca estamos verdadeiramente preparados para a próxima. Em Vice, surge mais uma vez camaleónico e assustadoramente semelhante a Cheney em expressões, gestos e até na voz e forma de falar. Um fabuloso desempenho.



Rami Malek é quem conduz Bohemian Rhapsody e o faz valer a pena. Uma interpretação quase idêntica ao verdadeiro Freddie, o que vai para além da caracterização ou parecenças físicas. Malek estudou minuciosamente os gestos, os movimentos, a forma de andar de Freddie Mercury... Uma interpretação convincente e cheia de dedicação.



Viggo Mortensen forma uma dupla-maravilha como Mahershala Ali, na pele de um italo-americano gabarola e um tanto grosseiro. Viggo engordou para fazer esta personagem, e a comida italiana parece ter sido a dieta ideal. O actor é tão boçal como sincero, numa pureza conspurcada mas ainda com alguma doçura ou inocência. Dos modos racistas iniciais, Tony vai aprendendo muito com Don - e igualmente ensinando -, e entre as diferenças surgem muitos pontos comuns. Tão diferentes e tão complementares.

Willem Dafoe (At Eternity's Gate)
 

Sem avaliação

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Crítica: Green Book - Um Guia para a Vida (2018)

"You never win with violence. You only win when you maintain your dignity."
Dr. Don Shirley


*7.5/10*

Peter Farrelly saiu da sua zona de conforto e trouxe para o grande ecrã a história de amizade entre dois homens muito diferentes, nos anos 60, que apresenta, em uníssono, o racismo vivido no sul dos Estados Unidos à época. Green Book - Um Guia para a Vida é um despretensioso retrato de como ainda muito há para fazer no mundo para que os preconceitos desapareçam.

É na simplicidade e, fundamentalmente, nos protagonistas que Green Book é uma aposta ganha. Um filme que não quer ser mais do que aquilo que é - passa uma mensagem séria e ainda actual, através do humor, com um guião bem escrito e tão bem interpretado. Mahershala Ali Viggo Mortensen formam uma dupla insuperável.


Green Book conta a história real de um famoso pianista negro, Dr. Don Shirley, que contrata um segurança italo-americano, Tony Lip, para o conduzir pelo Sul dos Estados Unidos, durante a sua tournée de espectáculos, nos anos 60.

A previsibilidade do argumento não desfaz o bom trabalho de Peter Farrelly que sabe jogar com alguns clichés (e se o são é porque ainda existem) com maturidade e dá provas de se entregar aos desafios. Nada de comédias românticas ou disparatadas, isso só com o mano, Bobby Farrelly. Peter, sozinho, leva tudo mais a sério.

Tony e Don desfazem preconceitos racistas, e debatem-se com dilemas e injustiças, que se vão tornando claras através do The Negro Motorist Green Book, um guia para viajantes negros terem uma viagem segura numa altura de segregação racial, em especial nos estados sulistas dos EUA. A revolta sente-se na plateia e no ecrã, onde aprendemos - mais uma vez - que a violência não é solução, mesmo quando os vilões possam estar "mesmo a pedi-las". Green Book ensina a tolerância.

Mahershala Ali faz um trabalho fenomenal na pele de Don Shirley, mais ainda sabendo que há poucos registos filmados do pianista. Mahershala agarra-se a todas as informações que obteve e constrói uma personagem culta, íntegra e solitária, com uma grande crise de identidade. Um homem  snobe, que engole o orgulho para ganhar a vida com o seu talento - aquilo que mais prazer lhe dá fazer -, enquanto se debate com uma realidade racista e inumana que lhe está tão longe, mas também tão perto.


Viggo Mortensen completa a dupla-maravilha, na pele de um italo-americano gabarola e um tanto grosseiro. Viggo engordou para fazer esta personagem, e a comida italiana parece ter sido a dieta ideal. O actor é tão boçal como sincero, numa pureza conspurcada mas ainda com alguma doçura ou inocência. Dos modos racistas iniciais, Tony vai aprendendo muito com Don - e igualmente ensinando -, e entre as diferenças surgem muitos pontos comuns. Tão diferentes e tão complementares.

