No âmbito do Arquiteturas Film Festival Lisboa, a Cinemateca Portuguesa apresentou, esta Quinta-feira, dois documentários onde a arquitectura é a palavra de ordem: Brasília, Contradições de uma Cidade Nova, de Joaquim Pedro de Andrade, e In Comparison, de Harun Farocki.
BRASÍLIA, CONTRADIÇÕES DE UMA CIDADE NOVA (1968)
BRASÍLIA, CONTRADIÇÕES DE UMA CIDADE NOVA (1968)
*7/10*
Imagens de Brasília no seu sexto ano e entrevistas a habitantes da capital, de diversas classes sociais. Uma pergunta estrutura o documentário: uma cidade inteiramente planeada, criada em nome do desenvolvimento nacional e da democratização da sociedade, poderia reproduzir as desigualdades e a opressão existentes em outras regiões do país?
É a partir desta questão que tudo nos é apresentado. O inicio da construção da cidade, tudo geometricamente planeado, arquitectonicamente estudado e executado. Mas depois vêm o resto: novos bairros nos arredores da cidade que não constavam nos planos.
Joaquim Pedro de Andrade tem aqui um belo documentário que nos dá a conhecer o início da cidade de Brasília, o sonho de cidade ideal e o acordar para a realidade mais crua. O tom político e a crítica que lhe é inerente pode, contudo, ser o ponto mais fraco deste Brasília, Contradições de uma Cidade Nova.
Joaquim Pedro de Andrade tem aqui um belo documentário que nos dá a conhecer o início da cidade de Brasília, o sonho de cidade ideal e o acordar para a realidade mais crua. O tom político e a crítica que lhe é inerente pode, contudo, ser o ponto mais fraco deste Brasília, Contradições de uma Cidade Nova.
IN COMPARISON (2009)
*8/10*
Segundo as palavras do realizador recentemente falecido, Harun Farocki, era sua intenção com In Comparison “propor um filme que contribua para o conceito do trabalho. Que compare o trabalho numa sociedade tradicional como África, com uma sociedade industrial recente como a Índia e com uma sociedade altamente industrializada na Europa ou no Japão. O objecto de comparação é o trabalho na construção de casas. Casas para viver.”
É nessa posição contemplativa e comparativa que a plateia se encontra. Não há narração explicativa, apenas algumas legendas que nos contextualizam. Aqui, apreendemos com a experiência, como se assistíssemos de perto à construção daquelas casas, hospitais, escolas, às técnicas mais ou menos artesanais de construção. Do trabalho do Homem, que tudo fabrica com as suas próprias mãos e com a ajuda de todos - homens, mulheres, crianças - às mais avançadas máquinas, ali está o trabalho, nas suas mais variadas formas, à frente dos nossos olhos. Farocki apresenta-nos as diferentes realidades, de local para local, para que possamos fazer esta comparação que o título sugere. Um curioso e bem concretizado exercício.
É nessa posição contemplativa e comparativa que a plateia se encontra. Não há narração explicativa, apenas algumas legendas que nos contextualizam. Aqui, apreendemos com a experiência, como se assistíssemos de perto à construção daquelas casas, hospitais, escolas, às técnicas mais ou menos artesanais de construção. Do trabalho do Homem, que tudo fabrica com as suas próprias mãos e com a ajuda de todos - homens, mulheres, crianças - às mais avançadas máquinas, ali está o trabalho, nas suas mais variadas formas, à frente dos nossos olhos. Farocki apresenta-nos as diferentes realidades, de local para local, para que possamos fazer esta comparação que o título sugere. Um curioso e bem concretizado exercício.
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