quinta-feira, 20 de setembro de 2018

MOTELx'18: Upgrade (2018)

"You now have full control again, Grey." 
Stem


*7/10*

A ficção científica uniu-se ao terror e nasceu Upgrade, um dos grandes títulos exibidos no MOTELx'18Leigh Whannell escreveu e realizou e Logan Marshall-Green deu corpo ao protagonista, num filme cheio de referências e inspirações.

Num futuro próximo, a tecnologia controla todos os aspectos da vida. Após um brutal assalto, que vitimiza a sua esposa e o deixa paralisado, Grey Trace (um mecânico anti-tecnologia) é contactado por um inventor bilionário com uma cura experimental que irá “melhorar” o seu corpo. A cura - um implante de inteligência artificial denominado Stem - permite a Grey aceder a habilidades físicas nunca antes experimentadas, incluindo uma vontade implacável de exercer vingança sobre aqueles que assassinaram a sua esposa e o deixaram para morrer.

A câmara acompanha o movimento do corpo de Grey, quase robotizado, e o trabalho de fotografia, essencialmente nocturno, tem uma importância fulcral na construção do ambiente misterioso e algo futurista - são apenas pequenos pormenores que separam a actualidade deste futuro distópico.


Eis uma nova forma de abordar a temática, já tão experimentada, do domínio das máquinas sobre os Homens. Upgrade recorre a um estilo old school, onde abundam os tons escuros e os neons, ao género que Nicolas Winding Refn gosta de utilizar, ao qual se assemelha mesmo no uso da violência mais gráfica; encontram-se, claro, influências de Stanley Kubrick (2001: Odisseia no Espaço), o visual de Blade Runner e até mesmo algumas escolhas de Matrix

O terror propriamente dito - e excluindo o gore necessário - encontra-se na ideia da tecnologia dominar o homem, medo que cada vez toma maior relevo e já desde os primórdios do cinema é abordado (Metropolis, de Fritz Lang, será um dos exemplos mais flagrantes).

Upgrade não traz nada de verdadeiramente novo, mas constrói-se num misto de acção, ficção científica e terror que cria um filme cativante e muito ritmado, que se revela uma boa surpresa. Logan Marshall-Green oferece-nos uma interpretação exigente e entusiasmante, num constante duelo consigo mesmo.

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