sábado, 31 de janeiro de 2015

Crítica: A Teoria de Tudo / The Theory of Everything (2014)

"I have a slight problem with the celestial dictatorship premise."
Stephen Hawking

*7/10*

"Conto de fadas" é uma boa expressão para caracterizar A Teoria de Tudo que, apesar do seu tom positivo e romântico, não deixa de se revelar melhor do que o esperado, assentando especialmente nas surpreendentes interpretações do seu elenco. Tudo é muito cor-de-rosa, construído para ser bonito ou para emocionar, mas, no fim de contas, A Teoria de Tudo acaba por ser um interessante e intimo retrato de um casamento que durou o tempo que tinha de durar.

A Teoria de Tudo debruça-se sobre a relação entre o famoso físico Stephen Hawking e a sua mulher Jane, desde o tempo da Universidade, quando o diagnosticaram com esclerose lateral amiotrófica.

Anthony McCarten adaptou o livro de Jane Hawking, e falha ligeiramente por não se dedicar um pouco mais a Stephen e às suas descobertas, mas sim, quase exclusivamente, ao seu casamento. O tom é demasiado romântico, construído para apelar às lágrimas da plateia, mas com uma aura positiva que torna tudo menos emocionante do que se tivesse um pouco mais da crueza da realidade. No centro de A Teoria de Tudo está, exactamente, um casamento e a forma como o casal lidou com o desenvolvimento da doença de Stephen. O Tempo tem aqui também uma importância simbólica curiosa, menos pelas teorias do físico que apenas conhecemos brevemente, mas pela forma como os dois anos de esperança de vida que lhe deram se traduziram em muitos mais e em muitos feitos, pessoais e profissionais.


No final, conhecemos melhor a mulher do que o homem - talvez porque tudo tenha sido inspirado nas suas memórias -, e, se a realidade for tão semelhante à ficção, aqui temos uma grande mulher. Tão grande como ela é a interpretação de Felicity Jones, que se entrega de alma e coração à personagem, que parece ter estudado bem, numa especial atenção a gestos e palavras. O esforço dá frutos e, como JaneFelicity sofre e sacrifica-se como poucas.

Ao seu lado está Eddie Redmayne como Stephen, numa interpretação extremamente física, que exigiu do actor um treino esforçado. Perdeu peso, alterou a postura, e o resultado é surpreendente, mesmo nas parecenças com o original. Apesar de muito competente, talvez Redmayne tenha colocado o desempenho físico ligeiramente à frente do psicológico e seria interessante ter sentido um pouco mais de entrega nesse aspecto.


Tecnicamente, tudo parece estar desenhado de acordo com a história, com James Marsh a fazer um trabalho competente mas muito muito "encantado" - o encanto vai passando com o deteriorar do estado de saúde de Stephen - na realização, e com a banda sonora, de Jóhann Jóhannsson a destacar-se como o ponto mais forte.

A Teoria de Tudo é, fundamentalmente, um filme de grandes interpretações, onde viajamos no tempo e acompanhamos a intimidade de um casal e a sua luta para lidar com a doença, que chegou cedo demais.

1 comentário:

Unknown disse...

Quero dizer-lhe que adoro os filmes porque são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador. Desde que vi o elenco de A Teoria de Tudo imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Felicity Jones, uma atriz muito comprometida. Eu a vi recentemente em Filme Sete Minutos Depois Da Meia Noite. É uma historia que vale a pena ver. Para uma tarde de lazer é uma boa opção. A direção de arte consegue criar cenas de ação visualmente lindas.