São este ano nove os nomeados para a mais importante categoria dos Oscars. No meio das mais do que injustas ausências e de algumas nomeações muito pouco merecidas, surgem sempre, e felizmente, alguns filmes que seriam justos vencedores. Apesar de, este ano, estar mais do que certa a vitória de O Artista na categoria de Melhor Filme, as surpresas podem sempre acontecer.
Aqui deixo a minha pequena análise a cada um dos nove nomeados, por ordem de preferência.
1. A Árvore da Vida
Terrence Malick trouxe aos cinemas em 2011 uma obra-prima. Incompreendida por muitos, mas amada por muitos mais, A Árvore da Vida conseguiu conquistar a Academia e é um dos nove nomeados a Óscar. Com uma realização e fotografia fantásticas, interpretações brilhantes e um argumento intenso, por vezes incómodo. Ao mesmo tempo que é contada a história de Jack, da infância à idade adulta, somos presenteados com imagens fortes do início do Universo, da existência. O Big Bang, a formação dos planetas, os primeiros seres, os dinossauros... A Árvore da Vida questiona-nos sobre a vida, a morte, a natureza, a fé, Deus, a existência... Poucas são as respostas, o filme quer que nos questionemos a nós mesmos, quer fazer-nos reflectir. Aqui, são feitas as mesmas perguntas que todos já alguma vez fizemos, o que está em jogo é a introspecção. A Árvore da Vida é um filme subjectivo, que arrepia, comove, faz-nos sentir tudo à flor da pele.
2. A Invenção de Hugo
E foi Scorsese (e não Hazanavicius) que nos trouxe a verdadeira homenagem ao Cinema. Depois de O Artista praticamente se auto-proclamar uma homenagem ao cinema mudo, surge agora algo que se lhe sobrepõe a léguas. A Invenção de Hugo percorre a história do cinema desde os seus primórdios, com os irmãos Lumière e o seu comboio e, claro, o mágico Méliès, e dá-lhe o que de mais avançado existe na actualidade: o 3D - que é utilizado na sua plenitude e beleza. É através do pequeno órfão Hugo, que vive numa estação de comboios de Paris, e do seu autómato deixado pelo pai, que Scorsese deixa de parte o seu género preferido para se entregar, de corpo e alma, à paixão pela Sétima Arte. O que à primeira vista parece uma história infantil torna-se, mais do que num filme para todas as idades, num filme para todos os que amam o cinema.
3. Meia-noite em Paris
Woody Allen está de regresso à grande forma com Meia-noite em Paris. A cidade luz e do amor apaixona não só o protagonista Gil, como todos aqueles que assistirem a este filme. A magia está presente do início ao fim, com uma série de surpresas pelo meio, onde, juntamente com a personagem de Owen Wilson, somos transportados para uma Paris dos anos 20. A nostalgia dos tempos passados e a vontade de viver sempre em tempos que não o nosso fazem de Meia-noite em Paris uma belíssima surpresa. Este filme faz-nos acreditar que, quando também nós estivermos em Paris à meia-noite, seremos levados por uma carruagem directamente para a nossa época preferida da História e, ali, seremos felizes... enquanto durar.
4. As Serviçais
A dura realidade do Mississippi nos anos 60 é-nos trazida para o grande ecrã por Tate Taylor, que adaptou o bestseller de Kathryn Stockett. Um filme sobre mulheres fortes e corajosas que querem mudar o seu tempo. Uma história com muito potencial, mas que poderia ter sido arruinada caso não fosse contada da melhor forma, As Serviçais conseguem conquistar-nos. O elenco muito contribui para isso, com as mulheres ao comando: Viola Davis (nomeada para Melhor Actriz), Octavia Spencer, Jessica Chastain (ambas nomeadas para Melhor Actriz Secundária), Emma Stone, Bryce Dallas Howard ou Allison Janney, todas elas enchem o ecrã com excelentes interpretações. As Serviçais são um filme que comove, mexe connosco e que nos faz gostar de todas as personagens, mesmo das mais detestáveis.
5. O Artista
O favorito aos Óscares chega-nos de França, mas tem muito mais de Hollywood do que se espera. O Artista parece ter sido feito para agradar, muito mais do que para homenagear o Cinema, como tanto proclama. Um filme mudo, a preto e branco, que não é mudo e foi filmado a cores, foi o que Michel Hazanavicius nos trouxe. Trata-se de um filme leve, agradável e que realmente vem romper com o que se tem feito nos últimos anos, todavia, esperava-se dele, pelo menos, um argumento mais original. A história da transição do mudo para o sonoro e do artista que não se adapta à mudança já foram exploradas, e muito melhor, em Singin' in the Rain e Sunset Boulevard. Em destaque está a bela interpretação de Jean Dujardin, um dos favoritos ao prémio de Melhor Actor.