Green Book é uma quase inacreditável história de paradoxos, numa viagem que vem quebrar todos os preconceitos e ensinar o respeito. Mais uma lição para os Estados Unidos - e para o Mundo. A prova de como ainda há muito a mudar e de que, se o que neste filme vemos são clichés, é porque estes ainda estão bem vivos nos dias actuais.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Sugestão da Semana #361

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Green Book - Um Guia para a Vida, de Peter Farrelly, com Viggo Mortensen e Mahershala Ali nos papéis principais.

GREEN BOOK - UM GUIA PARA A VIDA


Ficha Técnica:
Título Original: Green Book
Realizador: Peter Farrelly
Actores: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda CardelliniSebastian ManiscalcoDimiter D. Marinov
Género: Biografia, Comédia, Drama
Classificação: M/12
Duração: 130 minutos

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Momentos para Recordar #51

No Sábado, Portugal perdeu com o Uruguai e saiu do Mundial de Futebol. Estamos tristes, mas nada que um Momentos para Recordar não possa consolar. Mais ainda sendo o escolhido de hoje Capitão Fantástico, uma excelente surpresa que passou muito despercebida pelos cinemas.

Capitão Fantástico (Captain Fantastic), Matt Ross (2016)

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Oscars 2017: Os Actores Principais

Para finalizar, avalio agora os nomeados para o Oscar de Melhor Actor. Numa categoria onde o vencedor não é evidente, encontramos quatro desempenhos fabulosos (onde é quase impossível escolher o melhor) e uma prestação muito inferior às restantes. O melhor é que temos interpretações para todos os gostos. Eis os nomeados, por ordem de preferência:

Casey Affleck é o motor da narrativa e seguimo-lo de Boston a Machester-by-the-sea, entre o presente e passado, num conflito interior constante. Um homem triste, deprimido, com uma aura cheia de mágoa e culpa. O actor transparece todas estes sentimentos e emoções sem esforço e faz-nos nutrir facilmente uma simpatia tímida pela sua personagem reservada. Uma interpretação muito sentida e competente do actor que, cada vez mais, vai mostrando quem é o Affleck talentoso.

2. Viggo Mortensen por Capitão Fantástico (Captain Fantastic)
Viggo Mortensen é o outsider da categoria de Melhor Actor, pelo seu papel num filme sem mais nenhuma nomeação (mas que merecia, sem dúvida, estar na corrida para Melhor Argumento Original). O actor encarna uma personagem surpreendente, o homem que cria os filhos no meio da natureza, com exigência, rigor mas muito amor - à sua maneira. Poderá passar por lunático, vagueia entre a inconsciência e a vontade de que os filhos sejam os melhores e estejam o melhor preparados possível para o mundo. Firme e seguro ao início, a tristeza, o desalento e as dúvidas vão tomando conta da sua personagem ao longo de Capitão Fantástico. Uma verdadeira surpresa.

Ao lado de Emma Stone, Ryan Gosling canta, dança e representa. Em La La Land, o actor mostra a sua versatilidade, provando como se sabe reinventar e surpreender. Vai na sua segunda nomeação (que podia ser terceira, caso o tivessem nomeado pelo fabuloso papel em Blue Valentine), e ainda não é desta que leva o Oscar.

Denzel Washington encarna com a naturalidade da prática (representou no teatro esta mesma personagem, mais de 100 vezes) um homem de sonhos perdidos, que refugia no álcool os seus desgostos, em constante conflito com os filhos, ambicioso e egoísta. Quer fazer tudo pela família, mas são mais as oportunidades de triunfo que lhes rouba. Sendo quase omnipresente, não deixa de ser uma personagem incapaz de conquistar a plateia, tanta é a amargura que carrega em si. 

A ser nomeado, Andrew Garfield devia sê-lo por Silêncio, onde tem um desempenho especialmente bom a interpretar um padre jesuíta português no Japão, que sofre, perde-se e encontra-se, contra crenças e injustiças. Já em O Herói de Hacksaw Ridge, Garfield é dramático, frágil e inocente como a personagem pede, e cedo conquista a simpatia da plateia. No entanto, o fôlego que o filme precisa só chega quando passamos a ver Desmond tentar salvar os seus colegas feridos no campo de batalha. O actor é o anjo protector daquela batalha, incansável, mas de tão angelical, torna-se pouco convincente.