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terça-feira, 1 de julho de 2025

Crítica: O Ancoradouro do Tempo (2024)

"Só sei que aqui todos somos ruínas, a única pessoa inteira és tu."

Marta


*7/10*

Em O Ancoradouro do Tempo, Sol de Carvalho adapta ao grande ecrã o livro de Mia Couto (que assina o argumento em co-autoria com o realizador), A Varanda do Frangipani.

Uma pequena fortaleza isolada - o filme foi integralmente filmado na Fortaleza de São Sebastião, na Ilha de Moçambique - serve de cenário a esta longa-metragem que vive entre o Passado e o Presente, o drama e o misticismo, e onde as ruínas e a paisagem proporcionam planos impressionantes.

"Izidine, um inspector da polícia moçambicana recém-promovido, é chamado a um lar de idosos situado numa antiga fortaleza colonial para investigar um crime: o director, Vasto Excelêncio, foi morto. Marta, a enfermeira, tenta chamar a atenção para o verdadeiro crime, a própria existência do lar. Ao mesmo tempo, o detective confronta-se com um facto insólito: todos confessam ser os autores do crime."

Com um argumento bem construído e empolgante, potenciado por excelentes opções de montagem, que alternam entre passado e presente, e se distinguem, essencialmente, pela mudança da cor para o preto e branco, nos momentos de flashbacks, O Ancoradouro do Tempo é uma obra desafiadora q.b. Desde logo, a investigação de um crime onde todos se assumem como sendo o assassino, cada um com a sua versão da morte - e correspondente reconstituição - cria um enigma mordaz, quer para o inspector, como para a plateia. E, mesmo que alguns momentos possam ser um pouco previsíveis, o certo é que seguem-se alguns plot twist surpreendentes.

O elenco faz um trabalho muito competente, com destaque para o protagonista, Izidine, interpretado por Horácio Guiamba, que enfrenta os desafios do caso, mas também um reviver de traumas de infância.

Esteticamente, é fundamental destacar o belíssimo trabalho da direcção de fotografia de André Guiomar: o jogo entre luz e sombras, que constrói muito do lado fantasmagórico da acção, especialmente nas cenas nocturnas, muito bem iluminadas, mas também de dia, tirando todo o partido da beleza da ilha.

Entre o suspense, a superstição, os fantasmas do passado colonial e das práticas macabras baseadas em mitos e falsas crenças, ainda presentes na região, Sol de Carvalho regista como o isolamento de uma ilha pode deixar qualquer um louco, ou apenas mais consciente da sua própria realidade.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Sugestão da Semana #672

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca O Ancoradouro do Tempo, de Sol de Carvalho, que adapta o livro de Mia Couto, A Varanda do Frangipani.

O ANCORADOURO DO TEMPO


Ficha Técnica:
Título Original: O Ancoradouro do Tempo
Realizador: Sol de Carvalho
Elenco: Tomas Bie, Josefina Massango, Mário Mabjaia, Maria Adamugy, Horácio Guiamba
Género: Drama
Classificação: M/12
Duração: 105 minutos

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Encontros do Cinema Português 2025: As Próximas Estreias e os Grandes Destaques do Cinema Português

A 10.ª edição dos Encontros do Cinema Português aconteceu no passado dia 4 de Junho, nos Cinemas NOS Vasco da Gama, e contou com a apresentação de 45 projectos de produção nacional e a participação de mais de 300 representantes da indústria: produtores, realizadores, argumentistas, actores e imprensa, entre outros. No decorrer do evento, foram apresentadas obras que estrearam ou estão prestes a estrear no circuito de festivais e cinemas, e outras que ainda estão em processo de produção ou pós-produção. Um dos títulos apresentados acabou de estrear em sala, Hotel Amor, de Hermano Moreira.

Susanna Barbato (NOS Audiovisuais) na abertura dos Encontros do Cinema Português 2025

Os Encontros do Cinema Português foram criados em 2016 e, em nove edições, passaram pelo evento cerca de 350 projectos e mais de 2 mil participantes.

Lançado na edição anterior, o Prémio Canal Hollywood regressou este ano e foi entregue ao filme Pátio da Saudade, de Leonel Vieira, produzido pela Volf Entertainment. A longa-metragem tem estreia prevista para Agosto de 2025. Este prémio é entregue ao filme com maior potencial comercial, com foco na sua divulgação junto do grande público, através de um apoio (55 mil euros) dedicado à promoção do projecto vencedor.

O evento começou com a apresentação de um estudo da CresCine, por Manuel Damásio, Director do Departamento de Cinema e Artes dos Media da Universidade Lusófona, que analisou a evolução do cinema em países europeus comparáveis a Portugal. O momento contou com uma conversa com Luis Chaby (ICA) e algumas perguntas da plateia. A finalizar o dia dedicado ao Cinema Português, esteve o habitual debate, desta vez subordinado ao tema O cinema português daqui a 10 anos, com a participação de Susanna Barbato (NOS Audiovisuais), Nuno Aguiar (NOS Cinemas), Elsa Mendes (Plano Nacional de Cinema), e os realizadores Ruben Alves e Bernardo Lopes. A moderação esteve a cargo do jornalista Vítor Moura.

O Hoje Vi(vi) um Filme marcou presença nos Encontros para ficar a par das novidades cinematográficas nacionais a estrear nos próximos meses.

Os Destaques e as Próximas Estreias

Entre os títulos apresentados, destaque para 18 Buracos para o Paraíso (o ano passado apresentado com o título provisório de O Último Verão), de João Nuno Pinto, filmado através dos pontos de vista de três personagens, interpretadas por Margarida Marinho, Beatriz Batarda e Rita Cabaço. Esta longa-metragem tem ainda a particularidade de ser o primeiro filme português a receber a certificação Green Film, para produções audiovisuais sustentáveis. Ainda com um título provisório, Degelo, de Ricardo Oliveira, cativou as atenções da plateia, com uma história passada numa icónica casa, aparentemente assombrada, e em torno do seu dono, filhas e hóspedes. O filme é protagonizado pela banda Capitão Fausto (Tomás Wallenstein apresentou o filme nos Encontros) e Zeca Medeiros.

