segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Crítica: Boa noite, Cinderela (2014)

*8/10*

Passou por Cannes, pelo IndieLisboa'14 e agora pelo Queer Lisboa 18, a curta-metragem Boa noite, Cinderela, de Carlos Conceição, traz originalidade ao conto da Cinderela, e uma visão fetichista desta história de encantar.


Afinal, o príncipe nem sempre é assim tão encantado, nem a Cinderela é tão apaixonada. Afinal, também nos contos de fadas podem haver segundas intenções. Eis uma versão mais arriscada e muito original de um dos mais famosos contos clássicos da infância.

Sabemos que estamos no século XIX. À meia-noite a Cinderela escapa, deixando para trás um sapato de cristal. Nos dias que se seguem, o príncipe não consegue abandonar a ideia de completar o par.

Aqui os protagonistas são dúbios - Príncipe, Escudeiro e Gata Borralheira - e o sapato cativa as atenções dos três e do público. Uma visão fetichista toma conta da história, entre pés e sapatos, prazer e ambição. Os interesses trocam as voltas ao romantismo, o ambiente é sombrio mas encantado, com fortes marcas temporais, que no entanto, não definem a época. A abordagem é corajosa e provocadora, atenta a todos os detalhes, com um interessante trabalho de fotografia e bonitas paisagens.


No elenco, três boas interpretações: o Príncipe João Cajuda (que mostra cada vez mais a sua versatilidade), o Escudeiro David Cabecinha e a Gata Borralheira Joana de Verona.

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