quarta-feira, 29 de junho de 2016

Crítica: O Clube / El Club (2015)

*8/10*

A temática da pedofilia na Igreja é filmada por Pablo Larraín com secretismo e claustrofobia, ganhando um ritmo incrivelmente envolvente à medida que a acção se desenrola. O tema foi tabu durante muito tempo, mas o realizador chileno não teve medo de agarrar o assunto de frente.

Quatro homens, antigos padres, moram juntos numa casa isolada, numa pequena vila à beira mar. Foram enviados para este lugar para expiarem pecados do passado. Vivem sob um rigoroso regime, debaixo do olhar atento de uma vigilante, até que o equilíbrio desta rotina é interrompido pela chegada de um quinto homem, um companheiro recentemente caído em desgraça, trazendo com ele o passado que todos julgavam ter deixado para trás.

Um filme subtil mas muito perturbador, com o fantasma da pedofilia a pairar, sem cessar. O silêncio, a pena cumprida longe das autoridades legítimas para os punir, o passado que regressa e os atormenta, a capacidade de fazer os actos mais macabros para esconder a verdade. O Clube funciona sob um clima de opressão constante - das personagens e do espectador, revoltado.


Larraín continua a afirmar-se como um cineasta cheio de garra e personalidade. O Clube é duro, os planos opressivos, a linguagem é incómoda, brutal. Afinal, este "clube" é, como diz quem vem de fora, "um centro de oração e penitência" ou "uma cadeia", para os que lá vivem? E onde fica a justiça (Divina ou dos Homens)?

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