Estreados no Festival de Cannes 2025, Entroncamento, de Pedro Cabeleira, e O Riso e a Faca, de Pedro Pinho, - que conquistou o Prémio de Melhor Actriz na secção Un Certain Regard para Cleo Diára (que entra nos dois filmes e marcou presença nos Encontros) - foram dois dos filme que mais expectativas têm criado junto dos amantes de cinema. Ainda sem data de estreia confirmada, está previsto que os filmes cheguem às salas de cinema entre o último trimestre de 2025 e o primeiro semestre de 2026.

O mega-projecto de Ivo M. Ferreira, Projecto Globaluma ficção sobre as FP-25 - que resultará em filme e numa minissérie para a RTP -, já apresentado nos Encontros de 2024, vê a estreia comercial mais próxima, possivelmente perto do final deste ano, e cujas vendas internacionais estão a cargo da The Match Factory.

A Memória do Cheiro das Coisas, de António Ferreira, tem como protagonista um veterano da Guerra Colonial e os preconceitos que carrega consigo. A longa-metragem tem estreia comercial prevista até ao final de 2025 e está actualmente a fazer o seu percurso internacional pelos festivais, onde recentemente José Martins conquistou o Prémio de Melhor Actor no Festival Internacional de Cinema de Xangai.

A primeira longa-metragem de Sebastião Salgado chama-se Solos, é filmado em Almada e conta a relação conturbada entre filho (Afonso Laginha), pai (Ricardo Pereira) e avô (João Pedro Bénard). Afonso Laginha e o realizador estiveram presentes e apresentaram algumas imagens do filme. Também Duarte Neves apresentou o seu primeiro filme Match (em fase de pós-produção), protagonizado por Rodrigo Soares, que o acompanhou nos Encontros do Cinema Português.

Ainda sem data de estreia, mas a mostrar muito potencial, está Terra Vil, a primeira longa-metragem de Luís Campos que se tem distinguido nas curtas. O filme segue João, de 12 anos, que vive com o seu instável pai António, que se debate com um problema de alcoolismo. Os acontecimentos passam-se na zona de Entre-Os-Rios e mostram como a tragédia de 2001 ainda afecta a população da região. Por sua vez, Bernardo Lopes apresentou a sua longa Amanhã Já Não Chove, com Rita Durão Isabel Zuaa.

Com estreia prevista para o final de 2025, está o novo filme de Carlos Conceição, Baía dos Tigres, que retoma a ligação do realizador a Angola e é protagonizado por João Arrais, colaborador assíduo de Conceição. Realizado por Graça Castanheira, o documentário Querido Mário constrói-se a partir de correspondência trocada entre Maria Barroso e Mário Soares, anos antes do 25 de Abril de 1974. Um filme que alerta para o facto da Liberdade não ser um dado adquirido. A Cabeça Não é um Sítio Seguro, primeira longa-metragem de Joana Caiano, é um documentário sobre saúde mental, filmado no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa. Também nos documentários, destaque para Orlando Pantera, de Catarina Alves Costa, sobre o músico cabo-verdiano que partiu demasiado cedo. O filme foi um sucesso no IndieLisboa e aguarda agora a sua estreia comercial. Ainda de destacar é o próximo documentário de Miguel Gonçalves Mendes, De Lugar Nenhum, sobre o escritor Valter Hugo Mãe.

Depois de um breve vislumbre nos Encontros do Cinema Português de 2024, José Filipe Costa regressou para apresentar o seu Pai Novo - Os Últimos Dias de Salazar, agora já finalizado e depois de ter passado pelo festival IndieLisboa. O filme, que relata os últimos anos de Salazar desde que deixa de ser Presidente do Conselho, tem estreia comercial prevista para Outubro de 2025. Também para Outubro, está prevista a estreia de As Meninas Exemplares, de João Botelho

Para breve, estão as estreias de títulos como A Vida Luminosa, de João Rosas, e Mississipis, de António-Pedro, ambas marcadas para 26 de Junho, a que se acrescenta ainda O Ancoradouro do Tempo, de Sol de Carvalho, apresentado nos Encontros do Cinema Português 2024. Para 11 de Setembro, está marcada a estreia de A Pianista, de Nuno Bernardo, sobre a temática da clonagem, com Teresa Tavares, Miguel Borges e Gonçalo Almeida.


Eis a listagem dos 45 filmes apresentados nos Encontros do Cinema Português 2025:

