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quinta-feira, 21 de abril de 2022

Crítica: O Evangelho segundo São Mateus / Il vangelo secondo Matteo (1964)

"Many are called, but few are chosen."

Cristo

*8/10*

De regresso às salas de cinema em versão restaurada, por ocasião do centenário do nascimento de Pier Paolo PasoliniO Evangelho segundo São Mateus continua a ser um dos mais icónicos títulos sobre a vida de Jesus.

"O Evangelho segundo São Mateus trata-se de um drama bíblico inovadoramente naturalista e despojado. Nesta obra maior, o realizador italiano Pier Paolo Pasolini apresenta-nos um Cristo completamente distinto do estilo ‘épico’ com que o cinema o vinha caracterizando; um Cristo solar que se faz acompanhar da música de Bach, enquanto a Virgem é interpretada pela mãe do próprio autor."

Com um elenco maioritariamente de actores amadores, a obra de Pasolini é fiel à Bíblia, e detém uma simplicidade pouco comum nos filmes com a mesma temática. A escolha do protagonista, Enrique Irazoqui, totalmente desconhecido à época (um estudante espanhol de literatura, que havia feito tese sobre uma obra de Pasolini), foi certeira, com o carisma inesperado que se espera da personagem, uma presença inquietante e revolucionária, de olhar pacificador.

Cenários e banda sonora, tão simples como certeiros, dão à imagem, a preto e branco, tudo o que precisa para além dos diálogos. A câmara de Pasolini segue Cristo tal qual os seus apóstolos, e regista palavras e gestos, milagres e provações.

O Evangelho segundo São Mateus é uma experiência cinematográfica minimalista e fiel da história bíblica, pela mão de um realizador progressista e ateu.

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