sexta-feira, 9 de abril de 2021

Crítica: A Viagem de Monalisa / The Journey of Monalisa (2019)

*7/10*

O documentário A Viagem de Monalisa, de Nicole Costa, segue o percurso do performer e escritor chileno Iván Monalisa, e aborda a temática da identidade de género, autodescoberta e imigração. 

Iván Monalisa abraça totalmente a sua dupla identidade: o masculino Iván, e a diva travesti e trabalhadora do sexo Monalisa. Do reencontro com a ex-colega de faculdade, a cineasta Nicole Costa, surge a oportunidade de uma jornada pelo quotidiano de sexo, drogas e poesia deste imigrante transgénero sem documentos - bem como os esforços pela legalização nos Estados Unidos. 

As ruas de Nova Iorque revelaram Monalisa e fizeram Iván expressar-se como nunca havia conseguido no Chile. O escritor desfila pelas ruas com confiança e carisma, sem receios ou arrependimentos, e Nicole regista esses momentos, ao mesmo tempo que quer recuperar o que aconteceu ao longo dos quase 20 anos em que estiveram desencontrados.

A Viagem de Monalisa é um documentário biográfico que nos apresenta Iván Monalisa, recorrendo a imagens do tempo da universidade, vídeos gravados nos primeiros anos nos EUA, testemunhos de amigos e professores, poemas e textos do protagonista, num registo extremamente íntimo e sem tabus. É um mergulho na vida nocturna de Nova Iorque, dos espectáculos de travestis, mas também da prostituição e do consumo de droga.

A troca de mensagens telefónicas entre a realizadora e o escritor contam parte da história e acompanham as valiosas imagens de arquivo, ao mesmo tempo que se juntam a testemunhos sinceros do protagonista.

Em A Viagem de Monalisa, Nicole Costa apresenta o talento, a jornada de superação e reencontro pessoal de um amigo, explorando, com sinceridade e crueza, as dificuldades de ser-se imigrante ilegal, toxicodependente e parte da comunidade LGBTQ+ nos Estados Unidos da América.

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