18 Buracos para o Paraíso, João Nuno Pinto

A Vida Luminosa, João Rosas

Decorado, Alberto Vázquez

Ana, en Passant, Fernanda Salgado

Criadores de Ídolos, Luís Diogo

Degelo, Ricardo Oliveira

Mississipis, Antonio - Pedro

Baía dos Tigres, Carlos Conceição

Querido Mário, Graça Castanheira

A Cabeça não é um sítio seguro, Joana Caiano

A Senhora da Serra, João Dias

Entroncamento, Pedro Cabeleira

Complô, João Miller Guerra

Pai Nosso, José Filipe Rocha

O Riso e A Faca, Pedro Pinho

O Pátio da Saudade, Leonel Vieira

A Jump In Tech - The Impact of Women Code, Rute Moreira

Este É O Teu Momento, Rute Moreira

Óculos de Sol Pretos, Pedro Ramalhete

As Meninas Exemplares, João Botelho

O Poeta Rei, Carlos Gomes

Os Figos do Meu Avô ou Reflexões Sobre Memórias Próximas, Fernando Bastos

Morte e Vida Madalena, Guto Parente

A Quinta, Avelina Prat

Projecto Global, Ivo M. Ferreira

Lugar dos Sonhos, Diogo Morgado

La Vie de Maria Manuela, João Marques

Hotel Amor, Hermano Moreira

Orlando Pantera, Catarina Alves Costa

A Memória do Cheiro das Coisas, António Ferreira

Guided by the Stars, David Nascimento

Solos, Sebastião Salgado

C'est Pas la Vie en Rose, Leonor Bettencourt Loureiro

Filma isto!, Ricardo Teixeira

As Aves, Pedro Magano

Caronte, Tânia Teixeira

Sodade, Hugo Diogo

Match, Duarte Neves

Chão Verde de Pássaros Verdes, Sandra Inês Cruz

Terra Vil, Luís Campos

Cativos, Luís Alves

Vivi Nascosto Guido Guidi, Paulo Catrica

A Pianista, Nuno Bernardo

Amanhã já não chove, Bernardo Lopes

De Lugar Nenhum, Um Retrato de Valter Hugo Mãe, Miguel Gonçalves Mendes

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Sugestão da Semana #669

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca As Melusinas à Margem do Rio, de Melanie Pereira.

AS MELUSINAS À MARGEM DO RIO


Ficha Técnica:
Título Original: As Melusinas à Margem do Rio
Realizadora: Melanie Pereira
Género: Documentário
Classificação: M/16
Duração: 84 minutos

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Crítica: A Savana e a Montanha (2024)

*7/10*


Em A Savana e a Montanha, o realizador Paulo Carneiro alia-se à população da aldeia de Covas do Barroso para dar voz cinematográfica a uma luta contra o Poder. Eis um filme de resistência numa época em que estes escasseiam, traduzido numa espécie de docuficção em jeito de "western musical".

"A comunidade de Covas do Barroso, no norte de Portugal, descobre que a empresa britânica Savannah Resources planeia construir a maior mina de lítio a céu aberto da Europa a poucos metros das suas casas. Diante dessa ameaça iminente, o Povo decide organizar-se para expulsar a empresa das suas terras."


Paulo Carneiro traz para o Cinema a realidade de uma pequena localidade em Trás-Os-Montes, dando visibilidade a uma luta quase silenciada pelos media e pelos Governos. A Savana e a Montanha é uma nova forma de cinema de intervenção. Junta uma equipa composta por profissionais e amadores para voltar a por na ordem do dia a indignação e luta de uma comunidade. É o povo - e o cinema - contra os governantes e as grandes empresas, para salvar a sua aldeia e o ambiente.

O realizador converte esta luta num western onde a música não falta (Carlos Libo trata das canções de intervenção), hiperbolizando o conflito real num enredo cinematográfico que não deixa para trás o lado reivindicativo. 


Os habitantes de Covas do Barroso são os heróis, os indígenas que defendem as suas terras, numa batalha contra um perigoso e poderoso inimigo invisível, pelo menos fisicamente, na longa-metragem. As notícias na televisão, máquinas no terreno e as conversas entre personagens levam a compreender quem é o vilão: o cowboy da Savannah Resources e seus aliados.

Ao filmar em película de 16mm, Paulo Carneiro torna as imagens tão mais cinematográficas quanto realistas, tirando partido da beleza da paisagem, mas igualmente, do lado lúdico e ficcional do filme.


A mágoa da população, cuja luta ainda está longe de alcançar o resultado desejado, transforma-se em alento e alegria por ter Paulo Carneiro (já seu conhecido devido ao filme Bostofrio, où le ciel rejoint la terre, filmado numa aldeia vizinha) a trabalhar esta batalha com criatividade e algum humor.

A Savana e a Montanha é um filme de união, mas igualmente de confronto com a realidade. Um grito de revolta de um povo, que já não tem medo.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

IndieLisboa 2025: Duas Vezes João Liberada / Two Times João Liberada (2025)

"Não me faz sentido nenhum fazer isto à personagem... Desculpem."

João

*9/10*

Duas Vezes João Liberada marca a estreia de Paula Tomás Marques nas longas-metragens, após uma muito prometedora filmografia de curtas. 

No seguimento do que já aconteceu em Dildotectónica (2023), Paula volta a criar uma personagem ficcional, construída através de registos reais. Sem medo de correr riscos, a realizadora quebra e desmistifica tabus, ao mesmo tempo que a inspiração histórica - com a personagem de Liberada a nascer a partir de uma vasta investigação da realizadora e da protagonista June João (que assinam o argumento em conjunto) nos registos da Inquisição em Portugal e relatos de historiadores - torna tudo ainda mais mágico e entusiasmante.

"João, uma actriz lisboeta, protagoniza um filme histórico biográfico sobre Liberada, uma jovem dissidente de género perseguida pela Inquisição. Após o realizador do filme ficar misteriosamente paralisado, João é assombrada pelo espírito da personagem."

Eis que Duas Vezes João Liberada mostra o filme dentro do filme, guiado por uma metanarrativa, com nuances históricas e uma desmistificação da dissidência de género ao longo dos séculos. A desconstrução dos acontecimentos é feita de forma competente e cativante, revelando os bastidores da rodagem do filme sobre Liberada e a divergência de pontos de vista entre realizador e actriz principal. Aí, entra em acção um elemento terror/fantástico: o fantasma da "verdadeira" Liberada a assombrar a equipa de filmagens, mas principalmente, João (numa excelente prestação de June João) e o realizador.

É como se apenas João fosse capaz de compreender qual é a correcta representação, a partir do Presente, de uma (suposta) figura histórica. É também isso que Paula Tomás Marques pretende fazer com esta personagem fictícia, que poderia representar outras que realmente existiram, mas sobre quem não se sabe toda a história e, como tal, seria impossível replicá-las dignamente. É fundamental deixá-las livres de preconceitos.

