quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MOTELx'15: Entrevistas - Vasco Esteves (Ermida)

MOTELx já começou, no passado dia 8 de Setembro, e para o Prémio MOV MOTELx – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2015, o único galardão do festival, estão a concorrer 10 curtas-metragens nacionais: A Tua Plateia, de Óscar FariaAndlit, de João Teixeira FigueiraErmida, de Vasco EstevesGasolina, de João TeixeiraInsónia, de Bernardo LimaMiami, de Simão Cayatte, Efeito Isaías, de Ramón de los SantosO Tesouro, de Paulo AraújoThe Bad Girl, de Ricardo Machado, The Last Nazi Hunter 2, de Carlos Silva.


Continuamos o percurso pelas curtas-metragens portuguesas em competição no MOTELx. Desta vez, vamos conhecer Ermida através do seu realizador, Vasco Esteves.

Os locais abandonados sempre suscitaram grande curiosidade entre crianças, jovens e mesmo adultos. É essa adrenalina da descoberta e dos mitos e lendas que pretende abordar em Ermida?
Vasco Esteves: Por um lado sim e por outro lado não. Há uma adrenalina muito grande e uma descarga emocional ainda maior quando, perante um possível primeiro amor, uma pessoa se entrega emocionalmente a outra. E por vezes, não estamos preparados para fazer algumas das descobertas que ocorrem durante esses primeiros passos na adolescência e muitas vezes precipitamo-nos um pouco contra a nossa vontade pessoal só porque sentimos que está na altura e que é suposto fazê-lo. São estes ímpetos contraditórios motivados pela descobertas e pelos avanços afectivos da adolescência que queríamos utilizar como pano de fundo para esta exploração do espaço vazio e interdito que é a Ermida.

As aventuras adolescentes e o medo parecem ser os principais ingredientes de Ermida. O que podemos exactamente esperar do filme?
V.E.: Podem esperar tudo isso! Um desejo de aventura e de entrega contraposto ao receio daquele espaço e das vontades sexuais latentes. Espero também conseguir causar um ou outro susto. É sempre uma agradável recompensa ver alguém saltar de medo na cadeira durante um filme de terror.

Como correu o processo de rodagem desta curta-metragem?
V.E.: A rodagem em si foi bastante rápida: um fim-de-semana, 3 dias de filmagens. A equipa era pequena e já nos conhecíamos a todos da Escola Superior de Teatro e Cinema, pelo que o ambiente foi bastante divertido, amigável e relaxado. Parte da equipa também já tinha trabalhado em conjunto na curta Maria de Joana Viegas (que esteve presente na edição anterior do MOTELx), o que fez com que todo o processo pudesse avançar nesse ritmo rápido e sem grandes obstáculos. No entanto, antes de filmar houve uma longa preparação dos produtores Raquel Santos e Guilherme Daniel (também argumentista), com quem me sentei inúmeras vezes durante os largos meses anteriores à rodagem para discutir tudo o que se passa no filme.

Qual é para o Vasco a importância de estar entre os seleccionados de 2015 para o Prémio MOV MOTELx? E o que o levou a submeter o seu filme?
V.E.: A selecção do filme para o MOTELx teve toda a importância. Adoro o cinema de terror e desde que vim estudar para Lisboa que faço parte da multidão que assiste a todos os filmes durante a semana do festival. Desde então que sonhava trazer uma obra ao festival. Para além disso, o MOTELx é um grande festival e particularmente no género do terror é o melhor em Portugal, pelo que se torna indispensável estrear qualquer filme de terror lá. Esta selecção é uma vitória muito pessoal.

Qual o papel dos festivais de cinema no campo da divulgação do cinema nacional? Que mais pensa que pode ser feito neste campo?
V.E.: Especialmente para as curtas-metragens que não conseguem ter acesso a outros locais físicos de exibição facilmente, os festivais de cinema são o principal local onde podem existir livremente. Mas as questões da divulgação são sempre muito complexas e dependem sempre se estamos a falar de curtas-metragens ou de longas-metragens. São dois formatos que exigem diferentes formas de exploração e consequentemente atingem diferentes formas de potencial máximo. Principalmente no campo das curtas-metragens acho que se poderiam retomar algumas iniciativas e práticas junto das salas de cinema e da televisão. Gosto muito do conceito de uma curta a anteceder uma longa-metragem numa sessão de cinema normal. Infelizmente, com as longas-metragens a atingir uma média de 2h00, é cada vez mais difícil introduzir uma curta que pode ter 5 a 20 minutos. Ainda assim seria muito mais proveitoso para o espectador ver uma curta que simplesmente aturar com 15 minutos de publicidade. Na televisão já lá vai o tempo em que se exibiam curtas-metragens. Talvez ainda exista um ou outro programa, mas são precisos mais e em diversos formatos. Seja em canais de sinal aberto ou canais por subscrição, este tipo de programação era e é fundamental para a divulgação de obras e autores. Mas muito mais pode ser feito, depende apenas da receptividade dos responsáveis pelos meios de exibição e da persistência dos cineastas.


Sinopse
Numa ermida abandonada uma adolescente entrega-se a um rapaz, incauta para o que se esconde nas sombras. 

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