6. Os Descendentes
Um drama que nunca nos deixa ficar deprimidos, com os muitos momentos divertidos que nos são proporcionados, assim é Os Descendentes, de Alexander Payne. Não sendo um filme excelente, tem momentos intensos, e George Clooney surge aqui provavelmente na sua melhor interpretação, que deixa o galã totalmente de parte. Tudo gira em torno de um homem que se depara com dois dilemas na sua vida: a mulher em coma, que obriga à (por vezes difícil) aproximação das filhas, e a importante decisão de vender ou não as suas terras. Personagem interessante é Sid, o amigo da filha mais velha do protagonista, que os acompanha para todo o lado, que, aparentemente, não passa de um "cromo", mas que acaba por provar a importância da sua presença.
Facilmente se percebe o facto da Academia ter Moneyball entre os seus nomeados para Melhor Filme. Que desporto fascina mais os norte-americanos que não seja o basebol? Perceba-se ou não do assunto (e eu sinceramente não percebo), Moneyball consegue cativar por toda a novidade que traz ao mundo do basebol e pela utilização da estatística. É um filme que, claramente, não agradará a todos, mas que fará despertar o interesse por este desporto aos que o desconhecem. Brad Pitt, nomeado para Melhor Actor, tem uma interpretação interessante, a par de Jonah Hill, nomeado para Melhor Actor Secundário.
8. Extremamente Alto, Incrivelmente Perto
A surpresa de entre os nomeados deste ano é Extremamente Alto, Incrivelmente Perto, de Stephen Daldry (realizador de As Horas), apontado desde o início como o mais fraco candidato aos Óscares. As minhas expectativas estavam muito baixas para este filme e saí surpreendida pela positiva. Não sendo um filme excepcional e não merecendo, na realidade, a nomeação (há tantos filmes fantásticos que ficaram de fora da corrida), há que tentar compreender perante o que estamos. Apesar de, na minha opinião, a escolha do pequeno Thomas Horn para protagonista não ter sido a mais feliz, a personagem principal é muito complexa e é interessante conhecê-la e aos seus problemas. Estamos perante uma criança com Síndrome de Asperger, e parece que isso não fica bem explícito ao longo do filme, o que pode não nos ajudar a compreender algumas das suas atitudes. É a partir da descoberta de uma chave que o seu pai (que morreu no 11 de Setembro) lhe deixou, que Oskar Schell inicia uma incansável busca pela fechadura que esta abre. Nessa procura, a criança conhece muitas pessoas e as suas histórias de vida. Apesar de alguns momentos pouco interessantes nesta jornada, o protagonista cruza-se com duas personagens que vêm enriquecer o filme. A sua relação com "o inquilino", interpretado pelo nomeado Max von Sydow, é muito curiosa, e o mesmo acontece perto do fim, com outra personagem. Extremamente Alto, Incrivelmente Perto é, acima de tudo, uma história de amor e persistência.
9. Cavalo de Guerra
Pergunto-me, antes de mais, o que é que deu a Spielberg para realizar este filme. Cavalo de Guerra é o mais fraco dos nove nomeados e só merece algum mérito no que toca a aspectos técnicos como as fantásticas fotografia e banda sonora. Não poderíamos estar perante uma história mais irreal, com tantos momentos paradoxais. O filme debruça-se sobre a amizade entre um rapaz e um cavalo, que se separam aquando do início da Primeira Guerra Mundial. O argumento, que já é fraco, perde-se no momento em que o cavalo deixa o seu dono e vai conhecendo outras pessoas. Não se consegue estabelecer em algum momento ligação com as personagens e nem mesmo com o cavalo, que experiencia as mais bizarras e improváveis situações. As cenas de guerra, que são dos poucos momentos positivos do filme, nada se comparam à crueza das imagens do magnífico O Resgate do Soldado Ryan, e, a meio do filme, só me questionava se estava perante o mesmo Spielberg.
3 comentários:
The Tree Of Life é o meu preferido, mas claro que não era filme para ganhar Óscares. "Um filme subjectivo", talvez isso explique alguma coisa :D Cumprimentos
Sim, é verdade. Não deixará de ser "o nosso" vencedor. :)
Cumprimentos cinéfilos,
Inês
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