Sem apoios financeiros públicos, a equipa de Duas Vezes João Liberada criou uma obra notável, com grande empenho e entreajuda de todos os elementos. Paula Tomás Marques optou por filmar em película de 16mm, o que confere ainda maior magia à longa-metragem. Se, por um lado, toda a equipa pôde experienciar a necessidade de economia que a fita exige, verdade é que o resultado é surpreendente, com planos exemplares e um trabalho que tira o maior partido da luz e cores. Ao mesmo tempo, a montagem e os efeitos visuais práticos funcionam com uma naturalidade que torna a assombração ainda mais "realista".

Na sua primeira longa-metragem, Paula Tomás Marques mostra, cada vez mais, uma enorme criatividade e inteligência na abordagem dos temas que têm caracterizado o seu trabalho. Não falta algum humor, uma fantasma que sabe o que quer e muito respeito pelas pessoas queer e dissidentes de género que ficaram registados na História.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

IndieLisboa 2025: Primeira Pessoa do Plural (2025)

"Vês coisas ainda?"
Irene


*5/10*

Sandro Aguilar é um realizador com uma estética e narrativa muito próprias na sua filmografia. Primeira Pessoa do Plural é uma nova incursão num drama fantasioso e cheio de devaneios de realizador e personagens.

"Mateus Lagoa e a sua esposa Irene preparam-se para celebrar o vigésimo aniversário de casamento num luxuoso resort numa ilha tropical, deixando o filho adolescente perigosamente à deriva."

Ao longo da história que conta, Primeira Pessoa do Plural é um delírio, seja devido aos efeitos secundários das vacinas contra as doenças tropicais que os protagonistas tomaram, seja por vontade do realizador, que experimenta sem pudores várias opções cinematográficas. 


Os actores, em especial Albano Jerónimo (como Mateus, mas que vai tendo uma variedade de outros nomes ao longo da longa-metragem), aproveitam a liberdade criativa do cineasta e do próprio filme, e exploram os seus limites, entre as febres altas, os sonhos vívidos e as sensações que uma viagem tropical poderia causar. O filho do casal, que fica em Portugal, apesar de não padecer de efeitos secundários, parece contagiar-se pelo descontrolo dos pais, e vive solitário entre traumas do passado e os desafios da adolescência.

A par da loucura febril de Mateus e Irene, o luto paira como uma assombração sobre o casal e o seu filho, cada um com a sua forma de lidar com ele. Um quarto vazio de gente, um velório inusitado, tudo se confunde entre o real e o delírio - mas a dor mais profunda está verdadeiramente presente.


A direcção de fotografia de Rui Xavier é exímia neste experimentalismo de Aguilar, e aproveita cada particularidade para criar um quadro vivo, tirando partido de alguns dos adereços que as personagens usam ou que as rodeiam - nota positiva para direcção artística e guarda-roupa. Já a montagem arriscada acentua a desconexão de acontecimentos e a confusão mental das personagens.

Todavia, o grande defeito de Primeira Pessoa do Plural é que, efectivamente, não chegará ao Nós a que o título apregoa. Fiel a si, Sandro Aguilar parece filmar sempre na primeira pessoa do singular. É um exercício de estilo e de ideias soltas, com algum humor à mistura, mas sem se conectar com o público. E aí está a sua maior falha.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Sugestão da Semana #663

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro.

A SAVANA E A MONTANHA


Ficha Técnica:
Título Original: A Savana e a Montanha
Realizador: Paulo Carneiro
Elenco: Aida Fernandes, Maria Loureiro, Elisabete Pires, Lúcia Pires, Daniel Loureiro
Género: Drama
Classificação: M/12
Duração: 77 minutos

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Prémios Sophia 2025: Vencedores

A cerimónia da 14.ª edição dos Prémios Sophia aconteceu este Domingo, 27 de Abril, no Casino Estoril, em Cascais, sob o tema "Cinema é Paixão". Grand Tour, de Miguel Gomes, foi o grande vencedor da noite ao conquistar os Sophia nas principais categorias, incluindo melhor filme.

Grand Tour, de Miguel Gomes ©2024 - Uma Pedra No Sapato

Eis a lista completa de vencedores:

Melhor Filme
A Flor do Buriti, João Salaviza, Renée Nader Messora, Ricardo Alves Jr. e Julia Alves (produção) - Karõ Filmes
Grand Tour, Filipa Reis (produção) - Uma Pedra no Sapato
O Teu Rosto Será o Último, Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola (produção) - Ukbar Filmes
Revolução (sem) Sangue, Sónia Resende (produção) - Station Productions

Melhor Realização
João Salaviza e Renée Nader Messora, A Flor do Buriti
Miguel Gomes, Grand Tour
Paulo Abreu, UBU
Rodrigo Areias, O Pior Homem de Londres

Melhor Argumento Original
João Salaviza, Renée Nader Messora, Francisco Hyjnõ Krahô, Ilda Patpro Krahô e Henrique Ihjãc Krahô, A Flor do Buriti
Mariana Ricardo, Telmo Churro, Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, Grand Tour
Eduardo Brito, O Pior Homem de Londres
Rui Pedro Sousa e AMP Rodriguez, Revolução (sem) Sangue

Melhor Argumento Adaptado
Luís Filipe Rocha, O Teu Rosto Será o Último, adaptado a partir da obra O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro
Jeanne Waltz, O Vento Assobiando nas Gruas, adaptado a partir da obra O Vento Assobiando nas Gruas, de Lídia Jorge
José Eduardo Agualusa, Os Papéis do Inglês, adaptado a partir da obra Trilogia Os Filhos do Próspero, de Ruy Duarte de Carvalho
Paulo Abreu e André Gil Mata, UBU, adaptado a partir da obra Ubu Rei, de Alfred Jarry

Melhor Actor Principal
Albano Jerónimo, O Pior Homem de Londres
Gonçalo Waddington, Grand Tour
João Pedro Vaz, Os Papéis do Inglês
Rafael Morais, Um Café e um Par de Sapatos Novos

