segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crítica: Selma - A Marcha da Liberdade (2014)

"We're not asking - we're demanding! Give us the vote!"
Martin Luther King Jr.

*6.5/10*

Os norte-americanos gostam de ver a sua história no grande ecrã, isso todos sabemos, e Selma é mais um dos exemplos disso mesmo. Desta vez, o protagonista é Martin Luther King e a sua luta pela igualdade de direitos entre negros e brancos, que já foi tantas vezes alvo de experiências cinematográficas. Realizado por uma mulher, Ava DuVernay, Selma: A Marcha da Liberdade não traz nada de novo ao mundo, mas pode ser um registo histórico-político curioso para os mais jovens - mesmo que, provavelmente, não seja dotado de total sinceridade no relato dos factos.

O filme debruça-se sobre a luta histórica de Martin Luther King Jr. contra a lei da segregação racial e pela defesa dos direitos civis da população negra norte-americana - uma campanha perigosa, que culminou com a marcha de Selma a Montgomery, e que galvanizou a opinião pública norte-americana a ponto de convencer o presidente Lyndon B. Johnson a aprovar a Lei do Direito de Voto em 1965.

O filme indigna pela História que relembra e faz-nos clamar pela igualdade de direitos, mas falta-lhe ser mais cru e não ter medo de mostrar tudo como realmente foi. O argumento de Paul Webb é simples e segue as linhas gerais dos acontecimentos reais, assentando muito na crença das suas personagens em Deus, da importância da família de King (especialmente a relação com a mulher) e nas escutas e registos do FBI daquela época.

Alguns planos intensos, um ou dois momentos incómodos e emotivos não chegam para elevar um pouco mais Selma: A Marcha da Liberdade. O espectador vai entrando no ritmo, especialmente na segunda metade, mas não vê nada de realmente novo. Na componente técnica, destaca-se contudo o bom trabalho da direcção de fotografia de Bradford Young que confere um ambiente especial às cenas que vemos no ecrã.


Por seu lado, as interpretações são um dos pontos mais fortes do filme, com um elenco de nomes sonantes como: David Oyelowo, Carmen Ejogo, Oprah Winfrey, Tom Wilkinson (na pele do Presidente Lyndon B. Johnson), Cuba Gooding Jr., Tim Roth ou Martin Sheen. Destaque para o protagonista: Oyelowo faz um trabalho competente, carismático e verdadeiramente empenhado na sua causa, ele teme pela vida dos que o acompanham e apoiam mas segue em frente com a audácia e persistência que sempre associamos a King. Oprah Winfrey surge poucos minutos na tela, mas a sua presença fica marcada pelo sofrimento e coragem da sua personagem, Annie Lee Cooper, que ambiciona conquistar os seus direitos - a cena inicial onde surge está carregada de uma carga dramática muito poderosa.

Selma: A Marcha da Liberdade é, acima de tudo, mais um retrato de um momento importante na história política dos Estados Unidos com um protagonista já muitas vezes vivido no cinema. Vale, especialmente, pelas fortes interpretações.

1 comentário:

Os Filmes de Frederico Daniel disse...

"Selma: A Marcha da Liberdade" é um filme demasiado longo, fazendo que se torne algo enfadonho e aborrecido. O filme é bom, é interessante e tem um bom elenco.
Mas "Selma" torna-se algo cansativo de ver devido a ser enorme, contudo recomendo que o vejam.
3*
Pode ler e/ou comentar a análise completa em: http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/03/selma-marcha-da-liberdade.html
Cumprimentos, Frederico Daniel.