terça-feira, 17 de maio de 2016

Crítica: Macbeth (2015)

"What's done, it's done."
Lady Macbeth
*7/10*

No ano em que se assinalam 400 anos da morte de William Shakespeare, Macbeth chegou aos cinemas pela mão de Justin Kurzel. Uma interpretação assombrosa da obra do escritor, sombria, obscura, dotada de um visual desarmante.

Macbeth (Michael Fassbender), o Senhor de Glamis, recebe uma profecia de um trio de bruxas que um dia se tornará Rei da Escócia. Consumido pela ambição e incentivado pela sua esposa, Lady Macbeth (Marion Cotillard), Macbeth mata o rei e toma o trono para si .


O risco não assustou o realizador Justin Kurzel. Fiel ao classicismo do texto, que, por si só, não chegaria para conquistar o público, é visualmente que ficamos "enfeitiçados", qual quadro em movimento. Sombras, nevoeiro, cores escuras mas carregadas de sensações e sentimentos fortes. Um trabalho de mestre da direcção de fotografia, hipnótico. A banda sonora e efeitos sonoros são outro ponto forte. Remetem-nos para um tempo de traição e guerra, de bruxas e fantasmas.

Nas interpretações, Michael Fassbender é um Macbeth trágico e esplêndido, com garra, coragem, medo e respeito pelos pecados que comete. Por seu lado, Marion Cotillard não deslumbra nem conquista com a sua Lady Macbeth corrosiva, persuasiva, quase uma bruxa, que se perde entre feitiços, loucura e ambição desmedida.


Tudo por uma coroa, Macbeth de Kurzel não vai marcar a História das adaptações cinematográficas de Shakespeare, mas oferece um belíssimo filme de autor e mais uma fabulosa performance de Fassbender.

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