"Home is now behind you. The world is ahead."Gandalf
*7.5/10*
Depois da trilogia O Senhor
dos Anéis, O Hobbit: Uma Viagem Inesperada chega para
contar as aventuras de um Bilbo Baggins jovem. Peter Jackson
mantém-se fiel a Tolkien e o ambiente que envolve todo o filme continua
repleto do imaginário transmitido nos três filmes de O Senhor dos Anéis.
A única questão que fica no ar depois da visualização de O Hobbit
é se não se poderia ter contornado o pouco avanço da acção neste primeiro de
três filmes baseados no livro homónimo.
A aventura que junta Bilbo
Baggins, Gandalf e treze anões irá levá-los à Terra Selvagem
por caminhos desconhecidos e traiçoeiros repletos de criaturas perigosas.
Apesar do seu destino se situar no Leste, nas terras desertas da Montanha
Solitária, primeiro terão de escapar aos túneis dos Gnomos, onde Bilbo
conhece Gollum, a famosa criatura que irá mudar a sua vida para sempre.
Entre batalhas árduas, O Hobbit: Uma Viagem Inesperada é o
primeiro episódio desta jornada.
O Hobbit: Uma Viagem
Inesperada é, desde o primeiro momento, um espectáculo visual. Desta
vez em 3D e, em algumas das sessões a 48fps, Peter Jackson prova
que nunca descura a componente técnica dos seus filmes, proporcionando as mais
variadas experiências ao espectador e nunca o decepcionando. A realização de Jackson
é o grande trunfo do filme, com planos envolventes, directamente proporcionais
à dimensão da longa-metragem. A direcção de fotografia, de Andrew Lesnie,
faz um excelente trabalho, fazendo-nos desfrutar na plenitude dos cenários fabulosos
e de cada cena em particular. A banda sonora de Howard Shore conjuga-se,
como de costume, de forma perfeita com as imagens que acompanha. Já a opção do 3D
(vi a versão normal e não a de 48fps), é dispensável, funcionando melhor nas
cenas mais calmas, e fazendo-nos perder muita informação, por exemplo, nas
cenas de batalhas.
O que este primeiro O
Hobbit tem de menos bom é o argumento, ou, mais propriamente, o
desenvolvimento da acção. Jackson pretende realizar três filmes a partir
de um livro relativamente curto. Para além das questões económicas que lhe
estão certamente associadas, não me parece haver material suficiente para que
os três filmes O Hobbit possam resultar em algo de extraordinário
e marcante para o cinema recente, como foi o caso de O Senhor dos Anéis.
Ainda assim, há que reconhecer que, apesar do pouco que acontece, e de se
sentir um certo vazio nos acontecimentos, principalmente na primeira parte do
filme, O Hobbit: Uma Viagem Inesperada oferece-nos bons momentos,
e mal se dá pelas quase três horas de duração.
De destacar, o encontro com os Trolls,
a passagem pela Rivendell e o encontro com os elfos, e, claro - provavelmente a
melhor cena da longa-metragem -, o encontro entre Bilbo e Gollum,
onde todas as atenções se prendem ao ecrã de forma mágica. O anel finalmente
surge, o jogo de adivinhas está construído exemplarmente e a conversa entre as
duas personagens é hipnotizante para quem assiste. Para os fãs de Tolkien
e da trilogia de O Senhor dos Anéis, O Hobbit: Uma Viagem
Inesperada invoca uma nostalgia muito especial. Para além de Gandalf,
Bilbo ou Gollum, matamos saudades também de Frodo, Elrond,
Galadriel e Saruman.
O elenco prova que foi muito bem
escolhido, começando por Martin Freeman como Bilbo Baggins.
Inicialmente amedrontado, o hobbit descobre em si uma ousadia e sede de
aventura que, provavelmente, desconhecia. Outra excelente escolha foi o nome de
Richard Armitage para encarnar o anão Thorin. O actor dá-lhe a
elegância e coragem que a personagem pede. Do restante elenco, já conhecido
desde O Senhor dos Anéis, é um prazer rever Ian McKellen
como Gandalf, Andy Serkis como Gollum, Hugo Weaving
como Elrond, Cate Blanchett como Galadriel, Christopher
Lee como Saruman ou mesmo Elijah Wood como Frodo.
O Hobbit: Uma Viagem
Inesperada vem, antes de mais, satisfazer a curiosidade de todos os que
esperaram ansiosamente pela sua estreia. O novo filme de Peter Jackson
não deixará ninguém indiferente pela beleza visual que traz consigo. A
desilusão de alguns virá provavelmente devido ao pouco avanço na longa jornada
até à Montanha Solitária que ainda parece estar muito longe.
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