Melhor Actriz Principal
Anabela Moreira, A Semente do Mal
Crista Alfaiate, Grand Tour
Rita Cabaço, O Vento Assobiando nas Gruas
Sandra Faleiro, Estamos no Ar

Melhor Actor Secundário
Cláudio da Silva, Grand Tour
João Pedro Vaz, O Bêbado
Nuno Nunes, O Teu Rosto Será o Último

Melhor Actriz Secundária
Carolina Amaral, Os Papéis do Inglês
Helena Caldeira, Revolução (sem) Sangue
Patrícia André, Revolução (sem) Sangue
Teresa Madruga, O Teu Rosto Será o Último

Melhor Documentário em Longa-Metragem
Onde está o Pessoa?, Leonor Areal (produção e realização) Obra Aberta
Por ti, Portugal, eu juro!, Sofia da Palma Rodrigues e Diogo Cardoso (produção e realização) Divergente e Bagabaga Studios
Verdade ou Consequência?, Sofia Marques (realização), Isabel Machado (produção) C.R.I.M.
Via Norte, Paulo Carneiro (realização) Paulo Carneiro, Pedro Canavilhas, Delphine Jeanneret, Alex Piperno (produção) Bam Bam Cinema, Vento Forte, HEAD Genève e La Pobladora Cine

Melhor Direcção de Fotografia
Jorge Quintela, UBU
Leonor Teles, BAAN
Renée Nader Messora, A Flor do Buriti
Rui Poças, Sayombhu Mukdeeprom, Guo Liang, Grand Tour

Melhor Montagem
Ana Barbosa, Revolução (sem) Sangue
João Salaviza, Renée Nader Messora e Edgar Feldman, A Flor do Buriti
Telmo Churro e Pedro Filipe Marques, Grand Tour
Tomás Baltazar, O Pior Homem de Londres

Melhor Som
Diogo Goltara, Pablo Lamar e Ariel Henrique, A Flor do Buriti
Olivier Blanc, Ivan Neskov e Branko Neskov, A Semente do Mal
Pedro Marinho, Pedro Góis e Elsa Ferreira, O Pior Homem de Londres
Sérgio Silva e Miguel Martins, UBU

Melhor Canção Original
A Vida é uma Quimera, Letra de Raúl Brandão, Música e Interpretação de Dada Garbeck, em A Pedra Sonha Dar Flor
Bicho do Amor, Letra, Música e Interpretação de Mariana Badan, em Chuva de Verão
Filho do Vento, Letra de Lídia Jorge e Dino D’Santiago, Música e Interpretação de Dino D’Santiago, em O Vento Assobiando nas Gruas

Melhor Banda Sonora Original
João Paulo Esteves da Silva, O Teu Rosto Será o Último
Pedro Marques, Revolução (sem) Sangue
Carolina Miragaia e Joana Niza Braga, BAAN
Samuel Martins Coelho, O Pior Homem de Londres

Melhor Direcção Arte
Paula Szabo, A Semente do Mal
Ricardo Preto, O Pior Homem de Londres
Sofia Pereira, UBU
Thales Junqueira e Marcos Pedroso, Grand Tour

Melhor Caraterização/Efeitos Especiais
Íris Peleira, UBU
Júlio Alves e Felipe Pereira, O Pior Homem de Londres
Olga José,  Marcelo Ferreira e Pedro Domingo, Revolução (sem) Sangue
Rita Anjos, Dave Bonneywell, José André e Carlos Almeida, A Semente do Mal

Melhor Guarda-Roupa
Mia Lourenço, Revolução (sem) Sangue
Sílvia Grabowski, Grand Tour
Susana Abreu, O Pior Homem de Londres
Tânia Franco, UBU

Melhor Maquilhagem e Cabelos
Bárbara Brandão e Natália Bogalho, O Pior Homem de Londres
Emmanuelle Fèvre e Daniela Tartari, Grand Tour
Olga José e Natália Bogalho, Revolução (sem) Sangue
Raquel Laranjo e Natália Bogalho, A Semente do Mal

Melhor Série/Telefilme
Irreversível - Realização, Criação e Direcção de Argumento de Bruno Gascon, Produção de Joana Domingues Caracol Protagonista
Matilha - Realização de João Maia, Criação e Direcção de Argumento de Edgar Medina, Escrito por Edgar Medina, Rui Cardoso Martins e Guilherme Mendonça, Produção de Edgar Medina - Arquipélago Filmes
O Americano - Realização de Ivo M. Ferreira, Criação de Ivo M. Ferreira, Bruno Vieira Amaral e Ana Pinhão Moura, Escrito por Ivo M. Ferreira, Bruno Vieira Amaral e Hélder Beja, Produção de Ana Pinhão Moura - APM Actions Per Minute
Sempre - Realização e Direcção de Argumento de Manuel Pureza, Criado e escrito por Manuel Pureza, David Neto, Luís Filipe Borges e Luís Lobão, Produção de Andreia Esteves - Coyote Vadio

Melhor Curta-Metragem de Ficção
À Medida que Fomos Recuperando a Mãe, Gonçalo Waddington
Atom & Void, Gonçalo Almeida
Latitude Fénix, Welket Bungué
O Procedimento, Chico Noras

Melhor Curta-Metragem Documental
Histórias de Contrabandistas, Agnes Meng
Kora, Cláudia Varejão
O Diabo do Entrudo, Diogo Varela Silva
Quando a Terra Foge, Frederico Lobo

Melhor Curta-Metragem de Animação
A Menina com os Olhos OcupadosAndré Carrilho
Amanhã Não Dão Chuva, Maria Trigo Teixeira
Percebes, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves
Pietra, Cynthia Levitan

Prémio Sophia Estudante
Lembra de Mim, Bárbara Barreto, Caroline Soares e João Cadima - Universidade Lusófona
Na Sombra do Medo, Andreia Maravilhas - World Academy
Rogéria, Salvador Gil - ESAP
Os Terríveis, João Antunes - Universidade Lusófona

Prémio Sophia de Carreira 2025
Paulo Branco

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Prémios Curtas 2025: Vencedores

Os vencedores da 3.ª edição dos Prémios Curtas foram revelados na cerimónia do passado sábado, dia 5 de Abril, no Fórum Lisboa, apresentada por Rui Alves de Sousa. Era Uma Vez no Apocalipse foi o filme mais premiado, com cinco estatuetas, seguido de Kora e Percebes, com três cada. Umbral conquistou um dos maiores prémios da noite, Melhor Curta de Ficção.

