*6.5/10*
O cinema de terror indiano andou pelo MOTELx'16 e um dos títulos da programação foi Psycho Raman, de Anurag Kashyap. O filme estreou na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2016, e passa-se na Bombaim contemporânea.
Recorrendo à memória de Raman Raghav, um assassino que aterrorizou a cidade na década 60, o filme de Kashyap acompanha o percurso de um serial killer, Ramanna, que nele se inspira. Para além das mortes violentas que executa, desenvolve uma estranha obsessão com Raghavan, um jovem polícia de ética questionável. Ramanna segue-o sem que este se aperceba, criando situações para que se encontrem cara a cara. A partir desse momento, o assassino tem apenas um único objectivo na vida: obrigar Raghav a transgredir.
Psycho Raman tem um argumento original, que foge ao típico thriller policial, onde o bem e o mal são facilmente distinguíveis. Neste filme, não há bons. O mal percorre as personagens e não se prende apenas ao psicopata protagonista. Também o polícia revela um lado obscuro, uma espécie de dupla faceta, que o aproxima do criminoso que procura.
Anurag Kashyap aposta em especial no que fica por ver, na sugestão de uma violência brutal, mas que raramente se traduz em imagens. Os protagonistas são complexos, movidos por razões que nunca chegamos a compreender, o que torna todo o ambiente de Psycho Raman mais sinistro.
E se, por um lado, há uma espécie de humor subjacente na relação entre assassino e polícia, por outro as suas consequências são aterradoras. Nawazuddin Siddiqui, como Ramanna, merece todo o destaque pela sua interpretação perturbadora, desde as expressões faciais, aos gestos decididos e ausência de sentimentos.
Psycho Raman é, essencialmente, uma interessante surpresa vinda da Índia, com um terror incómodo, mas que, por vezes, parece não se levar suficientemente a sério.
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