"I wouldn't want you to get hurt cause I like you, I like you a lot, so don't go breakin my heart now, ok?"
Forrest Tucker
*7.5/10*
O Cavalheiro com Arma marca o final da carreira de Robert Redford como actor, numa despedida auspiciosa e que é, por si só, uma homenagem ao percurso do artista e ao próprio cinema. O realizador David Lowery faz uso da delicadeza que o caracteriza, num filme com muito mais substância do que à primeira vista aparenta.
Tendo por base a história real do criminoso Forrest Tucker e as suas inúmeras e originais fugas da prisão, Lowery e Redford criam a acção do ponto de vista do foragido, que o protagonista transforma num autêntico cavalheiro com quem é impossível não simpatizar.
Considerado o ladrão mais simpático de sempre, Forrest (Robert Redford) escapou da prisão de San Quentin aos 70 anos de idade, e empreendeu depois uma série de assaltos sem precedentes que baralharam as autoridades e encantaram o público. Envolvidos na perseguição estão o detective John Hunt (Casey Affleck), que fica fascinado com o empenho de Forrest no seu ofício, e uma mulher que o ama apesar da profissão que ele escolheu (Sissy Spacek).
A aparente simplicidade de O Cavalheiro com Arma esconde surpresas um pouco por todo o lado - a grande maioria remetem para os marcos deixados por Redford na História do Cinema. Ao mesmo tempo, David Lowery é fabuloso em levar-nos para os anos 70/80 filmando num belíssimo 16mm. Direcção artística e guarda-roupa acompanham a época.
Nas interpretações, Robert Redford, com uma jovialidade que contrasta com os seus 82 anos de idade, mantém o charme de jovem ao dar vida a um encantador homem que ama a vida e escolheu fazer o que mais prazer lhe dá - mesmo que isso seja assaltar bancos, sem perder a compostura ou a educação. A despertar o seu lado romântico, está Sissy Spacek que destila beleza e doçura, na pele de uma mulher viúva independente que ama a sua quinta e os seus cavalos. Casey Affleck é o detective que tenta apanhar o gang de Forrest e acaba por admirá-lo, acima de tudo.
Percorremos a divertida acção, entre momentos de pura comédia ou conversas profundas sobre o modo de encarar a vida e fazê-la valer a pena. Perto do final, somos presenteados com uma nostálgica sequência de imagens, que nos deixarão saudosos e com vontade de rever a filmografia de Robert Redford.
O Cavalheiro com Arma ensina-nos que o mais importante é ser feliz, que nunca é demasiado tarde para nada, e que é fundamental aproveitar a vida ao máximo. Tal como o protagonista, Robert Redford também sempre foi feliz a fazer o que mais gostava e fez-nos a nós felizes com os seus papéis. No final, despede-se em glória com uma personagem que é um elogio à vida.
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