Já Vi(vi) este Filme
por Sebastião Barata, do Milímetro a Milímetro e Espalha-Factos
Há muitos filmes nos quais já me revi. E quando me foi proposto escrever sobre um, a escolha não foi fácil. Vieram-me à cabeça títulos como Beleza Americana, A Vida é Bela, O Mundo a Seus Pés ou até o final do Toy Story 3. Mas a minha escolha acabou por recair num dos muitos clássicos do mestre Luis Buñuel, Este Obscuro Objecto do Desejo. É uma obra fascinante, que conta uma história bastante interessante sem deixar de lado o toque de surrealismo que marca a filmografia do realizador espanhol, que terminou a sua carreira precisamente com este filme.
Não há propriamente uma cena que me marque ao longo do filme. Aquilo que mais me toca é o facto da personagem feminina principal, a espanhola Conchita, ser interpretada por duas atrizes: Carole Bouquet e Angela Molina. As duas representam as diferentes faces de Conchita, uma mais comedida e tímida, outra mais provocadora e extrovertida, e vão aparecendo alternadamente conforme o estado de espírito da sua personagem.
Porque é que isto me toca? A verdade é que já me aconteceu por diversas vezes olhar para uma pessoa e não a reconhecer, dado que ela mudou tanto psicologicamente. Embora não de forma tão literal, perdi a conta às vezes em que um amigo, um conhecido ou até um familiar mostra uma faceta escondida com a qual não estava familiarizado e que faz com que passe a olhar para ele com outros olhos e veja alguém totalmente diferente. Embora já tenha tido a sorte de criar grandes laços de amizade com sujeitos com os quais nem me dava mas que, anos depois de os ter conhecido, se tornaram muito chegados a mim, na maior parte das vezes acontece a infelicidade de uma pessoa muito próxima se transformar em alguém pior, o que me causa grande transtorno. Esta é uma situação que está bem presente em Este Obscuro Objecto do Desejo, pois Mathieu, a personagem do incrível Fernando Rey, apaixona-se loucamente por Conchita mas acaba por ter grandes desgostos quando esta muda subitamente de personalidade.
Como nota final quero agradecer à Inês por me ter convidado para esta iniciativa.
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Obrigada pela tua participação, Sebastião!
2 comentários:
Apesar de não conhecer o filme gostei do texto, cumprimentos.
Fico contente por teres gostado do texto, Daniel. E aconselho a visualização desta excelente obra.
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