segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Crítica: It (2017)

"If you'll come with me, you'll float too." 
Georgie

*8/10*

Baseado no livro homónimo de Stephen King, It, realizado por Andy Muschietti, vem relembrar a todos que a maior fraqueza do Homem são os seus medos. Um filme de terror como já se tinha saudades, com um aterrador palhaço como vilão.

Muschietti consegue criar um ambiente onde o perigo espreita nas sarjetas e faz-se acompanhar por um balão vermelho, tornando pesado e aterrorizante o dia-a-dia dos protagonistas. As cores fortes e alegres do palhaço contrastam fortemente com o que ele simboliza em It. Olhos bem abertos e cuidado! É preciso aprender a distinguir o real da alucinação.

It conta a história de sete pré-adolescentes excluídos, que se auto-intitulam Clube dos Falhados. Cada um deles tem sido ostracizado e perseguido pelo grupo local de bullies… Todos eles já viram também os seus medos interiores ganharem vida, sob a forma de um predador antigo a que só conseguem chamar de It. Juntos durante um horrível, mas estimulante Verão, os “falhados” unem-se, de forma a acabar de vez com o ciclo de mortes que começa num dia chuvoso, com um pequeno rapaz a seguir um barco de papel, que é levado pela água para uma sarjeta e directamente para as mãos de Pennywise, o palhaço.


A curiosidade é o isco, o medo é o pecado, é desta forma que a cidade de Derry, no Maine, se vê assombrada há décadas por misteriosos desaparecimentos de crianças. Os adultos calam-se e preferem negar a realidade, os jovens sofrem na pele o fado desta cidade, mas alguém tem de ter a coragem de enfrentar o terror. A impassividade dos adultos cria uma revolta na plateia que quer ver os jovens em segurança.

A recriação do ambiente dos anos 80 é um dos pontos fortes de It, a que se junta o companheirismo entre o grupo de amigos que relembra outros filmes da década. A direcção de fotografia faz um trabalho excelente alternando entre o espaço bucólico e tranquilo onde as crianças brincam, sem preocupações, e o sombrio e decadente, onde os medos assombram e matam, e o perigo espreita desde os esgotos da cidade. It é um filme muito estético.

Por vezes, a montagem tira-nos o fôlego, sem dar descanso, percorrendo medos atrás de medos, atormentando cada uma das sete crianças - e a plateia. Em It, não há receio em mostrar sangue ou mortes brutais, nem mesmo com crianças por perto - mas, afinal, elas são mais fortes que muitos adultos.


No elenco, o casting dos jovens e vilão foi certeiro. Cria-se uma verdadeira ligação com os sete protagonistas, todos eles a revelarem-se excelentes actores. Sophia LillisJaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor e Finn Wolfhard merecem destaque. Bill Skarsgård como Pennywise é digno de elogios. Os seus olhos grandes e expressivos e lábios grossos - a reforçar o sorriso demoníaco adensado pela maquilhagem - são, provavelmente, os grandes responsáveis pelo temor que se sente ao olhar para o palhaço, os efeitos especiais e caracterização fazem o resto. Pennywise é verdadeiramente assustador na primeira cena em que surge. Depois disso já conhecemos o seu aspecto e as suas manhas, tememos, mais do que a sua forma, a ilusão que cria nas mentes mais inocentes.

O que torna It um filme de género acima da média muito se deve à equipa técnica, composta por nomes muito fortes: o director de fotografia é Chung-Hoon Chung (o mesmo de Oldboy - Velho Amigo, de 2003), o montador é Jason Ballantine (de Mad Max: Estrada da Fúria) e o guarda-roupa está a cargo de Janie Bryant (da série Mad Men).


Stephen King ganha assim mais uma boa adaptação cinematográfica (segundo dizem, já que ainda não li este livro) e para tal muito contribui também a equipa de argumentistas, com dois nomes sonantes Gary Dauberman (Annabelle e Annabelle 2: A Criação do Mal) e Cary Fukunaga (realizador de True Detective, Beasts of No Nation e Jane Eyre), e um estreante nas longas, Chase Palmer. Não é o melhor de sempre, mas é um bom filme de terror.

1 comentário:

Os Filmes de Frederico Daniel disse...

It: 5*

O filme é excelente e e deixou-me com os nervos à flor da pele, recomendo.

Cumprimentos, Frederico Daniel.