domingo, 28 de fevereiro de 2021

Crítica: Framing Britney Spears (2021)

*7/10*

Framing Britney Spears, de Samantha Stark, é um dos documentários mais esperados desta temporada. O filme traça o percurso da cantora, dos primeiros trabalhos em criança à ascensão e queda, a relação com os paparazzi, com a família, os relacionamentos amorosos e, principalmente, o processo de tutela de que é alvo desde 2008. 

Através de testemunhos de fãs, jornalistas, advogados e pessoas próximas com quem trabalhou, Framing Britney Spears junta-nos ao movimento #FreeBritney e, também nós, vamos querer libertar a cantora desta tutela muito mal justificada.

"O seu acesso à meca da pop foi um fenómeno global. A sua queda um cruel desporto nacional. Revemos a trajectória de Britney Spears, incluindo a sua etapa de maior popularidade nos anos 90 e 2000, abordando a série de acontecimentos que levaram a que em 2008 perdesse o controlo da sua vida e passa-se a ser tutelada a partir dessa altura pelo seu pai. Hoje em dia, a cantora de 39 anos não pode dispor livremente do seu dinheiro ou assinar nenhum documento sem autorização prévia, o que a levou a uma árdua batalha judicial contra o seu pai. Produzido pelo The New York Times, este documentário explora a base legal da tutela, a fervorosa base de fãs que estão convencidos que Britney deveria ser libertada da tutela (e que lideram o movimento #FreeBritney), e revê o tratamento questionável que os meios de comunicação revelaram durante a carreira da estrela da pop."

Para além do carácter biográfico de Framing Britney Spears e, de certa forma, do documentário servir como arma para os defensores da cantora, Samantha Stark consegue traçar um curioso retrato de como se tratavam as mulheres no início dos anos 2000. Britney cresceu no meio da fama, atingiu o estrelato como poucos, foi admirada e ostracizada pelos media na mesma medida, e a sua autonomia começou desde cedo a ser posta em causa.


A jovem marcou uma era onde apenas as boy bands singravam. As mulheres eram constantemente avaliadas ou questionadas sobre temas que nunca seriam questão para um homem. E se, inicialmente, Britney era o modelo de virtudes que os media e a sociedade idealizavam, assim que se começa a emancipar enquanto mulher, todos a atacam e escrutinam a sua vida. Há uma misoginia camuflada na sociedade norte-americana que se revela se olharmos para toda a história de Spears. No virar do século ainda não havia movimento #MeToo.

O documentário pretende ainda compreender o processo de tutela que comanda a vida da cantora há mais de 12 anos. Britney Spears está impedida de tomar decisões sobre o seu dinheiro, bens ou carreira. Sabe-se pouco sobre a decisão de 2008 e, ainda menos, o que tem acontecido nos anos que se seguiram. Em 2020, compreendemos finalmente que a cantora não quer mesmo ser tutelada pelo pai e o caso segue em tribunal.


Framing Britney Spears
é um documentário sobre a ascensão e queda de uma estrela, mas é principalmente sobre a importância da saúde mental, do feminismo e igualdade de género no funcionamento das sociedades modernas.

2 comentários:

Patty disse...

A Britney marcou a minha infância mas ainda não vi o documentário... Tenho mesmo de ver!

https://by-pattyy.blogspot.com/

Inês Moreira Santos disse...

Olá Patty. Obrigada pelo te comentário. Recomendo, especialmente para quem a acompanhou desde o início!