Fotógrafo: Ricardo Fangueiro

Pela primeira vez nos Prémios Curtas, foi criado um Prémio Honorário, atribuído ao actor Luís Miguel Cintra, e apresentado pelo crítico de cinema e membro do Júri, Hugo Gomes. Seguiu-se a projecção da curta-metragem O Velho do Restelo, de Manoel Oliveira, protagonizada por Cintra, Diogo Dória, Mário Barroso e Ricardo Trêpa.

Nas categorias de interpretação, o Prémio de Melhor Actor foi entregue a Sérgio Godinho, pelo seu papel em Era Uma Vez no Apocalipse, filme pelo qual também Paulo Calatré conquistou a estatueta de Melhor Actor Secundário. Paula Só foi eleita a Melhor Actriz dos Curtas 2025, pelo seu papel em O Procedimento, e Bia Gomes venceu na categoria de Melhor Actriz Secundária pela curta Antes do Nascer da Lua.

Fotógrafo: Ricardo Fangueiro

Cláudia Varejão venceu o Prémio Curtas para Melhor Realização, por Kora - que ganhou ainda nas categorias de Melhor Curta Documental e Melhor Montagem.

Filmes como À Tona d'Água, O Procedimento, Antes do Nascer da Lua, Quando a terra foge e Prima ku Lebsi também saíram vencedores desta cerimónia.

Houve ainda tempo para um momento musical no Fórum Lisboa. A cantora, dobradora e actriz Paloma del Pillar, acompanhada à guitarra por Tiago Pires, interpretou o tema Pedra Filosofal (poema de António Gedeão, posteriormente musicado e cantado por Manuel Freire), ao qual também deu voz na longa-metragem Revolução Sem Sangue.

Fotógrafo: Ricardo Fangueiro

Eis a lista completa dos vencedores dos Prémios Curtas 2025:

Melhor Curta de Ficção:

'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

'Era Uma Vez no Apocalipse'

'Golden Shower'

'Mau Por Um Momento'

'Umbral'


Melhor Curta Documental:

'Kora'

'Os Cães Voltaram a Ladrar'

'Quando a terra foge'

'Tão pequeninas, tinham o ar de serem já crescidas'

'Uma mulher do género'


Melhor Curta de Animação:

'A Cada Dia Que Passa'

'O Estado de Alma'

'Percebes'

'Pietra'

'Três Vírgula Catorze'


Melhor Realização:

Cláudia Varejão por 'Kora'

Daniel Soares por 'Mau Por Um Momento'

Inês Lima por 'O Jardim em Movimento'

Isadora Neves Marques por 'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

Mário Veloso por 'Chuvas de Verão'


Melhor Argumento:

Alexander David por 'À Tona d’Água'

António Miguel Pereira e Tiago Pimentel por 'Era Uma Vez no Apocalipse'

Chico Noras e Rafael Traquino por 'O Procedimento'

Isadora Neves Marques por 'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

Miguel Andrade por 'Umbral'


Melhor Actor:

Daniel Silva em 'Umbral'

João Nunes Monteiro em 'Nós'

João Villas-Boas em 'Mau Por Um Momento'

José Eduardo em 'Desgosto de Morrer no Inverno'

Sérgio Godinho em 'Era Uma Vez no Apocalipse'


Melhor Actriz:

Cirila Bossuet em 'Êxtase'

Kim Ostrowskij em 'Golden Shower'

Nádia Yracema em 'Prima ku Lebsi'

Paula Só em 'O Procedimento'

Teresa Faria em 'Porta-te Bem'


Melhor Actor Secundário:

Diogo Fernandes em 'Golden Shower'

Luis Reboredo em 'Nós'

Nuno Branco em 'Santa Rita Dream'

Paulo Calatré em 'Era Uma Vez no Apocalipse'

Will Costa em '00:00 MEIA-NOITE'


Melhor Actriz Secundária:

Ana Luísa Martins em 'O Jardim em Movimento'

Bia Gomes em 'Antes do Nascer da Lua'

Diana Sá em 'Umbral'

Isadora Alves em 'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

Mariana Pacheco em 'Era Uma Vez no Apocalipse'


Melhor Interpretação Infantil:

Ada Costa em 'À Tona d’Água'

Evie Gomes em 'À Tona d’Água'

Inês Cruz em 'Conseguimos Fazer Um Filme'

João Bica em 'Francisco Perdido'

Leandro Vieira em 'Vale do Fogo'


Melhor Montagem:

Cláudia Varejão por 'Kora'

Daniel Soares e Lucas Moesch por 'Mau Por Um Momento'

João Brás por 'Vale do Fogo'

João Cunha e Maria Cândida por 'Umbral'

Vera Lúcia Rita por 'O Procedimento'


Melhor Fotografia:

Bruno Reis Oliveira por 'Chuvas de Verão'

Frederico Lobo por 'Quando a terra foge'

Marta Simões por 'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

Miguel Cravo por 'Êxtase'

Vasco Viana por 'Mau Por Um Momento'


Melhor Som/Efeitos Sonoros:

Alex Gregson, Danny Jones e Ryan Sweetman por 'The Hunt'

Bernardo Bento, Ricardo Salazar e Vasco Carvalho por 'Percebes'

Filipe Rebelo, Mauricio d'Orey, Rafael Cardoso e Sérgio Silva por 'Quando a terra foge'

Guilherme Marta e Lurdes Osswald por 'Umbral'

