sexta-feira, 7 de abril de 2017

Crítica: T2 Trainspotting (2017)

"Choose your future. Choose life."
Mark Renton



*9/10*

Os quatro anti-heróis de Trainspotting, de 1996, regressam 20 anos mais velhos para reencontrarem o público que os guardou para sempre na memória. Quatro vencidos da vida, quatro (ex-?)toxicodependentes. Para trás ficou a vida desregrada, frenética, a juventude inconsciente e sem limites.

"Primeiro houve uma oportunidade... depois uma traição." Eis o mote. Passaram-se 20 anos, Mark Renton (Ewan McGregor) regressa ao único lugar ao qual alguma vez chamou de casa. Eles estão à espera dele: Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Begbie (Robert Carlyle).


Mais adulto que o seu predecessor, T2 Trainspotting é como um velho amigo que não vemos há muito tempo e está de regresso. Do muito que possa ter mudado em duas décadas, o mais importante ficou na mesma: a amizade. Os conflitos sucedem-se, bem como as aventuras mais surreais, com Mark e Sick Boy ao comando, Spud como pacificador criativo e Begbie, incorrigível.

Os actores são os mesmos, com rugas e menos cabelo, mas o espírito manteve-se, os sorrisos, a personalidade forte e vícios. Danny Boyle também amadureceu - qual Boyhood com um intervalo de 20 anos - e concretiza um filme com uma aura mágica para quem cresceu com estas personagens. Deixa-nos saudosos da juventude e de sorriso trocista (e por vezes encantado com os quatro - também nossos - velhos amigos).


A banda sonora transporta-nos para o filme de 1996, agora com notas de nostalgia, desilusão, carinho, pessimismo e, ao mesmo tempo, identificação, num misto de emoções tão díspares e tão intensas. A realização recorda-nos excertos do passado dos quatro escoceses e mostra como, no fundo, pouco mudou, mantendo uma crítica social a pairar.

T2 Trainspotting é a nossa droga cinematográfica neste início de 2017. O reencontro soube-nos bem e as escolhas continuam a ser nossas. Nada como "Escolher a vida".

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