Tiago Inuit e Tomé Palmeirim por 'Quorum'


Melhor Guarda-Roupa:

Ana Abelha por 'Umbral'

Cátia Santos por 'O Procedimento'

Luís Sequeira e Sofia Videira Pinto por 'Era Uma Vez no Apocalipse'

Mónica Lafayette por 'Antes do Nascer da Lua'

Mónica Lafayette por 'Prima ku Lebsi'


Melhor Caracterização:

Alexandra Santos por 'Umbral'

Cidália Espadinha por 'Santanário'

Cláudia Fonseca por 'O Procedimento'

Jude Sousa por 'Menor que três'

Susana Cruz por 'Era Uma Vez no Apocalipse'


Melhor Direcção Artística:

Ana Abelha por 'Umbral'

Ana Meleiro por 'As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer'

Cátia Santos por 'O Procedimento'

João Sousa por 'Penrose'

Luís Sequeira por 'Era Uma Vez no Apocalipse'


Melhor Banda Sonora:

Cristopher Ruiz Cárdenas, Inês Lima e Margarida Gonçalves por 'O Jardim em Movimento'

Nicolas Tricot por 'Percebes'

Rui Gaio por 'Rosa Choque, Ou Se'

Timóteo de Azevedo por 'O Procedimento'

Vagné Lima por 'Latitude Fénix'


Melhores Efeitos Visuais:

Diogo Vale, Mário Espada e Vítor Carvalho por 'O Jardim em Movimento'

Duarte Gandum e Tiago Loureiro por 'Depois do Tempo'

Gonçalo Homem e Johnny Rodrigues por 'Era Uma Vez no Apocalipse'

João Pedro Gomes por 'Quorum'

Nuno Costa por 'Umbral'


O Júri da terceira edição foi composto por: Frederico Corado (realizador, encenador e programador), Marina Leonardo (actriz e realizadora), Hugo Gomes (crítico de cinema), Inês Moreira Santos (blogger de cinema/TV e divulgadora cultural), Rafael Félix (crítico de cinema), Carolina Serranito (artista e programadora), Francisco Rocha (blogger de cinema, programador e fotógrafo), Jasmim Bettencourt (crítico de cinema e realizador), Filipa Amaro (realizadora e argumentista), André Pereira (editor de vídeo e videógrafo), Bernardo Freire (crítico de cinema, apresentador e podcaster) e Bruno Gascon (realizador e argumentista).

Mais informações sobre os Prémios Curtas em https://premioscurtas.pt/.

domingo, 16 de março de 2025

Prémios Sophia 2025: Nomeados

A Academia Portuguesa de Cinema anunciou os nomeados para os Prémios Sophia, esta Sexta-feira, dia 14 de Março, no Cinema Fernando Lopes, em Lisboa. 


A realizadora e montadora franco-portuguesa Monique Rutler, de 84 anos, recebeu o Prémio Bárbara Virgínia, anunciado em Dezembro passado. 

Grand Tour lidera a corrida com onze nomeações. O Prémio Carreira será entregue ao produtor Paulo Branco. Os vencedores são conhecidos numa cerimónia no dia 27 de Abril, no Casino Estoril, em Cascais, sob o tema "Cinema é paixão".

Grand Tour, de Miguel Gomes ©2024 - Uma Pedra No Sapato

Eis a lista completa de nomeados:

Melhor Filme
A Flor do Buriti, João Salaviza, Renée Nader Messora, Ricardo Alves Jr. e Julia Alves (produção) - Karõ Filmes
Grand Tour, Filipa Reis (produção) - Uma Pedra no Sapato
O Teu Rosto Será o Último, Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola (produção) - Ukbar Filmes
Revolução (sem) Sangue, Sónia Resende (produção) - Station Productions

Melhor Realização
João Salaviza e Renée Nader Messora, A Flor do Buriti
Miguel Gomes, Grand Tour
Paulo Abreu, UBU
Rodrigo Areias, O Pior Homem de Londres

Melhor Argumento Original
João Salaviza, Renée Nader Messora, Francisco Hyjnõ Krahô, Ilda Patpro Krahô e Henrique Ihjãc Krahô, A Flor do Buriti
Mariana Ricardo, Telmo Churro, Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, Grand Tour
Eduardo Brito, O Pior Homem de Londres
Rui Pedro Sousa e AMP Rodriguez, Revolução (sem) Sangue

Melhor Argumento Adaptado
Luís Filipe Rocha, O Teu Rosto Será o Último, adaptado a partir da obra O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro
Jeanne Waltz, O Vento Assobiando nas Gruas, adaptado a partir da obra O Vento Assobiando nas Gruas, de Lídia Jorge
José Eduardo Agualusa, Os Papéis do Inglês, adaptado a partir da obra Trilogia Os Filhos do Próspero, de Ruy Duarte de Carvalho
Paulo Abreu e André Gil Mata, UBU, adaptado a partir da obra Ubu Rei, de Alfred Jarry

Melhor Actor Principal
Albano Jerónimo, O Pior Homem de Londres
Gonçalo Waddington, Grand Tour
João Pedro Vaz, Os Papéis do Inglês
Rafael Morais, Um Café e um Par de Sapatos Novos

Melhor Actriz Principal
Anabela Moreira, A Semente do Mal
Crista Alfaiate, Grand Tour
Rita Cabaço, O Vento Assobiando nas Gruas
Sandra Faleiro, Estamos no Ar

Melhor Actor Secundário
Cláudio da Silva, Grand Tour
João Arrais, Revolução (sem) Sangue
João Pedro Vaz, O Bêbado
Nuno Nunes, O Teu Rosto Será o Último

Melhor Actriz Secundária
Carolina Amaral, Os Papéis do Inglês
Helena Caldeira, Revolução (sem) Sangue
Patrícia André, Revolução (sem) Sangue
Teresa Madruga, O Teu Rosto Será o Último

Melhor Documentário em Longa-Metragem
Onde está o Pessoa?, Leonor Areal (produção e realização) Obra Aberta
Por ti, Portugal, eu juro!, Sofia da Palma Rodrigues e Diogo Cardoso (produção e realização) Divergente e Bagabaga Studios
Verdade ou Consequência?, Sofia Marques (realização), Isabel Machado (produção) C.R.I.M.
Via Norte, Paulo Carneiro (realização) Paulo Carneiro, Pedro Canavilhas, Delphine Jeanneret, Alex Piperno (produção) Bam Bam Cinema, Vento Forte, HEAD Genève e La Pobladora Cine

Melhor Direcção de Fotografia
Jorge Quintela, UBU
Leonor Teles, BAAN
Renée Nader Messora, A Flor do Buriti
Rui Poças, Sayombhu Mukdeeprom, Guo Liang, Grand Tour

Melhor Montagem
Ana Barbosa, Revolução (sem) Sangue
João Salaviza, Renée Nader Messora e Edgar Feldman, A Flor do Buriti
Telmo Churro e Pedro Filipe Marques, Grand Tour
Tomás Baltazar, O Pior Homem de Londres

Melhor Som
Diogo Goltara, Pablo Lamar e Ariel Henrique, A Flor do Buriti
Olivier Blanc, Ivan Neskov e Branko Neskov, A Semente do Mal
Pedro Marinho, Pedro Góis e Elsa Ferreira, O Pior Homem de Londres
Sérgio Silva e Miguel Martins, UBU

Melhor Canção Original
A Vida é uma Quimera, Letra de Raúl Brandão, Música e Interpretação de Dada Garbeck, em A Pedra Sonha Dar Flor
Bicho do Amor, Letra, Música e Interpretação de Mariana Badan, em Chuva de Verão
Filho do Vento, Letra de Lídia Jorge e Dino D’Santiago, Música e Interpretação de Dino D’Santiago, em O Vento Assobiando nas Gruas
Manga D’ Terra, Letra e Música de Luís Firmino e Eliana Rosa, Interpretação de Eliana Rosa, em Manga D’Terra

Melhor Banda Sonora Original
João Paulo Esteves da Silva, O Teu Rosto Será o Último
Pedro Marques, Revolução (sem) Sangue
Carolina Miragaia e Joana Niza Braga, BAAN
Samuel Martins Coelho, O Pior Homem de Londres

Melhor Direcção Arte
Paula Szabo, A Semente do Mal
Ricardo Preto, O Pior Homem de Londres
Sofia Pereira, UBU
Thales Junqueira e Marcos Pedroso, Grand Tour

Melhor Caraterização/Efeitos Especiais
Íris Peleira, UBU
Júlio Alves e Felipe Pereira, O Pior Homem de Londres
Olga José,  Marcelo Ferreira e Pedro Domingo, Revolução (sem) Sangue
Rita Anjos, Dave Bonneywell, José André e Carlos Almeida, A Semente do Mal

Melhor Guarda-Roupa
Mia Lourenço, Revolução (sem) Sangue
Sílvia Grabowski, Grand Tour
Susana Abreu, O Pior Homem de Londres
Tânia Franco, UBU

Melhor Maquilhagem e Cabelos
Bárbara Brandão e Natália Bogalho, O Pior Homem de Londres
Emmanuelle Fèvre e Daniela Tartari, Grand Tour
Olga José e Natália Bogalho, Revolução (sem) Sangue
Raquel Laranjo e Natália Bogalho, A Semente do Mal

Melhor Série/Telefilme
Irreversível - Realização, Criação e Direcção de Argumento de Bruno Gascon, Produção de Joana Domingues - Caracol Protagonista
Matilha - Realização de João Maia, Criação e Direcção de Argumento de Edgar Medina, Escrito por Edgar Medina, Rui Cardoso Martins e Guilherme Mendonça, Produção de Edgar Medina - Arquipélago Filmes
O Americano - Realização de Ivo M. Ferreira, Criação de Ivo M. Ferreira, Bruno Vieira Amaral e Ana Pinhão Moura, Escrito por Ivo M. Ferreira, Bruno Vieira Amaral e Hélder Beja, Produção de Ana Pinhão Moura - APM Actions Per Minute
Sempre - Realização e Direcção de Argumento de Manuel Pureza, Criado e escrito por Manuel Pureza, David Neto, Luís Filipe Borges e Luís Lobão, Produção de Andreia Esteves - Coyote Vadio

Melhor Curta-Metragem de Ficção
À Medida que Fomos Recuperando a Mãe, Gonçalo Waddington
Atom & Void, Gonçalo Almeida
Latitude FénixWelket Bungué
O Procedimento, Chico Noras

Melhor Curta-Metragem Documental
Histórias de Contrabandistas, Agnes Meng
Kora, Cláudia Varejão
O Diabo do Entrudo, Diogo Varela Silva
Quando a Terra Foge, Frederico Lobo

Melhor Curta-Metragem de Animação
A Menina com os Olhos Ocupados, André Carrilho
Amanhã Não Dão Chuva, Maria Trigo Teixeira
Percebes, Alexandra Ramires e Laura Gonçalves
Pietra, Cynthia Levitan

Prémio Sophia Estudante
Lembra de Mim, Bárbara Barreto, Caroline Soares e João Cadima - Universidade Lusófona
Na Sombra do Medo, Andreia Maravilhas - World Academy
Rogéria, Salvador Gil - ESAP
Os Terríveis, João Antunes - Universidade Lusófona

Prémio Sophia de Carreira 2025
Paulo Branco

Melhor Trailer
A Semente do Mal
Trailer de Margarida Lucas

Melhor Cartaz
A Flor do Buriti
Cartaz de Pedro Nora

Melhor Filme Europeu
A Zona de Interesse, Jonathan Glazer

Prémio Arte & Técnica
ABC Cine-Clube de Lisboa
Cineclube do Porto - Clube Português de Cinematografia